sábado, setembro 28, 2013

Vendas de reservas petrolíferas podem dar gás às exportações

Escreve o Jornal I que "a empresa das reservas estratégicas vai ter de vender 200 mil toneladas de petróleo para cobrir o prejuízo de 120 milhões de euros de um contrato de swap. Em Junho, o governo anunciou que a Egrep – empresa gestora das reservas estratégicas de petróleo – ia vender reservas excedentárias para cobrir o pagamento de 122 milhões de euros ao JP Morgan, pelo fim antecipado de um contrato de swap. A operação deverá realizar-se até ao final de Outubro e poderá ter um impacto positivo nas exportações portuguesas, caso as reservas a alienar estejam guardadas em Portugal e sejam vendidas para fora do país. A Egrep tem reservas totais de 1,1 milhões de toneladas, das quais 800 mil são constituídas em petróleo. Os outros 300 mil são produtos petrolíferos. A empresa pública tem como missão constituir um terço das reservas estratégicas de combustíveis, que têm de durar para 90 de dias de abastecimento. No entanto, fruto da queda de consumo verificada nos últimos anos, a Egrep acumulou quantidades excedentárias que hoje permitem já abastecer mais de 40 dias de consumo. A venda que está a ser planeada vai incidir sobre 200 mil toneladas de petróleo, adiantou ao i o presidente da empresa. Paulo Carmona referiu contudo que ainda não há decisão sobre qual o petróleo a colocar no mercado. Na Alemanha estão armazenadas 400 mil toneladas de crude. Em Portugal está guardada uma quantidade equivalente em instalações da Galp. A matéria está a ser discutida com as petrolíferas. Caso se opte por vender as reservas em território nacional, e se o vendedor for internacional – em tese a Galp poderá comprá-las desde que o faça numa operação em regime de mercado –, então a transacção vai aumentar as exportações nacionais. Neste cenário, haveria também um efeito positivo no PIB (produto interno bruto). Mesmo que a Galp seja a compradora, haverá sempre um impacto favorável na balança comercial, uma vez que diminuirá as necessidades de importação. O mesmo não acontecerá se for vendido o petróleo que está na Alemanha. Neste caso não há saída física da mercadoria de Portugal e a operação não entra para as estatísticas do comércio internacional, explicou ao i fonte oficial do INE (Instituto Nacional de Estatística). A opção de alienar as reservas em Portugal iria reforçar o peso dos produtos petrolíferos no mix das exportações nacionais. A venda de produtos refinados pela Galp, sobretudo gasóleo, tem sido o grande motor das exportações, desde que começou a operar o novo equipamento da refinaria de Sines. Os produtos refinados representaram 9% das exportações no primeiro semestre, segundo o jornal “Expresso”. A decisão de venda das reservas excedentárias é financeira e tem como objectivo “tapar” um buraco que ficou nas contas da Egrep pelo fim antecipado de um contrato swap. Do ponto de vista físico, a operação, inédita na história da empresa, suscita várias questões. Uma delas prende-se com  a eventual necessidade de as petrolíferas reforçarem as reservas próprias, uma vez que os operadores ajustam o seu stock em função das quantidades armazenadas pela Egrep. Outra solução em cima da mesa é o recurso ao “aluguer” de reservas detidas por terceiros, opção prevista nos estatutos da Egrep. Os detalhes da operação têm de ser aprovados pelo conselho consultivo da Egrep, onde estão as petrolíferas e a Direcção-Geral de Energia, que ainda não se pronunciou".