“Estão na frente de combate do Estado Islâmico,
algures no proclamado Califado que se estende entre a Síria e o Iraque.
Exibem-se nas redes sociais com cabeças de soldados sírios, já perderam a conta
aos homens que mataram na Guerra Santa e muitos deles têm a cabeça a prémio no
Reino Unido e nos Estados Unidos. Os dez homens considerados mais perigosos
pelas secretas, entre os mais de 3 mil estrangeiros que combatem em nome de
Alá, levavam uma vida não muito diferente de outros jovens ocidentais. Hoje são
procurados, alguns com recompensa.
1 - JIHADI JOHN
Esta semana, o primeiro-ministro britânico David
Cameron deu ordens ao MI5, MI6 e GCHQ, os três serviços de informações
britânicos, para abaterem a todo o custo o jihadista suspeito de decapitar dois
jornalistas americanos (James Foley e Steven Sotlof) e dois voluntários
britânicos (Alan Henning e David Haines). E o Senado norteamericano ofereceu
mais de 7 milhões de euros a quem tenha informações que contribuam para a
captura de Jihadi John. Apesar de aparecer sempre encapuzado nos vídeos das
decapitações, as secretas inglesas e dos EUA dizem saber a identidade deste
homem. Os jornais britânicos avançam com três nomes possíveis, mas tudo aponta
que o carrasco das quatro vítimas seja o rapper inglês Abdel-Majed Abdel Bary,
de 23 anos, que cresceu no noroeste de Londres proveniente de uma família
abastada. Os outros dois suspeitos são Abu Hussain al-Britani, de 20, um hacker
de Birmingham, e Abu Abdullah al-Britani, de Portsmouth. O nickname 'John'
deve-se ao facto de o jihadista pertencer a um grupo, todos oriundos de Londres,
conhecidos como 'Os Beatles'
2 - SALIM BENGHALEM, O FRANCÊS
É o jihadista francês que mais preocupa as
autoridades. Quando era jovem, Salim Benghalem, de 34 anos, fumava erva,
frequentava discotecas e levava uma vida boémia. Hoje é acusado de organizar
algumas das mais importantes execuções em nome do Estado Islâmico. Antes de
viajar para a Síria, em 2012, deixando para trás a mulher e os dois filhos, já
tinha um pesado cadastro: em 2007 foi
condenado a onze anos de prisão por um homicídio mas seria libertado em 2010,
por bom comportamento na prisão. O Departamento de Estado dos EUA incluiu-o
recentemente numa lista dos 10 terroristas mais perigosos de todo o mundo. É
considerado não só um homem influente nos bastidores da organização como um dos
principais torturadores e assassinos dos homens de Abu Bakr al-Baghdadi.
3 - O ANÓNIMO DE SEXTA-FEIRA
Fala o inglês de um súbdito de Sua Majestade com a
mesma violência dos mais radicais. Na última sexta-feira, surgiu num vídeo, de
cara tapada, a apelar aos muçulmanos do Reino Unido a insurgir-se contra o
Governo e a “causar terror nos corações” dos cidadãos britânicos. Este
jihadista anónimo chamou David Cameron de “suíno desprezível”, desafiando-o a
enviar tropas para o terreno de modo a que o Estado Islâmico “os mande volta,
um a um, em caixões”. Uma das suas frases transborda de fanatismo: “Estão a
combater pessoas que amam mais a morte do que vocês amam a vida.”
4 - AS DUAS FANÁTICAS DO EI
São duas mulheres, ambas nascidas no Reino Unido, e
têm partilhado o mesmo gosto pelo sangue nas redes sociais. Khadijah Dare, de
22 anos, uma londrina que se casou com um jihadista sueco, tem uma ambição na
vida: ser a primeira mulher a cortar a cabeça a um “infiel”. No Facebook tem apelado
às mulheres muçulmanas dos bairros londrinos a juntar-se ao Estado Islâmico. Um
discurso muito semelhante ao de outra jihadista que tem como nome de guerra Al
jazraweeya. Esta última, de 18 anos, tem colocado frases polémicas no Twitter
como a de querer a cabeça de Cameron “espetada num pau de ferro”.
