quinta-feira, setembro 12, 2013

Rui Machete desdramatiza diferendo com espanhóis sobre Selvagens

Segundo a Lusa, “o ministro dos Negócios Estrangeiros desdramatizou em Bruxelas o diferendo com Espanha em torno das ilhas Selvagens, na véspera de um encontro em Madrid com o seu homólogo espanhol, com quem eventualmente "trocará impressões" sobre a matéria. Em declarações à imprensa à saída de um encontro com o presidente do Conselho Europeu, Herman van Rompuy, Rui Machete afirmou que "o diferendo é uma diferença de opiniões, que em princípio é resolvido no órgão próprio da interpretação da Convenção do Direito do Mar, que é na ONU, não é propriamente um conflito grave entre Estados que têm as melhores relações".
"Não há nenhum dramatismo nem nenhuma questão que seja similar a outras que, por vezes, se põem mesmo com Estados da União Europeia, portanto não há que dramatizar e não há que estar preocupado com isso. Há-de resolver-se na altura devida. Nós pensamos que a nossa interpretação é a correcta, se os nossos vizinhos e amigos espanhóis pensarem que a deles é que é a correcta, teremos de discutir isso nos sítios convenientes, mas sem que isso prejudique as boas relações de entendimento, que são efectivamente muito importantes", disse. Rui Machete garantiu que a questão não faz parte da reunião que terá com o ministro espanhol, José Manuel Margallo, até porque "são problemas técnico-jurídicos especializados", para mais tarde "resolver pelos meios adequados que estão previstos".
"São muito mais os interesses comuns que os interesses que nos dividem", insistiu, reforçando que o diferendo sobre as Selvagens é um "problema sem particular significado nas relações" entre "vizinhos que se estimam".

O chefe da diplomacia portuguesa disse a 02 de Setembro que Portugal encaminharia "em breve" para as Nações Unidas um documento para reafirmar o direito de Portugal alargar a sua jurisdição em águas à volta das Ilhas Selvagens. A reacção portuguesa surgiu depois de Espanha ter voltado a contestar junto das Nações Unidas a pretensão de Portugal de alargar a sua Zona Económica Exclusiva de 200 para 350 milhas com base na jurisdição sobre as Ilhas Selvagens. Espanha alega que as Selvagens não podem ser consideradas "ilhas", mas "rochedos", o que significaria uma redução substancial da Zona Económica Exclusiva de Portugal. No final de Agosto o Diário de Notícias divulgou uma carta enviada a 05 de julho pela missão da Espanha junto das Nações Unidas que dava conta de que o Governo espanhol "não aceita que as Ilhas Selvagens venham a gerir de alguma maneira uma zona económica exclusiva".