Corpo que a polícia pensa ser do antigo deputado do CDS-PP Madeira Carlos Morgado foi encontrado desmembrado dentro de sacos plásticos num terreno baldio a pouca distância do Funchal. Estava desaparecido há meses. Dois suspeitos detidos, um corpo desmembrado e enterrado num terreno baldio e que a polícia acredita ser de um antigo deputado na Assembleia legislativa da Madeira: parece o enredo de um episódio de uma série, mas é real e aconteceu no Funchal. É, para já, o desfecho de uma história que começou em fevereiro quando a família de Carlos Morgado, professor aposentado e antigo deputado do CDS, o deu como desaparecido. O corpo foi descoberto esta quinta-feira. Há 10 meses que o antigo deputado, de 66 anos, não dava notícias, não mexia nas contas e tinha deixado o carro estacionado perto de um centro comercial do Funchal. A Polícia Judiciária investigava o caso desde Fevereiro e as diligências acabaram por levar até os dois suspeitos - um homem de 36 anos e uma mulher de 25 anos. Os dois são suspeitos de homicídio e ocultação de cadáver e o motivo terá sido roubo. Pelo menos, essa foi a informação fornecida pela Polícia Judiciária num comunicado emitido durante a tarde desta sexta-feira. Ainda não são conhecidos todos os contornos do crime, mas sabe-se já no que resultou. Os dois suspeitos terão atraído a vítima com a intenção de roubar e matar. O crime terá ocorrido numa residencial, situada no centro do Funchal, numa área de paragem de prostitutas e perto do sítio onde foi encontrado o carro da vítima. Para o ocultar o cadáver, os dois suspeitos desmembraram o corpo, meteram-no dentro de sacos plásticos e esconderam-no num terreno baldio, a pouca distância do centro do Funchal, mas longe do local do crime. Depois de enterrado, cobriram tudo com cimento e pedras. Esta quinta-feira à noite, os dois suspeitos terão revelado à polícia o local onde tinham escondido o corpo, um terreno baldio rodeado de casas e a pouca distância do local onde viviam os dois suspeitos. Os restos mortais foram encontrados numa das extremidades do terreno, num buraco com pouco mais de um metro diâmetro, perto de um beco. Junto com o corpo, terão sido encontrados objetos cortantes.
NINGUÉM QUER FALAR
Os vizinhos das casas próximas ao terreno baldio, uma zona conhecida como D. João, a cinco minutos do centro do Funchal, acordaram esta quinta-feira à noite com a movimentação de polícia e bombeiros, que durou madrugada adentro. Ninguém quer falar do caso, mas garantem que não tinham suspeitas, que não deram por movimentações estranhas e nada fazia crer que estivesse enterrado um corpo num terreno mesmo ao lado das suas casas. Carlos Morgado foi deputado do CDS na Assembleia Legislativa entre 2011 e 2012 e antes de se incompatibilizar com a direção do partido. Morgado, que estava no parlamento em substituição, não quis ceder o lugar e passou a independente. O partido retirou-lhe a confiança política e o antigo deputado, professor e natural da Ribeira Brava, deixou o Parlamento regional em 2012 de relações cortadas com o líder José Manuel Rodrigues. Apesar de estar de relações cortadas, José Manuel Rodrigues, ainda líder do CDS, disse estar chocado com a notícia. "Nada fazia supor que acabaria assim com uma morte e com estes contornos", lamentou José Manuel Rodrigues. O antigo deputado estava desaparecido desde fevereiro, a família tinha feito a participação a 1 de março na Polícia Judiciária.
TESTES PERICIAIS
O corpo foi encontrado esta quinta-feira à noite e existem poucas dúvidas de que será o do ex-deputado desaparecido, mas só os testes periciais poderão confirmar que é mesmo. Os indícios encontrados apontam para isso. Segundo fontes contactadas pelo Expresso, a tese de que teria acontecido algo Carlos Morgado era reforçada pelo facto de não mexer nas contas bancárias desde fevereiro, continuava a receber a pensão e não havia movimentos. O facto de ter deixado o carro estacionado numa grande superfície também terá indicado de que não se tinha ausentado de forma voluntária. Os dois suspeitos estão detidos, mas só serão ouvidos este sábado num primeiro interrogatório judicial. Segundo informações da Comarca da Madeira, o caso ainda não tinha dado entrada e a polícia continuava as investigações (Expresso, da jornalista e correspondente no Funchal, Marta Caires)
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