segunda-feira, novembro 02, 2015

Ultraperiferias: Barómetro regional semanal (V)

BANIF - O pior que pode acontecer a um banco é começar a ser notícia nos meios de comunicação social pelos maus motivos. Num pais ainda abalado pelos escândalos do BPN, do BPP e do BES, e depois da polémica em torno do Montepio Geral, surge agora o Banif, instituição sentimentalmente ligada à Madeira por razões históricas. E tudo porquê? Porque António Costa admitiu durante o processo negocial com a coligação da direita algumas situações menos claras, que estariam a ser ocultadas e que surpresas desagradáveis estariam a ser escondidas, o que explicaria a recusa em fornecer indicadores e estudos solicitados. A especulação começou e não tardou muito a que o Banif, devido à intervenção do Estado fosse envolvido num turbilhão de especulação, com quedas abruptas na bolsa, com as acções a atingirem valores ridículos mas, mais do que isso, com a incerteza sobre o futuro do banco a se instalar na praça. Tem sido grande o esforço dos responsáveis do banco para controlarem os danos - apesar de pensar que a política de comunicação do banco falhou em toda a linha - e sobretudo manterem um discurso de tranquilidade dos mercados. Mas depois do que se passou o Banif dificilmente deixará de sair do radar, o que não deixa de ser nada positivo, pela pressão constante que isso provoca. Isto porque Bruxelas já se meteu ao barulho.
DEBATE PARLAMENTAR - O que se passou na semana passada na Assembleia Legislativa da Madeira, em termos de debate político com a presença do Presidente do Governo Regional, foi extraordinariamente positivo e dignifica o principal órgão de governo próprio da autonomia regional.Sou um adepto ferrenho dos debates parlamentares, gosto de seguir os debates, gosto da disputa entre diferentes visões dos problemas e do despique entre deputados com boa capacidade de oratória. Tenho sempre para mim que, salvo em situações muito especiais, quem está no poder acaba sempre por ganhar estes debates. Penso que mais do que andar a tentar saber quem venceu e quem perdeu - não me pareceu que o debate tenha permitido isso - o que se sublinha é o regresso da normalidade e o cumprimento de uma norma regimental que não percebo porque razão nem sempre foi cumprida com o rigor que se exige. Apesar da necessidade de introdução de algumas melhorias, sobretudo em termos de estão regimental destes debates, dando-lhes outra vivacidade e porventura um outro modelo na formalizar de perguntas, considero positivo tudo o quer foi feito. Chamando a atenção para que não se confunda uma sessão parlamentar preenchida com debates - e acho que os debates na Assembleia da República devem ser visionados - com sessões regimentalmente previstas, para perguntas ao Governo. São duas realidades diferentes.
ILUMINAÇÕES....OUTRA VEZ - Neste quadro do debate parlamentar retive as declarações de Miguel Albuquerque, com alguns avisos à mistura e claramente direccionados a destinatários não identificados mas que todos perceberam quais eram. Não tenho rigorosamente nada a ver com as iluminações natalícias, com os processos de adjudicação rodeados de polémica e de contestação por parte dos interessados, etc. Estou-me nas tintas para isso, bem ditas as coisas. Mas uma coisa - apenas uma coisa - posso garantir: não cometam o erro patético de distorcerem a tradição regional neste domínio, não inventem por favor, não venham com lucubrações de uns tantos iluminados de pacotilha que acham que podem fazer tudo o que lhes apetece em nome da liberdade de produção...intelectual.  Não. O natal madeirense é madeirense, por isso é diferente. Se porventura alguns "inventores" da treta ou algum governante quiser ver luzinhas que nada têm a ver com essa tradição colorida da Madeira, o conselho que lhes dou é que tomem um avião e vão a Berlim, ao pólo norte ou à Cochichina para satisfazerem a sua curiosidade. E ponto final quanto a isto na certeza de que qualquer barracada neste domínio será motivo mais do que suficiente para que rolem cabeças. E não do elo mais fraco como é habitual. Estamos entendidos?
Uma nota final: não reconheço a qualquer pessoa o direito a perorar sobre deontologia, jornalismo, regras de elaboração de uma notícia, contacto com as fontes, etc. E espero que denominados gabinetes de comunicação, que presumo constituídos por jornalistas, não cometam mais o erro, a indelicadeza de pisarem o risco vermelho e aceitarem ser meros e dispensáveis veículos de considerações tontas, a roçar o idiota, e que me pareceram ofensivas. 
EMPRESÁRIO - Conheço o Alberto Oculista - como ele é conhecido - há muitos anos, a sua capacidade de iniciativa, a forma cautelosa como se implantou no mercado regional, sem aventuras e agora a forma como começou a olhar com uma visão mais ambiciosa para a possibilidade de implantação da sua empresa noutras partes do país, incluindo Açores, o que paulatinamente está a ser feito. Alberto Oculista é um exemplo e apesar de o conhecer há muitos anos e poder ser, por isso, sectário na minha análise, considero que tem o perfil de um empresário em toda a dimensão, na forma com o conduziu a "carroça" nos bons e nos maus momentos e até na forma inteligente como foi envolvendo os seus descendentes passando-lhes o gosto pela continuidade e sobretudo o prazer pelo exercício da actividade empresarial. Um merecido destaque para uma empresa fundada em 1984.
RUI GONÇALVES - O secretário regional das finanças regressa a este meu barómetro semanal de destaque e merecidamente. Porque, desta vez, ficamos a saber que a Madeira reduziu este ano em 218 milhões de euros os passivos e em 231 milhões os pagamentos em atraso, totalizando desde o início do programa de ajustamento, em 2012, uma diminuição de 1,8 mil milhões de euros. O saldo global consolidado, em contabilidade pública, dos organismos com enquadramento no perímetro da Administração Pública Regional é deficitário em 188,3 milhões de euros, o que representa uma melhoria de 148,7 milhões de euros face aos valores registados no mesmo período, em 2014". No entender do executivo insular, esta situação "denota que a Região está a utilizar receita própria para pagar encargos assumidos e não pagos em anos anteriores". Gostem ou não, é impossível dissociar Rui Gonçalves dos passos que paulatinamente estão a ser dados pela RAM no sentido de  estabilizar as suas contas públicas e controlar a divida regional, reduzindo-a.
PORTO - Ficamos a saber que o Britannia, navio de cruzeiros da companhia alemã P&O não efectuou uma escala na Região devido à falta de espaço no cais. O barco tem 330 metros o que impediu o navio de atracar no novo “cais 8”, com capacidade apenas para navios com o máximo de 280 metros. Nesse mesmo dia o Funchal foi escalado pelo “Celebrity Reflection” com 319 metros já que foi noticiado que o “Aidasol” exige ficar no molhe da Pontinha, pelo que deixou nesse dia de haver lugar para o “Britannia” - fez a sua visita inaugural à Madeira em Abril deste ano – que rumou a Tenerife. Admito que esta matéria promete regressar de novo aos jornais, sendo por isso importante que alguém esclareça – e continua a haver da parte dos portos um falhanço absoluto nessa prestação atempada de esclarecimentos  - o que é que se passa, se é ou não verdade que os navios que usam o cais 8 “baloiçam” demasiado com determinadas marés, etc.

Sem comentários: