quinta-feira, setembro 05, 2013

Passar novos médicos a exclusividade custaria pelo menos 10 milhões



Li no Jornal I que ”o tema foi abordado nas reuniões com os sindicatos no ano passado não houve uma proposta concreta. Quando custaria pôr os médicos e enfermeiros a trabalhar em exclusividade para o Estado? As tabelas salariais em vigor para os médicos permitem, à falta de estudos, um exercício preditivo. No ano passado, sindicatos e Ministério da Saúde chegaram a acordo sobre um vencimento para um regime de 40 horas de trabalho, sem cláusula de exclusividade. Pensando que os 1000 médicos que terminam anualmente o internato entrarão no SNS a receber segundo o primeiro patamar deste novo regime, em que o salário base é de 2746,24 euros, a despesa anual com salários destes profissionais ronda os 38,4 milhões de euros. Se pudessem ser contratados pela tabela de 42 horas, mais dedicação exclusiva ao SNS, na qual se contavam em 2011 30% dos médicos ao serviço do Estado e que hoje as unidades estão proibidas de oferecer, o gasto seria de 47,5 milhões de euros, quase mais 10 milhões. Aqui ainda falta pesar o trabalho suplementar, que chega a pesar 50% no vencimento - ainda que a dedicação exclusiva e mais horário de trabalho, se fosse global, pudesse reduzir o recurso a este expediente. No regime das 40 horas acordado no ano passado, para a qual estão a transitar alguns médicos com tempo completo de 35 horas, o preço da hora é 15,84 euros. No regime de 42 horas com dedicação exclusiva são mais três euros, o que significaria horas extra também mais caras. Embora esteja na agenda do governo e tenha sido abordado nas reuniões com sindicatos no ano passado, o Ministério da Saúde disse ao i que não houve nenhuma proposta concreto, dada nesse sentido. Recorde-se que a posição do governo nestas negociações foi de que os resultados e acordos deveriam garantir "neutralidade orçamental", ou seja, não se traduzir num aumento de despesa. Fonte governamental rejeitou ter sido esse o motivo para a não inclusão da exclusividade no pacote das 40 horas, considerando este dossiê distinto da matéria salarial. Assim, não foi por exemplo negociado um novo valor para a exclusividade, trabalho que seria prévio ao avanço desta medida. Certo para já é que não há estudos sobre quantos médicos acumulam funções no privado e público e os dados mais recentes sobre vinculação exclusiva ao SNS são de 2011. Neste ano, cerca de 70% dos médicos hospitalares tinha luz verde para trabalhar no privado, ainda que alguns hospitais-empresa tenham cláusulas nos contratos que obrigam os médicos a solicitar autorização para tal. Já nos centros de saúde, a proporção é a oposta. Só 30% dos médicos não tem contrato exclusiva com o SNS".