quarta-feira, abril 22, 2020

Covid-19 acentua fragmentação política em Itália, onde cresce o sentimento «anti-UE»

A pandemia do novo coronavírus tem acentuado a fragmentação política em Itália, impulsionando a intervenção dos vários partidos e desafiando a posição do país na Europa, de acordo com a ‘CNBC’. A Itália regista o maior número de mortes na Europa, causadas pelo surto da Covid-19, e tem apelado aos parceiros que a apoiem financeiramente, para que seja possível combater o impacto da crise de saúde pública. No entanto, as nações do norte da Europa mostram-se relutantes em apoiar o governo italiano, um facto que alimentou um debate tenso em Roma. «É um debate em grande parte separado da realidade», disse esta terça-feira Wolfango Piccoli, co-presidente da consultoria de risco Teneo, citado pela ‘CNBC’. No entanto, «o debate foi útil tanto para o primeiro-ministro como para a oposição», disse Piccoli, sugerindo que serviu para desviar a atenção da «má gestão da crise de saúde» e da estratégia de uma recuperação económica no país, uma vez que se centrou nas soluções da União Europeia para resgatar países como Itália, onde a crise da saúde causou um profundo impacto económico. Itália anunciou cerca de 16 biliões de euros em medidas fiscais imediatas para tentar apoiar a sua economia. No entanto, com uma dívida pública de cerca de 130% do PIB, o governo tem ficado aquém ao fornecer um pacote de estímulos que se prevê que afunde ainda mais a sua economia.

Os ministros das finanças da zona euro concordaram com um pacote fiscal para o bloco de até 240 biliões de euros, o que inclui uma linha de crédito através do seu fundo, o Mecanismo Europeu de Estabilidade (ESM, na sigla em inglês).
Isto significa que Itália, como qualquer outro país atingido pelo coronavírus, poderia recorrer a empréstimos do ESM para apoiar sua economia, em vez de explorar os mercados financeiros. Contudo, os partidos anti-UE italianos opõem-se a estes empréstimos, argumentando que o dinheiro colocaria em questão a soberania da Itália e resultaria em novas medidas de austeridade.
Como resultado, o primeiro ministro italiano Giuseppe Conte enfrenta uma escolha difícil: ou solicita um empréstimo ao ESM, contrariando a opinião dos partidos; ou recusa o dinheiro, o que poderia intensificar o sentimento anti-UE, numa altura em que um número crescente de italianos questiona a sua participação no bloco.
Num estudo realizado no início deste mês, pela Tecnè, um grupo de consultoria italiano, 42% dos inquiridos disseram querer sair da União Europeia, num aumento de 26% face a Novembro de 2018.
Importa ainda reter que as últimas intenções de voto apontam para um crescente apoio aos partidos anti-imigração e anti-UE, de acordo com dados apurados pelo ‘Politico’ (Executive Digest, por Simone Silva)

Sem comentários: