A qualidade e a duração da proteção das pessoas ao vírus SARS-CoV2 afetará a transmissão do vírus e determinará o curso da pandemia. A par da vacinação mundial, já levada a cabo em tantos países, será que ter o vírus uma única vez é suficiente para estarmos imunes à doença? A verdade é que, embora rara, a reinfeção de Covid-19 pode mesmo acontecer, avança a Bloomberg. De acordo com pesquisas recentes, avançadas pela agência, embora seja muito pouco provável contrairmos a doença por uma segunda vez, especialmente entre adultos jovens, as variantes de rápida disseminação, relatadas pela primeira vez no Brasil e na África do Sul, parecem aumentar o risco de reinfeção.
Quantos
casos de reinfecção foram confirmados?
Portugal teve o seu primeiro caso de reinfeção comprovado no final do mês de Dezembro, detetado numa profissional de saúde do norte do país. Dois meses separaram a primeira da segunda infeção. Ao todo, no mundo estão já confirmados 71 casos de pessoas reinfectadas, de acordo com a agência de notícias holandesa BNO News, que faz a contagem regular. Quando comparado com os mais de 135 milhões de casos confirmados de Covid-19, no total, pode parecer pouco, mas os números podem ser superiores, tendo em conta os casos assintomáticos. Estimam-se que, no total, possam ser mais de 30 mil as pessoas reinfectadas.
A
Dinamarca, por exemplo, usou o serviço nacional de saúde do país para testar
casos de reinfeção em cerca de 4 milhões de pessoas (ou 69% da população). De
acordo com um estudo publicado a 17 de Março no jornal médico Lancet, 0,65% das
pessoas que já tinham testado positivo durante a primeira vaga de Covid-19 na
Dinamarca voltaram a testar positivo.
Quem
está mais protegido de uma reinfeção?
A
maioria da população estará protegida, embora os idosos não tanto. O estudo
dinamarquês estimou a imunidade em cerca de 80% das pessoas com menos de 65
anos, mas caiu para cerca de 47% nos que têm 65 anos ou mais.
A
idade é um fator de risco?
Os
investigadores dinamarqueses descobriram que as mudanças naturais no sistema
imunitário relacionadas com a idade, podem, de facto, apresentar um maior risco
nas pessoas mais velhas, avança a Bloomberg. As mudanças afetam vários
componentes do sistema imunitário, o que torna os idosos mais suscetíveis a uma
série de doenças infeciosas.
Quanto
tempo dura a imunidade?
A
proteção dura, em média, sete meses após uma infeção inicial por SARS-CoV2,
segundo uma pesquisa com mais de 25 mil profissionais de saúde do Reino Unido
que foram testados a cada duas a quatro semanas. O estudo, publicado a 9 de
abril no Lancet, e citado pela Bloomberg, avançou mesmo que uma primeira infeção
reduziu a incidência de uma segunda infeção em pelo menos 84%.
As
variantes aumentam o risco de reinfeção?
Sim.
Duas variantes do SARS-CoV-2 de disseminação rápida em particular foram
associadas a um aumento do risco de reinfeção, particularmente a de Manaus e a
de África do Sul. Das duas, a P1, do Brasil, parece ser a mais provável de
causar reinfeção – os investigadores estimam que seja 2,5 vezes mais
transmissível do que a variante que circulava anteriormente, com uma probabilidade
média de reinfeção de 6,4 %.
O que
dizem as reinfeções sobre a eficácia de uma vacina?
Não há
dados que comprovem uma relação direta. Uma teoria é que o sistema imunitário
exige um grande desafio para estar adequadamente preparado para enfrentar o
vírus novamente. As vacinas parecem ser mais eficazes nessa luta, e não
necessariamente apenas na produção de anticorpos. Embora a prevenção da infeção
com o SARS-CoV2 seja o objetivo final, os investigadores dizem que uma vacina
que protege contra doenças é muito útil (Executive Digest)
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