terça-feira, abril 20, 2021

Reinfecção: Podemos mesmo apanhar Covid duas vezes?

 

A qualidade e a duração da proteção das pessoas ao vírus SARS-CoV2 afetará a transmissão do vírus e determinará o curso da pandemia. A par da vacinação mundial, já levada a cabo em tantos países, será que ter o vírus uma única vez é suficiente para estarmos imunes à doença? A verdade é que, embora rara, a reinfeção de Covid-19 pode mesmo acontecer, avança a Bloomberg. De acordo com pesquisas recentes, avançadas pela agência, embora seja muito pouco provável contrairmos a doença por uma segunda vez, especialmente entre adultos jovens, as variantes de rápida disseminação, relatadas pela primeira vez no Brasil e na África do Sul, parecem aumentar o risco de reinfeção.

Quantos casos de reinfecção foram confirmados?

Portugal teve o seu primeiro caso de reinfeção comprovado no final do mês de Dezembro, detetado numa profissional de saúde do norte do país. Dois meses separaram a primeira da segunda infeção. Ao todo, no mundo estão já confirmados 71 casos de pessoas reinfectadas, de acordo com a agência de notícias holandesa BNO News, que faz a contagem regular. Quando comparado com os mais de 135 milhões de casos confirmados de Covid-19, no total, pode parecer pouco, mas os números podem ser superiores, tendo em conta os casos assintomáticos. Estimam-se que, no total, possam ser mais de 30 mil as pessoas reinfectadas.

A Dinamarca, por exemplo, usou o serviço nacional de saúde do país para testar casos de reinfeção em cerca de 4 milhões de pessoas (ou 69% da população). De acordo com um estudo publicado a 17 de Março no jornal médico Lancet, 0,65% das pessoas que já tinham testado positivo durante a primeira vaga de Covid-19 na Dinamarca voltaram a testar positivo.

Quem está mais protegido de uma reinfeção?

A maioria da população estará protegida, embora os idosos não tanto. O estudo dinamarquês estimou a imunidade em cerca de 80% das pessoas com menos de 65 anos, mas caiu para cerca de 47% nos que têm 65 anos ou mais.

A idade é um fator de risco?

Os investigadores dinamarqueses descobriram que as mudanças naturais no sistema imunitário relacionadas com a idade, podem, de facto, apresentar um maior risco nas pessoas mais velhas, avança a Bloomberg. As mudanças afetam vários componentes do sistema imunitário, o que torna os idosos mais suscetíveis a uma série de doenças infeciosas.

Quanto tempo dura a imunidade?

A proteção dura, em média, sete meses após uma infeção inicial por SARS-CoV2, segundo uma pesquisa com mais de 25 mil profissionais de saúde do Reino Unido que foram testados a cada duas a quatro semanas. O estudo, publicado a 9 de abril no Lancet, e citado pela Bloomberg, avançou mesmo que uma primeira infeção reduziu a incidência de uma segunda infeção em pelo menos 84%.

As variantes aumentam o risco de reinfeção?

Sim. Duas variantes do SARS-CoV-2 de disseminação rápida em particular foram associadas a um aumento do risco de reinfeção, particularmente a de Manaus e a de África do Sul. Das duas, a P1, do Brasil, parece ser a mais provável de causar reinfeção – os investigadores estimam que seja 2,5 vezes mais transmissível do que a variante que circulava anteriormente, com uma probabilidade média de reinfeção de 6,4 %.

O que dizem as reinfeções sobre a eficácia de uma vacina?

Não há dados que comprovem uma relação direta. Uma teoria é que o sistema imunitário exige um grande desafio para estar adequadamente preparado para enfrentar o vírus novamente. As vacinas parecem ser mais eficazes nessa luta, e não necessariamente apenas na produção de anticorpos. Embora a prevenção da infeção com o SARS-CoV2 seja o objetivo final, os investigadores dizem que uma vacina que protege contra doenças é muito útil (Executive Digest)

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