sábado, outubro 16, 2010

Para onde caminha a economia dos Açores?

O Correio dos Açores ouviu vários economistas açorianos sobre ao futuro da economia da região. O jornalista João Paz explica a iniciativa: "Para onde caminha a economia dos Açores no momento de profunda crise económica e financeira que afecta Portugal? A questão é pertinente e preocupa cada vez mais o tecido empresarial regional e muitos açorianos mais sensibilizados para estas questões do futuro da Região. O ‘Correio dos Açores’ convidou três economistas açorianos de renome nacional para analisarem as dinâmicas futuras que se colocam à economia regional e os caminhos que devem ser trilhados nos próximos tempos para minimizar os efeitos da crise no arquipélago. São eles Mário Fortuna, ex-secretário da Economia, actual presidente da Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada e gestor de empresas privadas; Gualter Furtado, ex-secretário regional das Finanças e actual presidente da comissão executiva do Banco Espírito Santo dos Açores; e Carlos Costa Martins, ex-presidente da Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada e gestor de empresas privadas ligadas ao grupo BANIF. A perspectiva que lhes foi colocada é a seguinte:
A sociedade apoia-se em chavões que repetidos vezes sem conta transformam-se em necessidades. Assim acontece com a supremacia da economia que não sendo uma ciência exacta comanda os mercados e influencia as finanças. O fim da guerra fria e o derrubo do muro de Berlim desequilibrou o mundo e influenciou a expansão do mercado livre e o crescimento das economias emergentes que se tornaram destino das empresas deslocalizadas dos EUA e da Europa que sentiram segurança suficiente, depois da “morte do comunismo” de se instalarem nos países asiáticos e usufruir dos benefícios das condições laborais quase em regime de “escravatura”. É o mundo que o século XXl nos trouxe, cujas consequências têm custos elevadíssimos para as chamadas economias desenvolvidas. Perante este cenário que é sobejamente conhecido, colocam-se a espaços económicos como os Açores um conjunto de questões para as quais temos de encontrar respostas que superem o mero enunciado de princípios. O modelo económico e social nos Açores nunca esteve tão em questão como agora. Há quem entenda que se deve adoptar medidas de política centradas na competitividade, alicerçadas em empresas fortes que desenvolvam a sua actividade em sectores onde os Açores tenham vantagens comparativas. Dizem que esta é a forma mais correcta para dinamizar o emprego e criar riqueza para sustentar o sistema social. Outros, entendem que a fragilidade da economia e do tecido social açoriano (basta ver as estatísticas) não se coaduna com medidas de política neo-liberais assentes na criação de riqueza pela competitividade pura e dura. Explicam que estas políticas serão demasiado dolorosas para franjas significativas do tecido empresarial e social açoreano. Entendem que o nosso mercado é um mercado rígido, sem população flutuante capaz de criar a elasticidade que a economia de mercado precisa.
A conjuntura actual deixou já marcas fortes no desemprego e as medidas de austeridade vão levar a um abrandamento no consumo da Região.
O tecido empresarial privado está debilitado, nalguns casos com oferta a mais para a procura e muitas empresas sofrem o efeito das falências ou das insolvências que aumentam todos os meses.
Os grandes empregadores na Região, função publica, empresas de produção eléctrica, de transportes, banca e outros serviços relevantes não têm margem para criar novos empregos nos próximos cinco anos. A construção civil está a viver a agonia do sector imobiliário que se vai manter e as empresas ligadas ao sector estão a padecer das falências dos outros ou da falta de capacidade de pagamento de quase todos. A agricultura está assente na pecuária sem margem para crescer, restando apenas o aproveitamento do potencial agrícola que é, neste momento, residual; e a pesca tem as limitações dos recursos piscícolas e dos recursos humanos. As indústrias tradicionais caminham alegremente para o fim do ciclo industrial. Perante este cenário uns defendem que se deve optar por um modelo económico orientado, além das indústrias do leite e das conservas, para o investimento em domínios em que, por exemplo, o conhecimento do mar é uma mais-valia. Todos estão sintonizados com mais competitividade, mais mercado, melhores empresas, melhor investimento privado e mais apoio ao investimento privado As questões que se colocam são:Que modelo de desenvolvimento deve ser adoptado neste novo quadro para os Açores? Como se materializa a competitividade da economia açoreana? Quais são os novos clusters em que se poderá apostar na Região? Como vai a Região encontrar meios para criar emprego?".
Leia a reportagem competa aqui.

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