segunda-feira, fevereiro 04, 2013

O secretário incómodo e o moralista da treta

O BPN é o espelho mais vergonhoso e escandaloso do regime democrático português, no que à roubalheira e à corrupção organizada diz respeito. Repito, quando se fala no caso BPN, fala de uma vergonhosa roubalheira que vai custar mais de 7 mil milhões de euros ao estado, leia-se aos contribuintes. Ora sendo o BPN o símbolo vergonhoso da libertinagem bandalha e a face mais obscura e corrupta do capitalismo selvagem que está a destruir a Europa, como é possível que um antigo administrador do BPN seja “premiado” com a sua promoção, depois do exercício dessas funções, ao cargo de secretário de estado?
Pior, em meu entender, é a forma arrogante, provocatória e intolerável como Coelho se referiu ao assunto, sem respeito pelos contribuintes aos quais rouba salários, pensões e reformas, sem respeito pelos contribuintes que esmaga com a sua política bandalha, mentirosa e sopeira das exigências do capitalismo e da banca. Mas bem vistas as coisas, essas declarações de Coelho – de branqueamento de uma escolha (mesmo sabendo que o novo secretário de estado reconheceu na Assembleia da República que escondeu por precaução (?) elementos importantes sobre a roubalheira e as bandalhices no BPN, que deveriam ter sido facultados em devido tempo ao Banco de Portugal e não o foram!) – acabam por ser aceitáveis porque são a imagem de um poder ilegítimo, pouco sério, sem ética, sem rigor, mas que prega moralismo em cada esquina, comportando-se depois da forma que todos percebem.
Grave é que este secretário de estado tem vindo a trabalhar muito “próximo” deste governo de coligação, cada vez mais a face do ladro negro e mais obscuro da política portuguesa, num jogo de interesses que deveriam merecer a revolta dos portugueses.
Por que razão se diz que os ministros de Sócrates, pela herança que nos deixaram, estão “riscados do mapa” e que politicamente deixaram de ter qualquer credibilidade, mas nestes casos e tolera que o próprio governo branqueie ativamente responsabilidades que não podem ser atiradas para debaixo do tapete?
Insisto, ninguém quer emitir juízos de valor sobre a pessoa em causa - era o que faltava - ainda por cima quando me parece que nem sequer é arguido no processo do BPN que está para começar e que ainda vai dar muito que falar. Mas basta o facto de ter sido administrador do BPN nos seus tempos áureos da patifaria para que politicamente - é apenas nessa perspetiva que abordo o problema - a escolha não se tivesse concretizado. Afinal para aquele lugar não existe em Portugal ninguém tão competente como o senhor em causa? Ou será que afinal ninguém aceitou integrar este governo de coligação em apodrecimento acelerado?!Coelho que deixe de andar a pregar moral porque não tem autoridade para o fazer: o governo de coligação, de uma forma mafiosa, escondeu do currículo deste secretario de estado inicialmente distribuído o facto de ele ter sido administrador da SLN e das suas ligações ao BPN. Isso é que é muito estranho. Suprimiu porquê? Com medo do quê? Para fugir a quê? Afinal o que é que se passa para que o currículo tenha sido “esquartejado”?! Para que os portugueses não se lembrassem do BPN que custa mais que a dívida da Madeira e que representa o dobro (?) dos valores que o governo de coligação pretende cortar no âmbito das despesas do estado?! Vão mas é todos à fava se fazem o favor. Porque de moralistas da treta estamos todos fartos. (LFM)