MIGUEL ALBUQUERQUE - A minha escolha de Miguel Albuquerque para este barómetro tem a ver com a importância da recente visita à comunidade madeirense na Venezuela a que se seguirá uma deslocação semelhante à África do Sul. Temos que ter a consciência de perceber que a realidade venezuelana, económica, financeira, social, de segurança, etc, é grave, que há muita incerteza naquele país, pelo que quaisquer projectos estão um pouco condicionados. Isto faz com que não se façam grandes planos futuros, sem percebermos como vai evoluir e em que direcção vai evoluir a Venezuela daqui a dias a braços com eleições. O mesmo se passa na África do Sul que, embora melhor do que a Venezuela, continua a debater-se com problemas internos complexos. Apesar de tudo é importante que o Presidente do Governo mantenha contactos regulares com as comunidades, que o Governo Regional estabeleça e mantenha pontes de contacto com os nossos conterrâneos espalhados pelo mundo. Provavelmente há muita coisa a fazer nas próprias comunidades, desde a organização das comunidades para uma maior participação, e mais activa, na política dos países de acolhimento, sobretudo ao nível das segundas e gerações seguintes. Há também que preservar, nas famílias e nos centros e associações, a língua portuguesa e não reclamar para o exterior o ensino do português e depois no dia-a-dia, usar o inglês ou o castelhano como língua de contacto nas famílias e nos centros.
EVERJETS - A Everjets empresa com sede operacional no Porto mas detida por capitais privados com origem em Braga está no mercado regional efectuando ligações aéreas diárias entre o Funchal e Lisboa e Porto, alimentando outros projectos empresariais que podem ter sucesso e ser um contributo importante para a Madeira. Sabe-se que a estimativa da empresa aponta para um valor da ordem dos 50 mil passageiros,que será introduzido um preço por viagem de ida e volta para madeirenses em tarifa "standard" e que em Fevereiro de 2016 está prevista a introdução do segundo avião, isto depois de se constatar a reacção do mercado.
Neste momento - porque isso é que conta - o principal desafio da nova empresa é o de ganhar credibilidade e respeito por parte dos consumidores, neste caso os passageiros. Uma empresa da dimensão desta, que nunca saiu de um limitado raio de acção em termos de aviação comercial, precisa, mais do que as boas intenções, de dar garantias de tudo, de organização, de profissionalismo, de qualidade dos equipamentos, de segurança, de qualidade da manutenção, de cumprimento rigoroso das regras estabelecidas, etc. Quando essa confiança se for gerando, acredito que a Everjets poderá aos poucos impor-se no mercado desde que o faça de forma paulatina, sem exageros, sem excessos, sem demasiadas ambições que ponham em causa este projecto empresarial. Ainda por cima trata-se de uma empresa com origem em Braga, cidade a que me ligam forte sentimentalismo por razões pessoais. Mais do que boa sorte, mais do que desejar sucessos, há que começar a demonstrar que esta nova empresa não será mais uma, mais uma para ir ao pote, mas antes mais uma que fará a diferença.
CARAM - Ficamos a saber que o Centro de Abate de Região Autónoma da Madeira não consegue sobreviver sem a injecção de dinheiros públicos por parte do Governo Regional, em nome da Região, que é a accionista única da empresa. Por isso foi aprovado um aumento do capital social da empresa, no valor de 175 mil euros destinados a “acautelar as despesas de funcionamento próprias do ano corrente”. O CARAM - Centro de Abate da Região Autónoma da Madeira é uma entidade pública empresarial. Ou seja, estamos perante um dossier que precisa de ser rapidamente resolvido, com muito pragmatismo e sobretudo com muita lógica.
RUBINA LEAL - Ao contrário do que possam Rubina Leal não tem nada a ver com qualquer postura cinzenta na política. A Secretária Regional não se encaixa, por aquilo que conheço dela, naquela teoria idiota de andarem a repetir que existe uma nova forma de estar e fazer política - como se isso fosse importante (a atitude política depende da forma de pensar de cada um e da liberdade que um partido concede ou não aos seus dirigentes e militantes), como se isso fosse a causa da falta de credibilidade da política, e depois cruzar os braços, à espera que os partidos da oposição, no caso concreto dos social-democratas regionais, "batam no ceguinho". Ao ponto do PSD-Madeira quando despertar estar derrotado ou atirado para a oposição. Rubina numa recente ida ao parlamento acusou a oposição de "demagogia" e negou intenção de privatizar os apoios sociais. Falou grosso como lhe compete e tem que ser. Nada de misturas. Tolerância sim, respeito democrático por todos sim, mas nada de desvirtuar a realidade política e eleitoral. Rubina Leal falou grosso e mostrou à oposição, sobretudo a mais "velha" no parlamento regional que em vez de uma personagem frágil, cinzenta e sem conteúdo político, o tiro lhes saiu-lhes pela culatra. Dali - como diz o povo - não penso que levem alguma coisa. Provavelmente correm até o risco de perderem todos os debates com ela. Política é isto mesmo. Nada de confusões.
