terça-feira, novembro 24, 2015

Expresso apresenta os novos ministros do governo PS

Ministro do Planeamento: Pedro Marques, um dos homens da reforma de 2007 da Segurança Social
O novo ministro do Planeamento e Infraestruturas tem 39 anos, é economista e fez a maior parte do seu percurso político na Segurança Social como secretário de Estado entre 2005 e 2011. O percurso político de Pedro Marques esteve quase sempre ligado à Segurança Social, mas é na área do Planeamento e Infraestruturas que assume o seu mais importante cargo até ao momento. Aos 39 anos, é um dos ministros do governo de António Costa, que foi indigitado primeiro-ministro por Cavaco Silva. Pedro Marques é economista e foi secretário de Estado de Vieira da Silva no Ministério da Segurança Social (entre 2005 e 2011, nos dois governos Sócrates). Participou, ao lado de Vieira da Silva, na reforma da Segurança Social de 2007, que, entre outras coisas, introduziu o fator de sustentabilidade que faz depender a pensão da esperança de vida. Foi eleito deputado pelo Partido Socialista em 2009 pelo distrito de Setúbal, tendo depois rumado ao governo que acabou por cair no Parlamento em 2011. Foi novamente eleito deputado em 2011, por Portalegre, e deixou o Parlamento em outubro do ano passado (João Silvestre)
Miguel Prata Roque: um crítico da venda da TAP na secretaria de Estado da Presidência do Conselho de Ministros
Advogado Miguel Prata Roque fez parte do primeiro Governo de Sócrates e era até agora coordenador do Observatório Permanente da Administração Pública. O especialista em Direito Administrativo Miguel Prata Roque, que integrou o primeiro Governo de José Sócrates como adjunto do ministro dos Assuntos Parlamentares entre 2005 e 2007, é o novo secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros. Doutorado em Ciências Jurídico-Políticas e professor na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, Miguel Prata Roque foi até 2014 assessor do gabinete de juízes do Tribunal Constitucional. O advogado, até agora coordenador do Observatório Permanente da Administração Pública, foi uma voz muito crítica da venda da TAP, um negócio que defendeu dever ser revertido pelo novo Governo, de que agora faz parte (Joana Pereira Bastos)
Ministro do Ensino Superior e da Ciência: o regresso do “discípulo” de Gago
Manuel Heitor, professor catedrático do Instituto Superior Técnico, esteve entre 2005 e 2011 no Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Tem sido uma das vozes críticas da atual política de financiamento da ciência. Com o regresso do PS ao Governo, volta também a divisão entre Educação e Ensino Superior, que passa a ter um ministério próprio, ao lado da Ciência. E quem também está de regresso a funções governativas é Manuel Heitor, 57 anos, que conhece de perto o sector. Durante seis anos, nos dois governos de Sócrates, foi secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do ex-ministro Mariano Gago, entretanto falecido. O currículo é extenso – licenciou-se em Engenharia Mecânica no Técnico, doutorou-se no Imperial College (Reino Unido), foi professor visitante em Harvard (EUA) e regressou ao Técnico, onde é professor catedrático e director do Centro de Estudos, Inovação, Tecnologia e Políticas de Desenvolvimento, In+. Enquanto esteve no Governo, acompanhou de perto a reforma do ensino superior e a abertura das instituições portuguesas a parcerias internacionais. Mais recentemente, assumiu-se como uma das vozes mais críticas da atual política de financiamento à ciência (Isabel Leiria)
Ministro da Economia: Manuel Caldeira Cabral, economista de Seguro e Costa
Apontado como próximo ministro da Economia, foi como independente que liderou a lista do PS às legislativas por Braga. Há muito que é próximo do partido. Foi um dos economistas que preparou o cenário macroeconómico de António Costa e, antes disso, foi “ministro-sombra” de António José Seguro. Manuel Caldeira Cabral, 47 anos, economista e professor da Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho, era há muito dado como ministeriável num governo do PS, tanto com António Costa como ainda com António José Seguro, sendo-lhe apontada a pasta da Economia. Com Costa, foi um dos economistas do grupo – liderado por Mário Centeno – que preparou o cenário macroeconómico do partido – e acabou mesmo por ser cabeça-de-lista do PS pelo distrito de Braga, como independente, nas legislativas de 4 de outubro. Mas há muito que era próximo do partido, sendo já no tempo da liderança de António José Seguro uma das principais vozes do PS em matéria económica. Aliás, no início do verão de 2013, Segurou convidou Manuel Caldeira Cabral para acompanhar o processo dos fundos comunitários, tornando-o o seu primeiro “ministro-sombra”. Doutorado em Economia pela Universidade de Nottingham, no Reino Unido, e com um