sexta-feira, fevereiro 14, 2020

Sondagem: Quatro meses após as legislativas, Chega dispara e o PS cai

Se houvesse agora eleições antecipadas, o Chega seria a grande surpresa: o partido de André Ventura tem 6% das intenções de voto, na sondagem Expresso/SIC, realizada pelo ISCTE e ICS. Na prática, seria uma subida de 4,7 pontos face às legislativas de outubro, fazendo adivinhar uma representação parlamentar bem maior do que a de hoje. De resto, neste inquérito, o Chega passa para quinto partido mais votado, ultrapassando quer o CDS, quer o PAN - dois partidos que se mantêm estáveis nos 4% e 3% que obtiveram em outubro. Registe, mesmo assim, que o trabalho de campo foi realizado enquanto os centristas escolhiam o seu novo líder, pelo que o "efeito Francisco Rodrigues dos Santos" não foi ainda medido.

Na sondagem - que será desenvolvida e detalhada na edição de sábado do Expresso - quem vai em sentido contrário é o PS, descendo para os 33% e ficando apenas com cinco pontos de vantagem face ao PSD. Olhando para os últimos registos, fica claro como os socialistas estão em perda: estes 33% estão 3,3 pontos percentuais abaixo do resultado de outubro, nove pontos abaixo da intenção de voto que o PS chegou a ter durante a campanha e acabam por ser o pior registo desta série realizada para o Expresso e SIC, iniciada há um ano. Relativamente ao PSD, nem a derrota de outubro fez perder mais votos, nem a reeleição de Rui Rio fez ganhar algum: o partido mantém-se nos 28% - que é o número mais elevado que esta liderança conseguiu no último ano.
De resto, a tónica geral é de estabilização: o PCP cresce ligeiramente (de 6,3% em outubro para 8%), mas Bloco de Esquerda (9%), PAN (3%) e Iniciativa Liberal (2%) mantém-se no registo conseguido nas legislativas. O Livre - que elegeu Joacine Katar Moreira, mas acabou por tirar-lhe a confiança política - continua com o 1% que lhe deu a sua primeira representação parlamentar (efémera). Na edição de sábado do Expresso dar-lhe-emos conta de que tipo de eleitorado está a reforçar a intenção de voto no Chega, com a análise de Pedro Magalhães, vamos mostrar-lhe as avaliações que os portugueses fazem dos líderes, assim como desta estreia dos pequenos partidos, acrescentando três perguntas que ajudam a perceber como é visto o ministro das Finanças e a sua estratégia. Na próxima semana, será a vez da parte da sondagem dedicada à Saúde.
Ficha técnica
Este relatório baseia-se numa sondagem cujo trabalho de campo decorreu entre os dias 22 de janeiro e 5 de fevereiro de 2020. Foi coordenada por uma equipa do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-ULisboa) e do ISCTE — Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), tendo o trabalho de campo sido realizado pela GfK Metris. O universo da sondagem é constituído pelos indivíduos, de ambos os sexos, com idade igual ou superior a 18 anos e capacidade eleitoral ativa, residentes em Portugal Continental. Os respondentes foram selecionados através do método de quotas, com base numa matriz que cruza as variáveis: sexo, idade (4 grupos), instrução (3 grupos), região (5 regiões NUTII) e habitat/dimensão dos agregados populacionais (5 grupos). A partir de uma matriz inicial de região e habitat foram selecionados aleatoriamente pontos de amostragem onde foram realizadas as entrevistas, de acordo com as quotas acima referidas. A informação foi recolhida através de entrevista direta e pessoal na residência dos inquiridos, em sistema CAPI, e a intenção de voto recolhida recorrendo a simulação de voto em urna. Foram selecionados 80 pontos de amostragem, contactados 2535 lares elegíveis (com membros do agregado pertencentes ao universo) e obtidas 800 entrevistas válidas (taxa de resposta de 32%). O trabalho de campo foi realizado por 43 entrevistadores, que receberam formação adequada às especificidades do estudo. Todos os resultados foram sujeitos a ponderação por pós-estratificação de acordo com a frequência de prática religiosa e a pertença a sindicatos ou associações profissionais dos cidadãos portugueses residentes no Continente com 18 ou mais anos, a partir dos dados da vaga mais recente do Inquérito Social Europeu. A margem de erro máxima associada a uma amostra aleatória simples de 800 inquiridos é de +/- 3,5%, com um nível de confiança de 95% (Expresso, texto do jornalista David Dinis)

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