Li no Jornal I que "o ex-líder do PSD, Marcelo Rebelo de Sousa, arrasou a forma como está a funcionar o governo e comparou-o mesmo aos tempos do PREC. No seu habitual comentário de domingo na TVI, o comentador classificou como "desastroso" o processo de elaboração do Orçamento do Estado para o próximo ano. A prova disso, argumentou Marcelo Rebelo de Sousa, foi o facto de o Conselho de Ministros sobre o Orçamento, na quarta-feira, ter durado 20 horas. "Estes conselhos de ministros fazem lembrar os do PREC (Processo Revolucionário em Curso)", disse o ex-líder do PSD, alertando que a duração desta reunião "reflecte a má preparação dos conselhos de ministros" e a "falta de liderança". "Dá para acreditar num governo assim?", questionou Marcelo, culpando o primeiro-ministro e o ministro das Finanças pela forma atribulada como decorreu a preparação do orçamento para 2013. O histórico do PSD rejeita, porém, que a queda do governo possa ser uma solução, embora reconheça que o executivo "não pode funcionar assim". "É um funcionamento caótico. Pergunto-me se a taxa social única foi a Conselho de Ministros. Não é forma de funcionamento o ministro das finanças (Vítor Gaspar) falar sem ter a cobertura do governo". Numa semana em que figuras como Mário Soares voltaram a falar na hipótese de um governo de salvação nacional, Marcelo defendeu que esse não é o caminho mais indicado e afirmou que "é bom para o país que o governo cumprir os três anos"."Quem é o Monti português?", questionou Marcelo, sugerindo que não seria fácil encontrar uma figura consensual e competente que liderasse um eventual executivo de iniciativa presidencial. Certo é que existe na sociedade portuguesa uma "coligação negativa" contra o governo, admitiu Marcelo num comentário às muitas manifestações contra a austeridade. Um clima de "tensão social" que o conselheiro de Estado nunca tinha visto em Portugal, nem mesmo no tempo do Bloco Central, em meados da década de 80. "Não há paralelo". O professor universitário discordou ainda da acusação feita por Passos Coelho ao PCP de que os comunistas estão a instigar à violência. E defendeu que Jerónimo de Sousa contribui para evitar "as manifestações selvagens" e não usou expressões mais duras do que, por exemplo Marques Mendes que falou num "assalto fiscal".