Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, deu instruções para a colocação de ecrãs gigantes em várias ruas do país, com o objetivo de exibir o mais recente episódio da série animada ‘SuperBigote’ (SuperBigode, em português), que tem como protagonista o próprio chefe de Estado. No episódio, Maduro enfrenta Elon Musk, que é apresentado como um vilão interessado em controlar a mente dos venezuelanos. Segundo a narrativa do programa, o herói, personificado por Maduro, combate o empresário com a ajuda de uma intervenção divina que o envia para Marte.
Esta nova fase da série animada, que começou a ser transmitida pelo governo venezuelano em 2021, tem gerado reações diversas nas redes sociais. Internautas venezuelanos criticam a iniciativa com ironia, questionando as prioridades do governo num país onde a crise económica e social persiste. “Em vez de resolver os problemas urgentes do país, parece que o foco está em melhorar a imagem presidencial”, comentou um utilizador nas redes sociais, perante a instalação dos ecrãs, noticiada pela Cadena Ser.
A série SuperBigote, amplamente vista como uma peça de propaganda política, representa Maduro como um salvador que enfrenta várias ameaças externas e internas ao país, reforçando a sua figura como líder incontestado. O conteúdo da série tem gerado tanto apoio de sectores pró-governamentais como críticas da oposição, que veem nela uma tentativa de distração face aos graves problemas económicos que afetam a Venezuela.
Paralelamente à exibição da série, o governo de Maduro também está a intensificar a repressão contra a oposição. Esta semana, o presidente anunciou que as forças de segurança estão a realizar operações para capturar “criminosos” supostamente ligados à coligação opositora Plataforma Unitaria Democrática (PUD). Segundo Maduro, os opositores têm sido responsáveis por planos “fascistas e diabólicos” contra o seu governo.
“Nas próximas horas e dias, vamos revelar os planos criminosos que estamos a desmantelar em tempo real e os criminosos que estamos a capturar”, afirmou Maduro num discurso transmitido pela televisão estatal. O presidente fez questão de sublinhar que o governo conta com uma rede de inteligência eficaz, que inclui apoio de “amigos extraordinários de outros países”, para prevenir estas ameaças. “Primeiro prendemos, depois damos a informação ao povo”, afirmou, referindo-se ao facto de não poder revelar mais detalhes enquanto as investigações não estiverem concluídas.
Maduro voltou a fazer acusações contra figuras proeminentes da oposição, como María Corina Machado, uma das líderes da coligação PUD, e Edmundo González Urrutia, ex-candidato presidencial. Ambos têm sido alvo de críticas por parte do governo desde que denunciaram fraude nas últimas eleições, nas quais Maduro foi declarado vencedor. Tanto Machado quanto González Urrutia encontram-se em paradeiro desconhecido, após alegarem que o resultado eleitoral foi manipulado (Executive Digest, texto do jornalista Pedro Zagacho Goncalves)
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