Segundo o Expresso, num texto do jornalista João
Silvestre, as “contas do FMI colocam Portugal entre os países com maiores
necessidades de financiamento. Crescimento fraco e subida mais rápida dos juros
são os maiores riscos potenciais. As contas do Fundo Monetário Internacional
(FMI) divulgadas hoje apontam para necessidades de financiamento do Estado de
72,5 mil milhões de euros, em 2014 e 2015. De acordo com o relatório Fiscal Monitor,
que o Fundo publica duas vezes por ano para analisar a situação orçamental dos
países, Portugal tem que se financiar em 22,1% do PIB no próximo ano e em 20,5%
do PIB em 2015 para amortizar a dívida que vence nestes dois anos e pagar os
défices orçamentais. Entre as economias avançadas analisadas pelo FMI apenas
quatro países - Japão, Itália, EUA e Grécia - tem maiores necessidades de
financiamento nos próximos dois anos (em percentagem do PIB). Neste momento, de
acordo com os últimos dados da Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida
Pública (IGCP), já está totalmente assegurado o financiamento de 2013 e começou
a ser pré-financiado 2014, faltando apenas 8,2 mil milhões de euros que terão
que vir de emissões de Obrigações do Tesouro. Estas contas do IGCP são feitas
no pressuposto que os Bilhetes do Tesouro (BT) são refinanciados por novos
instrumentos semelhantes, enquanto o FMI inclui estes instrumentos de dívida de
curto prazo nas suas necessidades de financiamento estimadas. Assim, enquanto o
IGCP estima necessidades totais de 39,5 mil milhões nos próximos dois anos, o
FMI aponta para quase o dobro e o grosso da diferença está precisamente nos BT
cujo volume ronda atualmente 20,7 mil milhões. O Fiscal Monitor coloca Portugal
como um dos países avançados mais vulneráveis em termos orçamentais. Apenas
quatro outras economias (Bélgica, Grécia, Japão e EUA) estiveram sempre no
'vermelho' em termos de indicadores de vulnerabilidade desde 2009. No caso
português, os dois fatores mais preocupantes são precisamente as necessidades
de financiamento anuais e o volume de dívida bruta. Como potenciais riscos, os
técnicos do Fundo destacam a possibilidade de o crescimento económico ser
inferior ao esperado e as taxas de juro evoluírem de forma desfavorável”.