sexta-feira, julho 26, 2013

Opinião: "O célebre novo ciclo (que é igual ao velho)"



"O Governo promete entrar num novo ciclo. Parece que essa promessa ficará consubstanciada quando o Executivo apresentar ao Parlamento a sua moção de confiança. Já aqui defendi  que a apresentação dessa moção fez sentido, justamente também porque podemos aquilatar as intenções da nova equipa de Passos Coelho. Mas, por isso mesmo, e para que tudo não passe de outro conjunto de mentirolas, mais ou menos bem argumentadas, recomendaria que a expressão não fosse dada como sinónimo de crescimento económico, ou de folga nos sacrifícios impostos aos cidadãos.
Um novo ciclo não é um novo desejo, ou um desejo diferente de governar. Um novo ciclo teria de, imediatamente, lançar mais dinheiro na Economia das pessoas (e não necessariamente só na das empresas, uma vez que as empresas também dependem das pessoas, e não o contrário). Isso significaria;
1)      Baixa do IRS
2)      Baixa do IVA
3)      Baixa do IRC
Como nada disto vai acontecer, não por maldade de quem Governa, como alguma esquerda que adora pensamentos mágicos faz crer, mas porque não há condições, o novo ciclo será tão doloroso como o antigo. Não digo que o Governo não possa fazer umas flores, como baixar o IVA da restauração, ou mesmo aumentar cinco euros o salário mínimo, mas compreendam por favor que nada disso é significativo.
Chamar novo ciclo só porque mudaram as caras é enganador. E a prazo os portugueses cobrarão esse engano. Como aliás, num outro ciclo político, cobrarão ao PS um discurso de facilidades que os socialistas sabem bem não poderem prometer porque não depende só da vontade do Governo português restituir aos contribuintes o que lhes foi tirado e aos desempregados o emprego de que se viram privados.
Quando estas duas coisas acontecerem, então, sim, teremos um novo ciclo. Até lá, tudo não passará de slogans e intenções" (texto de Henrique Monteiro, Expresso com a devida vénia)