JS - Não percebo bem o que quer a Juventude Socialista da Madeira, nem sequer conheço a dimensão da sua representação. Não creio que esteja a fazer concorrência ao PS regional e a ocupar o seu espaço. Mas em vez de trabalhar com os jovens madeirenses, de mobilizá-los para a política, de ouvi-los para saber o que realmente pensam e o que querem, a JS vem para a praça pública com banalidades, temporalmente desajustadas e que politicamente podem até nem constituir a sua praia prioritária. Vem isto a propósito do lançamento da uma campanha denominada “Sem Medidas, Sem Governo”, com a qual pretende denunciar a alegada “incapacidade e desorientação política demonstrada pelo actual executivo madeirense”. Por acaso a JS local já se esqueceu que o Governo Regional em funções foi empossado em Abril deste ano? Achariam bem que o PSD lançasse idêntica iniciativa caso o governo fosse socialista? Na sua prosa acha a JS que “ao fim de 8 meses da governação de Miguel Albuquerque, a Madeira está sem rumo e sem governo. Resta saber até quando”. O que provavelmente seria de perguntar à JS é o que é que de concreto fez esta organização para inventariar e resolver os problemas dos jovens. Desconheço qualquer acção com reconhecida utilidade concreta. Talvez por isso nem no parlamento regional, nem na Assembleia da Republica elegeram qualquer representante próprio. Sintomático.
TAP - Apesar de derrubado e de estar em gestão, o governo da coligação PSD-CDS formalizou o negócio da venda da TAP uma decisão envolta em polémica mas que pode ter sido deliberadamente desencadeada, dadas as conhecidas divergências entre os parceiros do acordo da esquerda sobre este tema. A verdade é que a TAP precisava urgentemente de dinheiro, não tinha dinheiro para salários e para comprar combustíveis, corria o risco de ter aviões em terra no final deste mês por causa disso, enfim, estamos a falar de uma empresa falida, ou em vias disso. Entretanto o novo dono da TAP David Neeleman defendeu as companhias 'low cost' são o maior desafio, revelando que o plano para a novc TAP é ter tarifas baixas para quem quiser viajar atrás e mais apertado. "Passei pelo Porto no outro dia e fiquei assustado com oito aeronaves da Ryanair e mais quatro da DEasyJet. Não podemos desistir. Temos que nos tornar mais competitivos", afirmou.
O consórcio Gateway, de David Neeleman e Humberto Pedrosa injectou 150 milhões de euros na TAP, para combater a situação de colapso de tesouraria da empresa e confirmou a encomenda de 53 novos aviões para a frota da transportadora.Previsto um reforço das ligações para o Brasil e para África, mercados essenciais para a companhia aérea.
Apesar da situação em que se encontra a TAP tal como a conhecemos, a companhia aérea de bandeira passou à história. Vamos ter uma companhia diferente a competir com as "low cost" e que aos poucos será apenas mais uma, deixando de constituir - como o tempo se encarregará de me dar razão - qualquer motivo de orgulho para os portugueses. Como acontecia até hoje. Resta saber se este processo é irreversível ou se com um governo de esquerda liderado pelo PS - caso esse cenário remoto se concretize - daremos ou não passos atrás com o risco da empresa fechar de vez, segundo prognosticam os especialistas.
DESEMPREGO - Há dias ficamos a saber que, “depois da
forte queda registada entre Março e Junho, a taxa de desemprego estabilizou em
11,9% no final do terceiro trimestre de 2015”, o que coloca o desemprego no
nível mais baixo desde a chegada da troika de credores a Portugal (em Maio de
2011). Contudo, analisando bem os números divulgados pelo INE, constata-se que “há
menos pessoas empregadas e o desemprego de muito longa duração ganha expressão,
representando agora quase metade do total”. No final de Setembro, cerca de 48% dos
618,8 mil desempregados oficialmente registados procurava trabalho há mais de
dois anos, percentagem que é a segunda mais elevada desde que há registo - só
superada pelos 48,1% na recta final de 2014, traduzindo um agravamento tanto em
relação ao segundo trimestre de 2015, quer em relação ao período homólogo
(45,7%). Estão nessa situação 295 mil pessoas, que são na sua maioria homens. Segundo a notícia, “quando se alarga a análise ao conceito de desemprego de longa duração (há
mais de um ano), o INE aponta para a existência de 390,7 mil pessoas nessa
situação (63,2% do total)”. Sabe-se também que o número de
jovens no desemprego, no final de Setembro, aumentou 13%, passando de 104,7 mil
para 118,3 mil, tendo-se registado um um fenómeno semelhante entre os
desempregados com o ensino superior que são agora mais 19%. Ou seja, tudo continua
negro, bastante negro apesar da “limpeza” cirurgicamente efectuada nas estatísticas
oficiais do desemprego.
