Quando faltam menos de dois meses para as
presidenciais, não parece haver margem para surpresas: Marcelo Rebelo de Sousa
continua em primeiro (62,1%) e com uma vantagem de 45 pontos sobre Ana Gomes
(16,3%). Dúvidas só sobre a dimensão da abstenção e como poderá influenciar o
resultado.
Os indicadores do barómetro da Aximage para o JN e a
TSF não são animadores: pouco mais de metade dos eleitores atribui uma
importância "grande" a estas eleições; e há quem condicione a saída
para votar à evolução da pandemia.
Será, provavelmente, o principal desafio dos
candidatos para as eleições do próximo dia 24 de janeiro: convencer os
eleitores a sair de casa e a votar. Os antecedentes não são prometedores. Basta
lembrar as últimas quatro eleições e os dois últimos presidentes, Jorge Sampaio
e Cavaco Silva. A abstenção subiu sempre pelo menos 15 pontos percentuais do
primeiro para o segundo mandato. No caso de Marcelo, o ponto de partida são os
51% de abstenção de 2016.
ABSTENÇÃO DEVERÁ SER ALTA
Tal como os antecedentes eleitorais, os sinais que chegam dos eleitores também não são favoráveis. De acordo com o barómetro da Aximage, a taxa de abstenção poderá aproximar-se dos 60%. Mas pode ser pior, uma vez que cerca de 10% dos que afirmam a sua intenção de votar também vão ficar à espera de ver como evoluiu o número de infetados com covid-19.
SOCIALISTAS COM MARCELO
No que diz respeito a projeções de resultados
eleitorais, ficou tudo igual de outubro para novembro: Marcelo mantém os mesmos
45 pontos de vantagem sobre Ana Gomes; e os restantes permanecem nas mesmas
posições relativas, embora haja a notar a descida de um ponto de André Ventura,
em contraponto com subida semelhante de Marisa Matias, o que permite adivinhar
uma luta mais acesa pelo terceiro lugar.
Também na composição de voto há características que se
mantêm inalteradas. A mais importante de todas, porque retira competitividade
aos candidatos à Esquerda, é que Marcelo continua a contar com um apoio massivo
entre os eleitores socialistas: 68,2%. O PS é, aliás, o único caso em que,
havendo um candidato ligado ao partido (Ana Gomes não tem apoio oficial, mas é
militante socialista), os seus eleitores preferem um candidato diferente. Ainda
que em proporções diferentes, Marisa Matias (BE), João Ferreira (CDU), Tiago
Mayan (Iniciativa Liberal) e André Ventura (Chega) estão no topo da preferência
dos eleitores dos partidos de origem. v
André Ventura
Só há um candidato que consegue reter tanto apoio como
Marcelo no partido de origem: André Ventura, no Chega (79,3%).
Marisa e João Ferreira
Marisa Matias (BE) e João Ferreira (PCP) são os
preferidos dos eleitores dos seus partidos. Mas, num caso como no outro, rondam
apenas um terço.
Ana Gomes não está a ser capaz de convencer os
eleitores socialistas. A fatia que a candidatura atrai é pouco maior do que
consegue entre os do BE e do PAN.
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