mestrado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa, tem a Economia Europeia e Internacional como área de especialidade, com destaque para os fluxos de comércio internacional. A sua vida profissional já esteve estreitamente ligada à política. Afinal, foi assessor de Teixeira dos Santos no Ministério das Finanças e de Manuel Pinho no Ministério da Economia. Numa entrevista ao “Diário de Notícias”, no último fim de semana, defendeu a necessidade de Portugal ter, quanto antes, Orçamento do Estado para 2016, e que a Caixa Geral de Depósitos e o chamado “banco de fomento” deviam fazer mais pelas empresas. Já no verão de 2014, numa iniciativa do Expresso/SIC Notícias/PwC/Banco Popular, que juntou economistas, gestores e empresários para discutir estratégias para o futuro da economia portuguesa, apontou o problema da falta de crédito às empresas em Portugal, que destruiu companhias viáveis, e destacou que “há uma parte grande do equilíbrio externo que foi conseguido através da redução de importações de bens duráveis e bens de investimento” (Sónia M. Lourenço)
Ministro da Saúde: Adalberto Campos Fernandes, o médico que contestou o “caminho mais fácil”
Gestor hospitalar foi escolhido por António Costa para coordenar a área da prestação de cuidados médicos no programa de Governo socialista e cabe-lhe agora pôr as ideias em prática. Os socialistas voltam a entregar a pasta da Saúde a um médico. Depois de Ana Jorge, pediatra, é agora a vez de Adalberto Campos Fernandes, especialista em saúde pública. Esteve ao lado de António José Seguro e foi escolhido por António Costa para coordenar a área da Saúde no programa de Governo. Chega a ministro com 57 anos e poucos dias depois de obter o doutoramento. Defendeu a tese de que "a combinação público-privado" tem "ganhos de eficiência, mas não necessariamente melhoria da saúde".
A convicção, demonstrada, de que os prestadores privados não tratam melhor será agora levada da faculdade para o Ministério da Saúde. O professor de administração hospitalar, gestão em saúde e políticas de saúde na Escola Nacional (SNS) de Saúde Pública assume-se como um defensor do Serviço Nacional de Saúde e, sobretudo, das pessoas. Será para elas, materializadas nos utentes dos cuidados públicos, que deverá avançar com a melhoria do acesso ao médico, seja no centro de saúde ou no hospital. Chama-lhe 'Simplex da Saúde' e será transversal ao SNS: desde o primeiro contacto, que deverá ser telefónico, até aos exames e partilha de dados clínicos. Atualmente presidente da Comissão Executiva do SAMS (Serviço de Assistência Médico-social dos Trabalhadores da Banca), o gestor hospitalar protagonizou o 'caso dos cegos do Santa Maria'. Então presidente do hospital, integrado no Centro Hospitalar Lisboa de Norte juntamente com o Pulido Valente, avançou para a solução arbitral para que os doentes pudessem ser indemnizados logo que possível, evitando a longa espera do processo em tribunal. Esteve também na administração do Hospital de Cascais, é membro da direção do Colégio da Competência de Gestão dos Serviços de Saúde da Ordem dos Médicos e de várias associações para o desenvolvimento do setor. Participante assíduo em eventos sobre o sistema de Saúde, é um gestor com conhecido sentido de humor e crítico dos 'estados de alma'. Sobre o Governo que agora sai, afirma que seguiu pelo "caminho mais fácil": mandou cortar, sem nada reformar (Vera Lúcia Arreigoso)
Ministra do Mar: Ana Paula Vitorino, do betão para o oceano
Esteve no primeiro Governo de Sócrates, com a pasta dos Transportes, e regressa agora ao Executivo, mas para ser ministra do Mar. Eleita para a Assembleia da República pelo círculo do Porto, Ana Paula Vitorino prepara-se agora para assumir a pasta que estava nas mãos de Assunção Cristas: será a ministra do Mar no novo Executivo de António Costa, depois de quatro anos a fazer oposição ao Governo de Pedro Passos Coelho. Ana Paula Vitorino, 53 anos, é licenciada em Engenharia Civil, com um mestrado em Transportes. E foi nesta última área que mais se notabilizou, ao assumir o cargo de secretária de Estado dos Transportes no primeiro Governo de José Sócrates (entre 2005 e 2009). Quando o PS abandonou o Governo, em 2011, tornou-se uma das vozes mais ativas dos socialistas na oposição ao Executivo de Passos Coelho. Ao longo dos últimos quatro anos continuou a acompanhar os temas dos transportes, tendo também participado em algumas iniciativas ligadas ao sector do mar, como o decreto-lei das bases de gestão do espaço marítimo nacional. Em 2010, Ana Paula Vitorino viu-se envolvida numa polémica relacionada com o processo Face Oculta: nas suas declarações ao Ministério Público terá revelado que o ministro Mário Lino a tentou sensibilizar para pôr fim ao conflito entre a Refer e a empresa de sucatas O2, de Manuel Godinho, por este empresário ser "amigo" do PS.
