terça-feira, abril 20, 2021

10 razões científicas por que o Covid se transmite pelo ar

 

Embora os Governos de todo o mundo recomendem atividades ao ar livre para diminuir a probabilidade de contágio de Covid-19, o consenso não é claro entre os cientistas, com um intenso debate em aberto sobre o tema.

Nenhuma autoridade de saúde, nomeadamente a própria Organização Mundial da Saúde (OMS), nega que existam infeções transmitidas pelo ar, ou seja, por respirar partículas virais que permanecem suspensas no ar após terem sido expelidas por uma pessoa infetada ao falar ou tossir. Mas a controvérsia permanece, com muitos dos especialistas a defender que a principal via de infeção são as gotículas que entram em contacto direto com a pessoa.

A propósito, a revista científica The Lancet publicou um artigo, citado pelo El País, que compila as 10 razões científicas que sustentam porque é que o Covid se transmitir pelo ar. Para os cientistas que assinam o artigo, de universidades como Oxford, Califórnia e Toronto, esta conclusão “é preocupante pelas implicações para a saúde pública”, já que não é a mesma coisa que lidar com umas gotas que caem no solo.

Eventos de alta propagação

Situações em que muitas pessoas são infetadas no mesmo ambiente são consideradas uma das principais causas da pandemia. A análise de infeções massivas em cruzeiros, restaurantes, lares e instalações prisionais sugere que a via aérea desempenha um papel determinante nestes casos, “que não pode ser explicado adequadamente por gotículas ou superfícies contaminadas”, segundo os cientistas.

Contágio de longo alcance

A Nova Zelândia confirmou um contágio entre duas pessoas que se chegaram sequer a cruzar, causado por má ventilação de um hotel onde estavam várias pessoas em quarentena.

Transmissão assintomática ou pré-sintomática

O contágio por parte de pessoas sem sintomas sustenta, segundo os cientistas, “um modo de transmissão predominantemente aéreo”, uma vez que “medições diretas mostram que falar produz milhares de partículas para o ar”.

Ambientes interiores

Desde o início da pandemia que se sabe que os ambientes interiores são cerca de 20 vezes mais propensos a causar infeções do que ao ar livre. E que o risco é significativamente reduzido pela ventilação interna, o que sugere a existência de uma rota de transmissão aérea, que se dissolve com o ar circulante.

Infeções em hospitais

Contágios em centros médicos, onde se aplicam estritas precauções contra o contacto direto, mas não tanto contra o contágio por partículas microscópicas em suspensão que podem ser inaladas.

Ar contaminado

Experiências determinaram que o SARS-CoV-2 permaneceu infecioso no ar por até três horas e cinco metros de um paciente. Há outros estudos que não conseguiram apanhar amostras aéreas que pudessem ser cultivadas, ou seja, que mostram a capacidade de se espalhar. Essa é uma das principais questões que levanta dúvidas: a ausência de evidências sólidas de vírus que se espalham pelo ar. Os signatários do artigo reconhecem que a amostra de vírus transmitidos pelo ar é um desafio técnico e dão um exemplo: “O sarampo e a tuberculose, duas doenças principalmente transmitidas pelo ar, nunca foram cultivadas a partir do ar ambiente”.

Filtros de ar

Os cientistas encontraram evidências do coronavírus em sistemas de ar condicionado ou condutas de ar dos edifícios, “lugares que só poderiam ser alcançados por partículas”. Além disso, o uso desses vestígios de coronavírus em filtros de ar está a ser inclusivamente investigado como um sistema de alerta para a presença de infeções numa determinada região.

Animais enjaulados

Vários estudos testaram infeções entre furões e outros animais que estavam em gaiolas separadas e que só podem ser explicadas pela transmissão aérea.

Provas contra

Os cientistas admitem um “calcanhar de Aquiles”, como refere o El País. É verdade que muitas pessoas não ficam infetadas depois de partilharem o ar com pessoas infetadas, como acontece com outras doenças mais contagiosas pelo ar, como o sarampo. “Esta situação pode ser explicada por uma combinação de fatores”, justificam, avançando como causa as diferentes cargas virais dos indivíduos e das condições ambientais.

Outras vias de transmissão

Os cientistas reconhecem que há evidências, mais limitadas, sobre as outras duas possíveis vias de infeção: gotículas respiratórias e contacto com superfícies. As autoridades de saúde reconhecem que o último, tocar em objetos contaminados, é raro, senão muito improvável. As gotículas explicariam melhor os contágios por proximidade, ainda que o ar seja também uma evidente via de transmissão, pois concentram-se em maior quantidade perto da pessoa que as expele (Executive Digest)

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