Li no Sol que Bruno Maçães, que acompanhava Passos Coelho nos Conselhos Europeus, foi escolhido para secretário de Estado. As suas ideias, escritas num blogue do Expresso, assustam várias pessoas no CDS. Até Janeiro desta ano, Bruno Maçães, foi adjunto do primeiro-ministro em São Bento. No PSD há quem o lembre como um dos autores do discurso da TSU, em Setembro de 2012 - um dos mais criticados de Passos nestes dois anos. Desde que saiu de funções públicas, Maçães - um jovem académico de méritos reconhecidos e vasto currículo - tem escrito alguns textos de opinião num blogue do Expresso. As suas ideias políticas estão longe de serem compatíveis com as dos centristas, que têm clamado por um novo ciclo de governação.
A tese da austeridade
«A austeridade funciona? Parece que sim», dizia Maçães, num texto a 11 de Abril. Falava das políticas aplicadas na Irlanda, explicando porque o ajustamento irlandês é um «sucesso» e porque, no seu entender, «os funcionários públicos irlandeses são os grandes heróis de uma recuperação assombrosa». É por isto: assumiram cortes enormes nos salários, continuam a sofrer cortes, e ainda assim a economia irlandesa dava sinais de recuperação - contrariando a tese da austeridade recessiva. Bruno Maçães, aliás, não tem problemas com a palavra «austeridade» e escreveu isso mesmo no seu blogue. Em «dois mitos sobre a austeridade», tenta explicar por que «nem toda a consolidação orçamental merece o nome de austeridade» e que «a relação entre austeridade e recessão é muito menos direta ou evidente do que se pensa».
Contra falsos consensos
Contra-corrente, mas sem meias palavras, o novo secretário de Estado dos Assuntos Europeus fez outros textos polémicos. Num deles, a 23 de Abril, argumentou contra a «armadilha do consenso»: «Se convidar o PS para um consenso sem condições [um consenso que é anterior à formulação de quaisquer escolhas ou princípios], o Governo estará a fazer apenas uma coisa: a oferecer a credibilidade e autoridade que Seguro nunca foi capaz de conquistar sozinho.» Contra a sentença do Tribunal Constitucional que chumbou várias normas dos últimos orçamentos do Estado, seguiram também extensas análises. Quer sobre as teses que delas resultaram, quer sobre as consequências de imprevisibilidade que delas dizia decorrerem: «A Constituição é, aparantemente, uma lotaria babilónia e aparentemente é assim que devemos viver daqui para a frente».
Um BCE a meio caminho
Mas a que mais contraria a visão centrista da política é a tese de Bruno Maçães sobre o papel do BCE na gestão da crise europeia europeia. O novo secretário de Estado acredita, em síntese, que o papel do banco central é de um «difícil equilíbrio». Por isto: «Não esqueçam que se o BCE se colocar por trás dos Estados, eles nunca serão forçados a resolver os seus problemas. Mas se o BCE nada fizer, toda a economia de um país fica refém de um processo longo e difícil de consolidação orçamental.» Por isso, criticou o plano de Mário Draghi para salvar o euro - a célebre declaração do presidente do BCE que teve o rápido efeito de acalmar os mercados. Mais recentemente, já elogiou Draghi, por corrigir o tiro, nesta fórmula: «Deixemos as finanças públicas entregues aos seus problemas. Dificuldades e desconfiança dos mercados têm um efeito disciplinador. Mas, ao mesmo tempo, quebremos a ligação entre Estado, por um lado, e mercados financeiros e economia real por outro.»
A tese da austeridade
«A austeridade funciona? Parece que sim», dizia Maçães, num texto a 11 de Abril. Falava das políticas aplicadas na Irlanda, explicando porque o ajustamento irlandês é um «sucesso» e porque, no seu entender, «os funcionários públicos irlandeses são os grandes heróis de uma recuperação assombrosa». É por isto: assumiram cortes enormes nos salários, continuam a sofrer cortes, e ainda assim a economia irlandesa dava sinais de recuperação - contrariando a tese da austeridade recessiva. Bruno Maçães, aliás, não tem problemas com a palavra «austeridade» e escreveu isso mesmo no seu blogue. Em «dois mitos sobre a austeridade», tenta explicar por que «nem toda a consolidação orçamental merece o nome de austeridade» e que «a relação entre austeridade e recessão é muito menos direta ou evidente do que se pensa».
Contra falsos consensos
Contra-corrente, mas sem meias palavras, o novo secretário de Estado dos Assuntos Europeus fez outros textos polémicos. Num deles, a 23 de Abril, argumentou contra a «armadilha do consenso»: «Se convidar o PS para um consenso sem condições [um consenso que é anterior à formulação de quaisquer escolhas ou princípios], o Governo estará a fazer apenas uma coisa: a oferecer a credibilidade e autoridade que Seguro nunca foi capaz de conquistar sozinho.» Contra a sentença do Tribunal Constitucional que chumbou várias normas dos últimos orçamentos do Estado, seguiram também extensas análises. Quer sobre as teses que delas resultaram, quer sobre as consequências de imprevisibilidade que delas dizia decorrerem: «A Constituição é, aparantemente, uma lotaria babilónia e aparentemente é assim que devemos viver daqui para a frente».
Um BCE a meio caminho
Mas a que mais contraria a visão centrista da política é a tese de Bruno Maçães sobre o papel do BCE na gestão da crise europeia europeia. O novo secretário de Estado acredita, em síntese, que o papel do banco central é de um «difícil equilíbrio». Por isto: «Não esqueçam que se o BCE se colocar por trás dos Estados, eles nunca serão forçados a resolver os seus problemas. Mas se o BCE nada fizer, toda a economia de um país fica refém de um processo longo e difícil de consolidação orçamental.» Por isso, criticou o plano de Mário Draghi para salvar o euro - a célebre declaração do presidente do BCE que teve o rápido efeito de acalmar os mercados. Mais recentemente, já elogiou Draghi, por corrigir o tiro, nesta fórmula: «Deixemos as finanças públicas entregues aos seus problemas. Dificuldades e desconfiança dos mercados têm um efeito disciplinador. Mas, ao mesmo tempo, quebremos a ligação entre Estado, por um lado, e mercados financeiros e economia real por outro.»