Ministra da Justiça: Francisca Van Dunem, uma das surpresas de Costa
Francisca Van Dunem será a próxima ministra da Justiça. Uma angolana que se tornou portuguesa depois de 1977. É uma das surpresas do Governo liderado por António Costa. Francisca Van Dunem é um nome de topo entre os magistrados portugueses. Procuradora-geral-adjunta, que dirige atualmente a procuradoria-geral distrital de Lisboa, é conhecida pelo seu espírito reservado. Será a primeira magistrada a assumir funções ministeriais depois de Laborinho Lúcia, nos anos oitenta. Francisca, com 60 anos completados a 5 de novembro, nasceu em Luanda, pertencendo às famílias mais conceituadas de Angola, presentes em qualquer Governo deste país: Vieira Dias, pelo lado da mãe, Van Dunem pelo do pai. Todavia, nem sempre a sua relação com Angola foi fácil. O seu irmão mais velho, José Van Dunem, e a cunhada, Zita Valles, membros e miltiantes ativos da "revolta ativa" em 1977, foram mortos na repressão do golpe de 27 de maio. O golpe apanha Francisca em Lisboa, a estudar, mas foi ela que criou o sobrinho Che. Só muitos anos depois voltaria a Angola. Francisca só foi para Lisboa aos 18 anos, para tirar o curso de Direito. Logo depois, em 1979, entra na carreira da magistratura, onde foi progredindo, tendo sido nomeada procuradora-geral-adjunta em 2007. Estaria prestes a ser promovida a conselheira. É casada com o advogado e professor catedrático Eduardo Paz Ferreira. Tem um filho de 18 anos (Luísa Meireles)
Ministro da Educação: Tiago Brandão Rodrigues, um dos mais novos de sempre
Aos 38 anos, o investigador na área do cancro Tiago Brandão Rodrigues será um dos mais novos ministros da Educação de sempre. Depois de 15 anos a estudar e a trabalhar no estrangeiro, o cientista Tiago Brandão Rodrigues, investigador na área do cancro, voltou este ano a Portugal a convite de António Costa. Aos 38 anos, aceitou trocar um lugar na prestigiada Universidade de Cambridge para concorrer como cabeça-de-lista do PS por Viana do Castelo às legislativas do passado dia 4 de outubro. Nunca foi militante do partido, mas sempre se considerou "um homem de esquerda". E é num governo socialista, apoiado pelos partidos da esquerda, que chega agora à pasta da Educação. Não é a primeira vez que é notícia nos jornais. Em 2013, deixou de ser um desconhecido investigador, depois de apresentar na revista "Nature Medicine" uma técnica de ressonância magnética mais eficaz e precisa na deteção precoce do cancro, uma descoberta que foi noticiada em todo o mundo. Com apenas 14 anos, Tiago Brandão Rodrigues deixou a casa dos pais, em Paredes de Coura, para ir viver e estudar em Braga. Concluído o secundário, seguiu Bioquímica em Coimbra, onde viveu em duas repúblicas de estudantes. Melómano e amante do desporto, cedo deixou o país para seguir carreira lá fora. Vivia a 150 metros da estação de Atocha, em Madrid, quando explodiram as bombas a 11 de Março de 2004. De lá seguiu para os Estados Unidos e depois para Inglaterra, onde trabalhou nos últimos cinco anos no conceituado Cancer Research UK. Voltar ao país não foi uma decisão fácil. "Era feliz, tinha uma vida hiper mega estável, um projeto de trabalho e de vida que me realizava plenamente e uma rede social muito rica e saudável em Inglaterra", contou ao “Público” no início de setembro. Mas sentiu um "imperativo de dizer presente". Passado pouco mais de um mês de ser eleito deputado, Tiago Brandão Rodrigues será agora o novo ministro da Educação. Um dos mais jovens de sempre. Mas a política está a prazo. "Não deixo de ser cientista por interromper a atividade. Voltar está sempre nos meus planos. A vida política é um compromisso balizado no tempo", afirmou na entrevista ao jornal (Joana Pereira Bastos)
Ministro das Finanças: doutorado em Harvard, polémico, liberal
O mentor do programa económico do PS defende uma política de crescimento pelo estímulo ao consumo interno, que permita a reconstrução do aparelho produtivo. Alerta há anos que a segmentação entre trabalhadores muito protegidos e trabalhadores quase sem proteção está no centro dos problemas do mercado de trabalho português. Mário Centeno, 48 anos, o economista que coordenou o grupo de peritos que elaborou o cenário macroeconómico e as propostas que serviram de base à vertente económica do programa de governo do PS, já deixou de ser um ilustre desconhecido para a maioria dos portugueses. No seu currículo não conta cargos políticos – até este ano não lhe eram conhecidas