SEDES - Uma das primeiras consequências do corte do jackpot - aliás expectável - no caso dos partidos maiores, foi o encerramento de sedes, umas já concretizadas, ou já decididas mas ainda não concluídas. O problema é simples: sem recursos financeiros, e a braços com compromissos bancários condicionadores, e que decorreram de campanhas eleitorais que dificilmente voltarão a ser hoje o que foram no passado, os partidos, falo mais em concreto do PSD e do PS - mas sobretudo os social-democratas - terão que reduzir a sua presença no terreno. No caso do PS parece que apenas Funchal e Porto Santo terão sedes próprias, enquanto que o PSD terá decidido fechar cerca de metade das sedes existentes até hoje, ou entre 25 a 27 estruturas.
Obviamente que esta decisão por um lado contrasta com os propósitos dos partidos de estarem mais próximos dos eleitores, sobretudo dos militantes e simpatizantes. Mas a verdade é que as bases dos partidos precisam de entender isso e de perceber as decisões tomadas, mas depende como o assunto lhes será colocado por quem de direito, explicando que que sem recursos financeiros suficientes, há projectos partidários que não podem ser mantidos. A opção pela redução das verbas do jackpot - na realidade do financiamento partidário por dia da Assembleia Legislativa - foi política, aceite por todos (falamos de um corte de 40%) tinha inevitavelmente que ter consequências, quer nos encargos com as campanhas eleitorais, que foram claramente mais contidas e estiveram mais distantes em termos de presença no terreno, quer na definição de uma estrutura própria de sedes. Penso que dificilmente o PSD deixará de caminhar para o modelo de sedes concelhias, provavelmente juntando mais algumas, poucas, em freguesias com mais militantes. O que se espera é que os partidos maiores e com mais responsabilidades, não se confundam com os partidos mais pequenos - alguns deles nem sedes, nem dirigentes, nem filiados têm.
PARIS - A capital francesa foi uma vez mais alvo de atentados terroristas, desta feita espalhados por vários locais, matando cerca de 130 pessoas e revelando uma preocupação dos autores, a de matarem indiscriminadamente pessoas e instalarem o medo na sociedade francesa. Penso que o futuro da Europa vai conhecer uma profunda mudança. A Europa depois dos atentados em Paris será diferente, completamente diferente, porventura mais fechadas, porque os europeus vão exigir que a sua segurança seja garantida pelos governos. Penso que a Europa de Schengen poderá estar a caminhar para o seu fim. Temo igualmente que o discurso extremista e xenófobo se intensifique e que o movimento de refugiados na Europa venha a conhecer, da parte de muitos países europeus, uma outra forma de ser encarado, que pouco ou nada terá a ver com as facilidades que se previam. Basta referir que num dos locais palco dos atentados em Paris foi descoberto um passaporte que terá pertencido, segundo o governo grego que já o admitiu, a um refugiado que passou por vários países europeus até chegar à França e à Bélgica. Isto vai colocar em cima da mesa medidas que não tinham sido pensadas antes, mas a verdade é que este é o reverso de um combate ao terrorismo que tem que unir os europeus, tem que passar por mais condições de eficácia, de operacionalidade e de controlo às entidades policiais e serviços de informação. Não podemos reagir depois do mal feito, levados pelo sentimento popular. As coisas têm que ser pensadas e prevenidas antes de acontecerem, já que a ameaça é bem evidente. Mais dos que os 130 mortos que os atentados provocaram estas acções atribuídas a radicais conotados com o Exercito Islâmico pode ter gerado a semente para o nascimento de uma Europa mais radical, menos tolerante, mais fechada e pouco aberta a fenómenos sociais como é o caso dos refugiados. Oxalá que tudo se resolva de forma diferente. Mas sinceramente tenho muitas dúvidas.
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