segunda-feira, outubro 28, 2013

Gregos marcam linha vermelha à troika

Segundo o Expresso, num texto do jornalista Jorge Nascimento Rodrigues, a equipa da troika regressa a Atenas a 4 de novembro. Os partidos da coligação definiram os limites das concessões que farão. Não aceitam mais austeridade. Os dois partidos da coligação governamental na Grécia acordaram num memorando de 12 páginas onde fica expresso que Atenas não aceita mais medidas de austeridade na negociação com a troika. O jornal grego Kathimerini chamou-lhe de documento de marcação de uma "linha vermelha" pelo governo presidido por Antonis Samaras, apoiado pela Nova Democracia e pelos socialistas do PASOK. O memorando foi assinado por Antonis Samaras e Evangelos Venizelos, os líderes dos dois partidos. A troika regressa a Atenas a 4 de novembro para o "exame" do andamento do programa de resgate. Em Bruxelas, aquando da cimeira europeia desta semana, o primeiro-ministro grego referiu que o ajustamento orçamental deverá vir de medidas estruturais e não de mais medidas de austeridade. Deu um número a esse ajustamento para 2014 de não mais de 500 milhões de euros. O que serão essas medidas estruturais ainda não está detalhado, mas o jornal grego adianta que fontes governamentais recusam que se avance no campo de cortes nas pensões. No entanto, uma comissão de especialistas analisará o assunto a partir de meados de novembro. Uma nova grelha salarial na função pública, limites às despesas dos organismos públicos e o combate à fraude e desperdício no sistema de pensões parecem estar na calha.
Não a mais austeridade
"A Grécia está, agora, numa posição para dizer ao mundo com toda a razão que novas medidas orçamentais de corte em salários e pensões não devem e não podem ser adotadas. A sociedade e a economia grega não podem tolerar mais medidas dessas", lê-se no memorando. O documento considera que "o ciclo vicioso de recessão e de desemprego deve ser quebrado imediatamente". Referindo que um processo de sustentabilidade da dívida grega deve ser mantido, o documento faz alusão a um "Plano de Reconstrução Nacional", onde o turismo, a energia, os transportes marítimos e a inovação são referidos como prioridades.O diário grego refere, no entanto, que, à margem da cimeira europeia, o encontro de Samaras com a chanceler alemã Angela Merkel foi fugaz, e que Atenas ouviu de Berlim uma seca resposta de que "a posição do governo alemão não mudou" e que o assunto deve ser tratado com a troika. Na Grécia comentou-se a diferença de tratamento dado pela chanceler aos gregos e aos cipriotas na cimeira. Merkel terá elogiado o presidente cipriota Nicos Anastasiades e sugerido que Nicósia poderá estar na fila para "mais apoio".
Atenas apoia-se em Christine Lagarde
Um dos argumentos do governo grego é que será alcançado um excedente no saldo primário estrutural no final do exercício orçamental de 2013. A consolidação orçamental acumulada em termos de saldo primário no período de 2011 a 2013 foi a mais elevada entre os países periféricos do euro, resgatados ou não, totalizando 8,91% do PIB potencial, segundo dados das previsões de Primavera da Comissão Europeia. O valor para Portugal foi de 6,73%, para Espanha de 4,45%, para a Irlanda de 4,04% e para a Itália de 3,95%. O Fundo Monetário Internacional (FMI) tem insistido que quer ver resolvido, com antecedência, por parte do Eurogrupo (a reunião dos ministros das Finanças da zona euro), o "buraco" no financiamento do segundo programa de resgate à Grécia depois de julho de 2014. No entanto, o Fundo tem evitado deitar gasolina na fogueira. "Os europeus têm afirmado que apoiarão o programa para além de 2014. Esse problema deverá ser concluído em algum momento. Mas sugerir que o assunto está a correr em pista lenta ou algo assim, não me parece ser a forma adequada de olhar para o assunto agora", disse William Murray, porta-voz adjunto do FMI, numa conferência de imprensa na semana que findou. Os gregos têm, também, sublinhado a posição recente de Christine Lagarde, diretora-geral do FMI, aquando da assembleia anual do Fundo em Washington DC. Lagarde afirmou, claramente, em conferência de imprensa, a 10 de outubro, que não haverá lugar a mais cortes horizontais na Grécia em salários e pensões em 2014. A responsável do FMI confirmou que o governo grego deverá atingir um excedente primário em 2013, mais do que um défice zero exigido pelo programa de resgate, e que, por isso, o Eurogrupo deverá cumprir a palavra dada de reduzir para níveis adequados o nível da dívida pública grega, hoje em dia maioritariamente detida pelos credores oficiais, e nomeadamente pelos europeus. Muitos analistas dizem que o Eurogrupo, e em particular a Alemanha, não estará disposto, agora, a honrar o compromisso"