ligações políticas –, mas sim técnicos. Sobretudo no Banco de Portugal (BdP), onde tem desenvolvido a sua carreira. Doutorado em Economia pela Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, no ano 2000, com uma tese intitulada “Ensaios sobre Economia do Trabalho”, regressou a Portugal nesse ano, ingressando no Departamento de Estudos Económicos do BdP. Onde, aliás, já tinha colaborado entre 1993 e 1995. Em 2004 foi nomeado director-adjunto do departamento, cargo que ocupou até ao final de 2013. Desde o início de 2014 é consultor especial do conselho de administração do BdP. É ainda professor convidado do Instituto Superior de Economia e Gestão (desde 1993) e da Universidade Nova de Lisboa (desde 2006). É precisamente sobre o mercado de trabalho que tem centrado a sua investigação, desde os tempos em Harvard. No meio académico é muitas vezes visto como um liberal, devido às posições assumidas, por exemplo, no livro “O Trabalho, uma visão de mercado”, publicado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos. Aí aponta a dualidade do mercado de trabalho português como um dos grandes problemas nacionais – a par das baixas qualificações de parte significativa da população – e propõe a implementação de um contrato de trabalho único, simplificando a relação contratual e acabando com os contratos a prazo. Mas garantindo com este “contrato único” a adaptabilidade de trabalhadores e empresas à evolução das condições económicas. O caminho que aponta tem o “mercado” como parceiro.
Outras das suas ideias são a criação de um seguro de desemprego, com conta individual para cada trabalhador, e que a taxa contributiva das empresas esteja associada à rotatividade dos seus colaboradores, ou seja, ao número de trabalhadores que despedem.
Tem defendido estas posições há anos, salientando que a segmentação entre trabalhadores que estão muito protegidos – em especial os mais velhos, com contratos permanentes – e trabalhadores quase sem proteção – em regra, mais jovens e com contratos precários – está no centro dos problemas do mercado de trabalho português. E alertando que é o número cada vez maior de trabalhadores com contratos a prazo que suporta a maioria dos custos de ajustamento da economia nacional. Não se tem furtado a polémicas. Centeno foi um dos autores de um estudo sobre o salário mínimo nacional, que conclui que um aumento do salário mínimo pode ter efeitos negativos no emprego de trabalhadores pouco qualificados. Mais ainda, num artigo de opinião publicado em Outubro de 2014, no “Diário Económico”, escreveu que “as políticas que definem as instituições no mercado de trabalho têm mantido uma ênfase na proteção do emprego. A regulação é muito intrusiva e extravasa os limites dos objectivos económicos dos contratos de trabalho: redução do risco e da assimetria de informação e proteção dos investimentos. Esta regulação segmentou o mercado de trabalho. Dividiu os trabalhadores dentro das empresas entre os que têm contrato permanente e os que conhecem a data do fim da sua relação laboral. Esta segmentação estendeu-se ao seguro de desemprego (um sistema elitista) e às políticas ativas de emprego (não vocacionadas para trabalhadores com mais desvantagens) ”. Já este ano, no início de fevereiro, em declarações ao Jornal de Notícias, defendeu que o subsídio de desemprego “devia ter uma duração variável”, sendo “mais longo em épocas de crise, como aconteceu nos Estados Unidos” e mais “curto” em tempos de prosperidade”. E considerou que “temos de parar de proteger o emprego para proteger o rendimento. Se conseguirmos criar novas relações laborais, o sistema torna-se mais flexível”. Apesar de ser pouco conhecido do público em geral, não foi esta a primeira vez que o nome de Mário Centeno saltou para a ribalta na comunicação social. Em dezembro de 2013 foi ator central no processo que culminou com a nomeação de Isabel Horta Correia como directora do Departamento de Estudos Económicos do BdP. A vaga tinha ficado em aberto com a saída de Ana Cristina Leal, para a Caixa Geral de Depósitos, e Centeno, que era director-adjunto, era o nome mais falado para o lugar. Chegou mesmo a dar a cara pelo departamento durante alguns meses. Mas, três meses depois de abrir concurso para o lugar, o Bdp encerrou o processo, dizendo que nenhum dos candidatos preenchia os requisitos necessários. A lista de candidatos e a composição do júri nunca foram revelados e poucos dias depois de encerrado o concurso foi nomeada como directora do departamento, sem novo concurso, Isabel Horta Correia. Já Mário Centeno passou a consultor especial do conselho de administração do BdP. Em causa, na rejeição do nome de Centeno, segundo a comunicação social, poderão ter estado posições públicas que assumiu, violando a “regra do silêncio” no BdP, e criticando opções do Governo de Pedro Passos Coelho, durante o Programa de Ajustamento Económico e Financeiro (Sónia M. Lourenço)