5 - O RAPPER ALEMÃO DA PROPAGANDA
Era uma estrela da primeira divisão do hip hop alemão.
Deso Dogg, nome artístico de Denis Mamadou Gerhard Cuspert, gostava de cantar
este refrão: «A minha vida é um desastre, cada dia ao levantar-me...”. Como
tantos outros milhares de jovens, viajou para a Turquia e depois para a Síria
para se juntar ao Estado Islâmico. Nas redes sociais tem mais de 100 mil
seguidores e é considerado um ídolo no fórum do Facebook, Estado Islâmico
Berlim. A propaganda jihadista tem aproveitado a sua notoriedade para recrutar
mais jovens à causa extremista. E Deso Dogg não se faz rogado, deixando-se
fotografar armado e de cara destapada nos campos de batalha da Síria. “Sou
explosivo como uma granada de mão”, canta, em rap, numa outra canção.
6 - PINÓQUIO, O CARCEREIRO
É o nome que os reféns do Estado Islâmico mais temem.
Tanto Alan Henning como John Cantlie foram sujeitos a torturas bárbaras, que
incluíram choques elétricos, espancamentos e afogamentos, levados a cabo por
este jihadista que se presume ser também britânico. As vítimas apelidam-no de
Pinóquio porque o carcereiro lhes mente constantemente.
7 - O SÁDICO AUSTRALIANO
Tornou-se famoso ao partilhar no Twitter uma
fotografia sua a segurar a cabeça de dois soldados sírios. Mas essa não é a única
imagem onde o australiano Mohamed Elomar, nascido em Sydney, surge
ao lado de membros esquartejados. O guerrilheiro, que chegou a ser preso na
Austrália por organizar atentados falhados em Sydney e Melbourne, tem colocado
tweets perturbadores como “mais umas belas cabeças na minha coleção”.
Recentemente a sua mulher, Fátima, foi detida na Austrália, quando se preparava
para viajar para a Síria.
8 - O EX-SOLDADO HOLANDÊS
Um homem que usava a farda do Royal Netherlands Army
(RNA), o exército holandês, chamou a atenção de um produtor de televisão
holandês que andava à procura de jihadistas daquele país. Um ano depois,
Yilmaz, um cidadão holandês com ascendência na Turquia e ex-soldado do RNA, é uma
figura pública naquele país, depois de dar várias entrevistas a vários canais
de TV. Numa delas assegura que ele, e os restantes combatentes ocidentais,
viajaram para a Síria “com o objetivo de morrer”. As dezenas de fotos e vídeos
que partilha nas redes sociais misturam imagens de crianças órfãs com a guerra,
batalhas travadas no norte do país e até de vários “gatos dos mujahideen”.
9 - KOKITO, OH ESPANHOL
O seu nome verdadeiro é Mohamed Hamduch, tem 28 anos,
tem nacionalidade espanhola e marroquina e aparece em sites pró-jihadistas
segurando uma faca ensanguentada ao lado de cinco cabeças cortadas de soldados
inimigos. Os companheiros de guerra chamam-lhe de Kokito e em Espanha é
considerado o mais perigoso terrorista que combate na Síria. Hamduch, que nasceu
perto de Ceuta e se casou com uma espanhola, foi recrutado pelo 'patrão' dos
jihadistas marroquinos: Mustafá Maya Amaya, detido em março em Melilla.
10 - PATRÍCIO: DE SINTRA PARA A SÍRIA
É um dos 15 jihadistas portugueses que combate na
Síria e considerado um dos mais influentes entre os ocidentais. Patrício, 28
anos, tem raízes em Angola, cresceu nos arredores de Sintra, converteu-se ao
Islão em 2011 e há dois anos que se juntou ao Estado Islâmico, ao lado de
outros radicais da Suécia. O seu nome consta de uma lista das autoridades
internacionais por estar ligado a atentado terrorista falhado do grupo radical
Al-Shabaab, na Tanzânia, em 2013. A licenciatura em engenharia, com
especialização na área de petróleo, tornou-o numa peça fundamental em Alepo e
no Estado Islâmico" (texto do jornalista do Expresso Diário, HUGO FRANCO, com a
devida vénia)