sexta-feira, novembro 04, 2022

TAP passa de prejuízos a lucros de 111,3 milhões de euros no terceiro trimestre



A companhia amealhou receitas 7,5% acima de 2019 entre julho e setembro, à boleia da recuperação do turismo da subida dos preços das tarifas. Resultado dos primeiros nove meses continua negativo com prejuízo de 91 milhões de euros. As contas da TAP no terceiro trimestre do ano passaram para o verde, com lucros de 111,3 milhões de euros entre julho e setembro, uma melhoria de 182,8% face aos prejuízos de 134,5 milhões de euros registados em igual período de 2021 de acordo com o comunicado divulgado pela companhia esta quarta-feira, 02, junto da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

O resultado líquido dos primeiros nove meses do ano continua em terreno negativo mas as perdas caíram para 90,8 milhões de euros, uma recuperação de 85,5% comparativamente com o período homólogo (627,6 milhões de euros de prejuízos). Já receitas da companhia totalizaram 2.440,1 milhões de euros nos entre janeiro e setembro, um disparo de 195,1% face aos primeiros nove meses de 2021. Olhando para o trimestre as receitas superam em 7,5% o pré-pandemia (1,1 milhões de euros). O aumento dos preços e do número de passageiros justificam esta recuperação.

"A TAP está a confirmar a solidez do seu desempenho no terceiro trimestre, com todas as métricas financeiras acima dos níveis pré-crise, apesar do aumento dos custos de combustível. A procura para o quarto trimestre mantém-se bastante forte, suportando as expetativas de um bom resultado acumulado até final do ano", refere a CEO Christine Ourmières-Widener. O EBITDA (resultados antes de juros, impostos, amortizações e depreciações) recorrente totalizou 280,1 milhões de euros no trimestre e passou para o verde desde o início do ano, somando 510,6 milhões de euros que comparam com os -99,1 milhões de euros dos primeiros nove meses de 2021.

O resultado operacional, medido pelo EBIT, também voltou para terreno positivo no acumulado ano, com 145,5 milhões de euros (-423,2 milhões de euros em 2021). A dívida financeira líquida da transportadora encolheu para 845,4 milhões de euros no final de setembro face aos 2.351,2 milhões de euros registados no mesmo mês do ano passado.

Combustível faz disparar custos operacionais

O preço do combustível, que disparou 292% até setembro face a 2021, para 781 milhões de euros, continua a pesar na fatura da companhia e beliscar os custos operacionais que, no acumulado do ano, subiram 83,6% para 2.294,6 milhões de euros. "O custo com combustível mais do que triplicou [no terceiro trimestre], aumentando 269,9 milhões de euros numa base anual para 371,9 milhões. de euros Apesar de ter gerado um efeito positivo de 15,9 milhões de euros, a estratégia de cobertura apenas conseguiu reduzir de forma marginal o efeito dos preços de mercado do jet fuel mais elevados, que contribuíram com 153 milhões de euros para o aumento do custo com combustível", justifica a TAP. Os custos operacionais com tráfego até setembro também pesaram mais 113% nas contas da empresa bem como os gastos com materiais consumidos (+273%) e com a manutenção de aeronaves (+55,6%).

Já as despesas com pessoal aumentaram 15% no terceiro trimestre para 106,6 milhões de euros, mantendo-se praticamente iguais no conjunto dos nove primeiros meses do ano, totalizando 294,3 milhões de euros, uma redução ligeira de 0,2% face a 2021. No total, a TAP conta atualmente com 7024 trabalhadores, mais 334 do que no mesmo período do ano passado.

Até setembro a TAP transportou 10144 passageiros, mais 6716 do que em 2021. Olhando apenas para os últimos três meses "o número de passageiros transportados duplicou, em comparação com o mesmo período de 2021, atingindo 85% dos níveis de igual período de 2019. Adicionalmente, durante este período, a TAP operou uma vez e meia o número de voos de 2021, ou 81% das partidas de 2019".

As receitas com o transporte de passageiros ascenderam a 2.154,6 milhões de euros até setembro (608,8 milhões de euros em 2021) e também o segmento de carga e correio registou uma melhoria no ano de +21,5% para 196,3 milhões de euros.

Apesar da recuperação, a CEO da TAP sublinha que "a visibilidade para o próximo ano é, no entanto, ainda limitada" e, atendendo às incertezas da atual conjuntura, a responsável refere ser crucial manter o foco "no plano estratégico" que, diz "tem, até agora, provado ser eficaz".

"Os próximos passos decisivos a tomar são: levar a cabo discussões produtivas com os nossos parceiros laborais para a criação de Acordos Coletivos de Trabalho mais modernos, melhorar as nossas operações e a qualidade do nosso serviço com o envolvimento de todos os stakeholders, a constante negociação de todos os nossos contratos com terceiros e a cuidada preparação do próximo ano", destaca Christine Ourmières-Widener. Recorde-se que a TAP iniciou em setembro as negociações com vários sindicatos para fechar novos Acordos de Empresa. Os tripulantes e os pilotos da TAP e da Portugália já receberam uma primeira versão deste acordo e, esta semana, iniciam os encontros com os técnicos de manutenção (Dinheiro Vivo, texto da jornalista Rute Simão)

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