Ministro da Agricultura: Capoulas Santos, o regresso do “melhor eurodeputado” da área
Luís Capoulas Santos teve a tutela da Agricultura durante o Governo de António Guterres e acompanhou o tema ao longo de uma década no Parlamento Europeu. É próximo de Costa e de Sócrates. Luís Manuel Capoulas Santos será o novo ministro da Agricultura no Governo liderado por António Costa, assumindo uma pasta que conhece bem: foi secretário de Estado da Agricultura entre 1995 e 1998 e ministro da Agricultura de 1998 a 2002. Capoulas Santos, hoje com 64 anos, esteve na última década no Parlamento Europeu, onde acompanhou de perto os dossiês da agricultura, pescas e desenvolvimento rural. Nas eleições legislativas de 4 de outubro foi eleito deputado pelo Partido Socialista (PS) pelo círculo de Évora, por onde tem concorrido desde 1991. Natural de Montemor-o-Novo e licenciado em Sociologia, Capoulas Santos tem méritos reconhecidos na política agrícola (em 2012 a revista "The Parliament" elegeu-o o melhor eurodeputado na área da agricultura). É próximo de António Costa, mas também de José Sócrates: Capoulas Santos foi, faz esta quarta-feira um ano, a primeira visita que José Sócrates teve no Estabelecimento Prisional de Évora.
Ministro da Defesa: Azeredo Lopes, de comunicador para a tropa
Foi o primeiro presidente da ERC, é comentador de televisão e foi o porta-voz da candidatura de Rui Moreira à Câmara do Porto. Estreia-se num Governo do PS e logo para a pasta da Defesa. Fez quase toda a sua carreira na Academia, na área do Direito e das ciências jurídico-políticas. A partir de 2002, acumula a docência na Universidade Católica do Porto com a participação no Grupo de Trabalho do Serviço Público de Televisão, uma ideia do então ministro da Presidência do Governo de Durão Barroso, Nuno Morais Sarmento, para reformar a televisão pública. É assim que Azeredo Lopes passa a figurar na lista de especialistas em Comunicação Social. O grupo de trabalho, presidido por Helena Vaz da Silva, inclui nomes como Cáceres Monteiro ou Miguel Sousa Tavares, Maria José Nogueira Pinto e Nuno Rogeiro ou José Fonseca e Costa. O relatório final permite traçar um novo modelo para a RTP e para o relacionamento com as estações privadas. Daí para a presidência da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) foi um passo de anão. Morais Sarmento voltou a convidar o professor de Direito, que é o primeiro a assumir o cargo entre 2006 e 2011. Mesmo durante a presidência da ERC não abandona a sua coluna semanal no "Jornal de Notícias". Abandonada a função institucional regressa a um papel ativo como comentador político na televisão. Em 2013 entra na corrida às autárquicas, acompanhando a candidatura do independente Rui Moreira à Câmara do Porto como seu porta-voz. Dono de uma 'pena dura', não manda recados por ninguém e não tem medo das palavras. Exemplos? Veja-se uma das suas últimas crónicas jornalísticas. Falando sobre o futuro Governo de esquerda (que viria a integrar...) escreve: "Se houver Governo de esquerda, perceber-se-á que PC e BE não têm corninhos e que a treta dos bolcheviques é chão que deu uvas. Essa é a verdadeira revolução: BE e PC poderem ser partidos de poder e isso não ser assustador (mesmo que não se goste "deles")". Dixit. (Rosa Pedroso Lima)
Ministra da Presidência: Maria Manuel Leitão Marques, a senhora “Simplex”
Aos 63 anos, a ex-secretária de Estado da Modernização Administrativa volta ao Governo, agora para ministra da Presidência e da Modernização Administrativa. António Costa indicou-a em 2005. Volta a contar com ela dez anos depois. Tem 63 anos e é professora catedrática da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e investigadora do Centro de Estudos Sociais (CES) da mesma universidade. Casada com um dos 'pais' da Constituição, Vital Moreira, começou a sua atividade política no MES (Movimento de Esquerda Socialista), mas foi com o PS que chegou a assumir responsabilidades governativas. Curiosamente, foi António Costa quem sugeriu o seu nome em 2005 para