Li no Público
que “na foto, Hollande aparece com um ar um pouco – não haverá muitas outras
maneiras de dizer – apatetado. Está a sorrir, os olhos meio esbugalhados, a
testa franzida. Em cima, uma frase escrita num quadro de escola sobre a
rentrée. A AFP decidiu tirar a foto de circulação, e o que conseguiu foi chamar
ainda mais a atenção para ela. Após a especulação ter crescido nos media
sociais, com alguns a evocarem mesmo um pedido do Eliseu para a não publicação
da imagem, outros a falarem mesmo de “censura”, a agência resolveu explicar o
que se passou, no seu blogue, num texto assinado pelo director de informação da
agência, Philippe Massonnet. Este garante que não foi o caso. Embora questione
a decisão de retirar a foto posteriormente – nem que seja por ter conseguido
exactamente o efeito de a tornar uma das mais partilhadas do dia.
A agência explica que na sua política está o
não publicar imagens que ridicularizem as pessoas. Ao aperceber-se de que esta
imagem tinha sido difundida ao mesmo tempo que outras – incluindo uma
semelhante que foi mesmo escolhida como foto do dia, mas em que o sorriso de
Hollande não é acompanhado pela expressão mais forte dos olhos e da testa – um
responsável do departamento de fotografia decidiu retirá-la. Muitas vezes, os
fotógrafos da AFP apanham dirigentes mundiais em poses pouco abonatórias,
“prestes a pôr o dedo no nariz”, por exemplo, e essas imagens não são
divulgadas. E nesta situação, o fotógrafo era de “pool”, ou seja, estava a
tirar fotografias não só para a AFP como para outras agências, tendo assim uma
“responsabilidade particular”: É suposto “dar uma visão do conjunto do evento”.
“É preciso evitar ângulos demasiado insólitos
ou demasiado redutores, susceptíveis de fazer sair a imagem do seu contexto ou
de distorcer o seu sentido”, sublinha Massonnet. A retirada da imagem, garantiu
o director de informação, “obedeceu a considerações puramente editorais”: “Foi
tomada em toda a independência. Não fomos objecto de qualquer pressão. Nunca a
presidência francesa nos exigiu que tomássemos esta medida.” Mas reconheceu o
erro: “Ao querer ‘matar’ esta foto após alguns minutos de existência,
duplicamos a sua esperança de vida e abrimos a porta a uma polémica sobre um
suposto intervencionismo do Eliseu. A credibilidade da agência ficou em causa”.
Tudo por causa de uma imagem “banal e muito longe de ser escandalosa, que teria
sem dúvida passado despercebida (a AFP publica em média 2500 fotos por dia)”.
