quarta-feira, fevereiro 27, 2013

Papa e as dificuldades do seu pontificado: às vezes «o Senhor parecia dormir»

Li na TVI que "o Papa Bento XVI assumiu esta quarta-feira na sua última audiência geral que o seu pontificado encontrou motivos de alegria, mas também momentos difíceis. O Papa diz ter enfrentado um «mar agitado», «ventos contrários» que, por vezes, «o Senhor parecia dormir». Bento XVI disse ter resignado não para o seu bem, mas para o bem da Igreja, apesar de consciente da «gravidade» da sua decisão, tomada «em profunda serenidade espiritual». A audiência geral da quarta-feira, a última de Joseph Ratzinger, este pediu aos fiéis para rezarem para os cardeais que agora têm a pesada tarefa de encontrar um sucessor. «Nestes últimos meses, senti que as minhas forças diminuíam e pedi a Deus, com insistência, em oração para me iluminar com a sua luz, para que eu pudesse tomar a decisão mais justa». «Dei este passo com plena consciência da sua gravidade e inovação, mas também com grande serenidade de alma», garantiu em português. Em oito anos de pontificado, reconheceu, numa alusão aos escândalos e controvérsias, «também houve momentos difíceis, durante os quais as águas estavam agitadas e o vento era contrário, como em toda a história da Igreja, e em que o Senhor parecia dormir». «Mas sempre soube que a barca da Igreja não é minha, não é nossa, mas é a barca de Deus e Ele não deixará afundar a Igreja», sublinhou. Numa referência ao dia em que se tornou papa, a 19 de abril de 2005, Bento XVI lembrou que «um grande peso foi colocado sobre os meus ombros» e que «a dimensão privada da sua vida foi completamente apagada». Joseph Ratzinger afirmou que se retirava, a partir de agora, de qualquer atividade política, mesmo se um papa «nunca pode voltar a uma vida privada». «A minha decisão de renunciar ao exercício ativo do ministério não muda isso: não regresso à vida privada, a uma vida de viagens, de encontros, de receções, de conferências, etc... Não abandono a cruz, mas contínuo de uma nova forma perto do Senhor crucificado», afirmou. «Deixo de assumir a tarefa do governo da Igreja, mas continuo ao serviço da oração. São Bento (fundador da grande ordem contemplativa dos beneditinos), de quem tenho o nome como Papa, será um grande exemplo», disse. «Vou continuar a acompanhar o caminho da Igreja na oração e reflexão», disse o papa.Antes da sua intervenção, o Papa Bento XVI deu esta quarta-feira uma volta no «papamóbil» pela praça de São Pedro, para agradecer e despedir-se dos fiéis, antes de dar início à última audiência geral do seu pontificado, um dia antes da histórica resignação. De acordo com fontes do Vaticano, cerca de 150.000 pessoas estão na praça de São Pedro, com cartazes, bandeiras e faixas com mensagens de agradecimento a Bento XVI, que acenaram à passagem do veículo do papa, onde se encontrava também o secretário pessoal, Georg Gaenswein. «Vim para manifestar o meu reconhecimento por tudo o que fez em oito anos. A demissão é uma mensagem importante para todos os cristãos. Ele parte sem amargura, com doçura e serenidade», afirmou um padre italiano que se encontrava na praça de São Pedro. Na quinta-feira, Ratzinger termina as suas funções sem qualquer cerimónia, partindo num helicóptero para Castel Gandolfo. Às 19:00 TMG deixa de ser Papa. Um novo papa será escolhido até à Páscoa, a 31 de março, disse o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, anunciando que um conclave deve ser organizado entre 15 e 20 dias após a resignação do pontífice"