assegurar a megatarefa de reformar o Estado. O atual secretário-geral socialista estava então de saída do Governo de José Sócrates, para se candidatar à presidência da Câmara de Lisboa, e sugeriu a professora de Coimbra para o cargo. Maria Manuel Leitão Marques ocupou a pasta de secretária de Estado da Modernização Administrativa e tornou-se o rosto de uma das reformas mais emblemáticas do Executivo de Sócrates, onde permaneceu até à queda do Governo, em março de 2011. Foi dela a ideia do "Simplex", o megaprograma destinado a agilizar o funcionamento da máquina do Estado e a travar a burocracia do funcionamento da Administração Pública. O Governo electrónico, a "empresa na hora" ou o cartão do cidadão são algumas das tarefas que cumpriu e que vieram para ficar (Rosa Pedroso Lima)
Ministra da Administração Interna: Constança Urbano de Sousa, a segunda vez com Costa
É a segunda vez que António Costa recorre a Constança Urbano de Sousa. Quando o atual líder do PS era ministro da Administração Interna, chamou-a para sua assessora jurídica. Agora deu-lhe a pasta. Constança Urbano de Sousa, 48 anos, é investigadora, especialista em Segurança e Justiça da União Europeia, imigração e direito de asilo. Em 2005, António Costa, então ministro de Estado e da Administração Interna, chamou-a para o assessorar juridicamente nestas questões. Foi das suas mãos que saiu o anteprojecto da (então) nova lei da nacionalidade, que entrou em vigor em dezembro de 2006. Agora, Costa chama-a novamente, mas para ministra. Era atualmente professora associada de Direito da União Europeia e diretora do Departamento de Direito da Universidade Autónoma de Lisboa, e lecionava também no Instituto de Ciências Policiais e Segurança Interna. Era ainda membro e investigadora da “Rede Académica de Estudos Jurídicos sobre Imigração e Asilo na Europa", da Universidade Livre de Bruxelas (ULB). Nas últimas eleições legislativas, a investigadora foi candidata pelo PS no círculo eleitoral do Porto. Os socialistas elegeram 14 deputados. Constança era a 15ª. Nascida em Coimbra em abril de 1967, foi aí que se licenciou em Direito. Rumou depois à Alemanha, à Universidade de Sarreland, onde concluiu o mestrado em Direito Comunitário e depois o doutoramento. De 2006 a 2012 desempenhou o cargo de conselheira e coordenadora da Unidade Justiça e Assuntos Internos da Representação Permanente de Portugal junto da União Europeia. No mesmo período chefiou a delegação portuguesa ao Comité Estratégico Imigração, Fronteiras e Asilo (CEIFA) da UE e foi membro da delegação portuguesa do Comité Permanente de Segurança Interna (COSI) e Grupo de Trabalho de Alto Nível sobre Asilo e Migração, entre outras estruturas do Conselho da UE. Não é difícil perceber que ficará nas mãos de Constança Urbano de Sousa o dossier dos 4593 requerentes de asilo que Portugal vai receber nos próximos dois anos, e que se encontram atualmente na Grécia e na Itália. O primeiro grupo, de cerca de 30, chegará já no fim do mês (Raquel Moleiro)
Pedro Nuno Santos com um lugar-chave no interface das esquerdas
O futuro secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, que esteve presente nas rondas negociais com PCP e Bloco, ocupará um lugar-chave no interface das esquerdas. Pedro Nuno Santos, um dos elementos que acompanhou António Costa nas rondas negociais com PCP e BE, continuará bem perto do futuro primeiro-ministro e, também, do diálogo permanente que o Governo do PS terá de manter com os partidos de esquerda. Futuro secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro para Assuntos Parlamentares, Pedro Nuno Santos, de 38 anos, cabeça de lista do PS nas últimas eleições pelo círculo de Aveiro, terá assim um lugar-chave no interface permanente das esquerdas, que será o Parlamento. Lá terá de garantir a negociação dos principais dossiês com os partidos que viabilizam o Executivo de António Costa. Pedro Nuno Santos, economista, antigo líder da JS, é um dos rostos mais destacados na nova geração de dirigentes do PS e um dos mais visíveis da sua ala esquerda. Tem, de resto, um bom relacionamento com jovens académicos e políticos de outras sensibilidades de esquerda, com os quais partilha assento no blogue "Ladrões de Bicicletas". Nos tempos que se avizinham serão precisos muitos equilíbrios e compromissos, e será função de Pedro Nuno Santos "puxar" o mais possível Bloco e PCP para o centro. E nas previsíveis dores de cabeça que o esperam não faltará quem, em jeito de graça, lhe possa lembrar as suas glosadas palavras em 2011, quando ameaçou credores: "Temos uma bomba atómica que podemos usar na cara dos alemães e franceses. Essa bomba atómica é simplesmente não pagarmos", disse o então vice-presidente da bancada do PS. "Ou os senhores se põem finos ou nós não pagamos", acrescentou, num inflamado discurso junto das bases socialistas. Agora, para Pedro Nuno Santos, o tempo será de conversa de bastidores e de realpolitik. À esquerda, mas realpolitik (Paulo Paixão)
Ministro da Cultura: João Soares, finalmente o Governo
A política corre-lhe na massa do sangue. É deputado desde 1987, já foi vereador, eurodeputado, presidente da Câmara e membro do Conselho de Estado. Aos 66 anos, chega pela primeira vez ao Governo. Se "filho de peixe sabe nadar", o provérbio aplica-se a dobrar a João Soares. Filho de Maria Barroso e de Mário Soares, a política corre-lhe nas veias desde sempre. Aos 16 anos, ainda no liceu, começa a dar o rosto na luta contra a ditadura formando a comissão Pró-Associação dos Liceus, que reclamava mais direitos para os estudantes. Prossegue a atividade política na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, de onde é expulso três vezes, sem nunca conseguir acabar o curso. Militante socialista desde a sua fundação, é editor, atividade que acumula com uma longa carreira de deputado, que começou em 1987. Regressa ao Parlamento em várias legislaturas, intervalando com a atividade política no Parlamento Europeu (entre 1994 e 1995) e na autarquia de Lisboa. Sucede a Jorge Sampaio na presidência da Câmara da capital e é responsável pelas obras de recuperação do edíficio principal, depois do violento incêndio de novembro de 1996. Na vida interna do PS, chegou a concorrer à liderança socialista em 2004. Concorreu contra José Sócrates e Manuel Alegre no Congresso que daria uma vitória folgada a Sócrates e lhe permitia chegar à chefia do Governo, nas eleições do ano seguinte (Rosa Pedroso Lima)
Ministro do Ambiente: João Matos Fernandes, um homem de “consensos” para acalmar a crispação nas águas
João Matos Fernandes é o homem do "lobby" do norte que vai ocupar a pasta do Ambiente, que passa a ser também da Mobilidade no Governo de António Costa. O engenheiro civil, de 48 anos, deixa agora o cargo de presidente do conselho de administração da empresa Águas do Porto para tutelar o ministério que enfrenta a crispação dos autarcas devido à reestruturação do setor das águas. É público que tem sido um crítico deste processo. Mas, diz quem o conhece, "é um homem de consensos e cumprirá diciplinadamente o que o Governo determinar". No programa do PS consta que a reestruturação das águas não deve ser feita contra a vontade dos autarcas e Matos Fernandes "perfila-se para o diálogo". O novo ministro do Ambiente não é um desconhecido na rua do Século. Já por lá passou entre 1997 e 1999, como chefe de gabinete do secretário de Estado adjunto de Elisa Ferreira, e dois anos antes, como adjunto no gabinete do secretário de Estado dos Recursos Naturais. Essa passagem, que coincidiu com a assinatura do protocolo de Quioto, pode ajudar a dar-lhe algum à-vontade para representar Portugal na Cimeira do Clima, que começa dentro de cinco dias, em Paris. No currículo conta também com um percurso académico na área das infraestruturas e dos transportes, tendo também desempenhado funções nesta área no sector privado e no público. Foi presidente da administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo (APDL), entre 2008 e 2012 (Carla Tomás)
­Ministro-adjunto: Eduardo Cabrita, o homem de mão de Costa
Aos 54 anos, Eduardo Cabrita será ministro pela primeira vez, no caso como ministro-adjunto da presidência. Antes, havia sido secretário de Estado adjunto do ministro da Justiça, quando António Costa exerceu o cargo. Foi um dos autores da lei do arrendamento do PS. Antes e depois do cargo no Governo, foi deputado. Na última legislatura, ficou famoso o seu episódio com o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Paulo Núncio, a quem numa sessão da Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública, a que presidia, retirou por diversas vezes o microfone, não o deixando falar, acusando-o de mentir. No tempo do primeiro Governo de António Guterres, foi alto comissário da Comissão de Apoio à Reestruturação do Equipamento e da Administração do Território. É casado com uma outra ministra deste Governo, Ana Paula Vitorino, indicada para ministra do Mar (Luísa Meireles)
Ministro dos Negócios Estrangeiros: Santos Silva, um homem polivalente
Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros da lista que António Costa deverá apresentar ao Presidente da República, estreou-se nos corredores do Governo como secretário de Estado da Administração Educativa, no primeiro ano do segundo Governo de António Guterres. Mas logo depois assumiu a pasta da Educação, em 2001, mas logo depois a da Cultura, onde se manteve até ao fim do Governo de Guterres. Sociólogo de profissão, de 59 anos, haveria depois de assumir, no primeiro Governo de José Sócrates, uma das pastas onde se tornou polémico - a de ministro dos Assuntos Parlamentares. É desses tempos que se lhe conhece a frase "gosto de malhar na direita". No segundo Governo de Sócrates é chamado para a Defesa, pertencendo além do mais ao círculo definidor das políticas do então primeiro-ministro. Com a queda deste Governo, regressa ao Porto e à Faculdade de Economia, onde é professor. A candidatura de António Costa a secretário-geral torna-o depois mais ativo politicamente, sendo uma das personalidades socialistas ouvida regularmente pelo atual líder do PS. Entretanto, esteve durante vários anos como comentador televisivo na TV24, uma experiência que terminou em desavença com a direção de Informação, Sérgio Figueiredo. Os Negócios Estrangeiros serão a sua próxima pasta, se Cavaco Silva aceitar (Luísa Meireles)
Mariana Vieira da Silva, secretária de estado adjunta de Costa: um percurso natural
É dos elementos da nova geração socialista que apoia António Costa. Mariana Vieira da Silva, 37 anos, filha do antigo e novamente ministro Vieira da Silva, socióloga de profissão, já conhece os corredores do poder. Foi adjunta da ministra da Educação Maria de Lurdes Rodrigues, entre 2005 e 2009, e também, nos dois anos seguintes, adjunta de José Almeida Ribeiro, secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro, José Sócrates. Mariana Vieira da Silva Integra a comissão política nacional e o gabinete de estudos do PS. Esteve ao lado de Maria Manuel Leitão Marques (agora ministra da Presidência e da Modernização Administrativa) na preparação da Agenda para a Década. A secretária-adjunta do primeiro-ministro é investigadora do CIES (um centro de investigação do ISCTE, de Lisboa), estando a desenvolver um doutoramente em políticas públicas. No plano académico, tem trabalhado os temas da política de saúde, política de educação, política de justiça, assim como os efeitos da internet nos media clássicos europeus. Numa entrevista em que analisou o legado dos anos da troika, afirmou que os portugueses "assumiram com demasiada facilidade uma ideia de culpa".
Ministro da Segurança Social: Vieira da Silva, de volta ao lugar onde foi feliz
José António Vieira da Silva volta ao Ministério que ocupou entre 2005 e 2009 e onde realizou uma das mais importantes reformas estruturais realizadas em Portugal. José António Vieira da Silva, 62 anos, licenciado em Economia pelo Instituto Superior de Economia e Gestão, atual deputado (cabeça-de-lista) pelo círculo eleitoral de Santarém, é o novo ministro do Trabalho, da Solidariedade e Segurança Social. Volta ao lugar que ocupou no primeiro governo de Sócrates, entre 2005 e 2009, e onde levou a cabo uma das mais importantes reformas estruturais realizadas no país. Foi braço-direito de Ferro Rodrigues, primeiro no Governo (foi seu secretário de Estado na Segurança Social e nas Obras Públicas), depois no PS (foi secretário nacional para a Organização enquanto Ferro era o líder), por último na direção da bancada parlamentar (foi seu vice no último ano). Não quis tomar partido nas eleições internas que opuseram José Sócrates a Manuel Alegre e João Soares, no verão de 2004, mas aceitou presidir à comissão organizadora desse congresso. Foi convidado para ministro do Trabalho e da Solidariedade Social no Governo de Sócrates que saiu das legislativas de fevereiro de 2005. Com a renovação do mandato (ainda que sem maioria absoluta, em 2009), Sócrates recompôs o Governo mas Vieira da Silva manteve-se, assumindo a pasta da Economia - que tinha sido de Manuel Pinho no primeiro Governo. Desde 2011 que era deputado à Assembleia da República (eleito por Setúbal, primeiro, por Santarém nesta legislatura) e um dos principais conselheiros de António Costa em matérias económicas (fez parte do grupo que elaborou o cenário macroeconómico) (Cristina Figueiredo)

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