quarta-feira, outubro 06, 2010

O que diz o PS local a isto? Inquérito? (VII)

Diz o DN de Lisboa, num texto dos jornalistas Paulo Julião e Diana Mendes, "os cortes salariais e portagens nas Scut na origem do descontentamento. Em oito anos já saíram 800 médicos de Portugal. As medidas de austeridade aprovadas pelo Governo vão agravar a fuga de médicos espanhóis de Portugal, que se intensificou nos últimos anos com a saída de 800 clínicos. Uma fuga que deverá ser "substancialmente" agravada com os cortes nos salários que estão anunciados para a função pública e o pagamento de portagens nas Scut. A maior parte destes médicos trabalha nos cuidados primários mas já há hospitais a ressentir-se , como é o caso do de Chaves. O número de médicos espanhóis a trabalhar em Portugal atingiu o máximo de 2200 há 8 anos, altura em que procuravam segurança no emprego e vagas para o internato da especialidade, que eram reduzidas. Em Espanha, apesar de os salários serem um pouco mais altos, não tinham essa segurança nem possibilidade de formação em muito casos. Hoje já são menos de 1600 em Portugal e e o número deverá cair. "No nosso país também temos cortes, devido à crise, mas não foram tão severos. Mas agora, por lá, há outras condições de estabilidade, que era o grande motivo para vir para Portugal, e em contrapartida os salários continuam mais altos", explicou ao DN Xóan Gomez, presidente da Associação de Profissionais de Saúde Espanhóis em Portugal, também ele clínico no Hospital de Ponte de Lima. Pedro Nunes, o bastonário da Ordem dos Médicos (OM), não tem qualquer dúvida. "Os espanhóis estão a ir embora e não é possível voltar atrás nas medidas que levaram a isso: as desigualdades criadas pela criação dos hospitais EPE; o desinvestimento na definição das carreiras, os cortes nos pagamentos. Os médicos sentem-se mal tratados", avança.Os médicos espanhóis, que representam a maioria dos clínicos estrangeiros no País assumem as dificuldades: "Estamos tristes com estes cortes todos, como qualquer português, até porque nos sentimos bem por cá", sublinha Xóan. "Em Espanha temos salários cerca de 20% superiores e maior segurança no emprego. Em Portugal, ainda temos agora cortes de 10% e mais uns 5% para portagens. É só fazer as contas", acrescenta o clínico, recordando que os profissionais não têm qualquer tipo de isenção, apesar de viajarem diariamente para centros de saúde por todo o Norte ou hospitais de maior dimensão em Viana do Castelo, Braga ou Porto, entre outros. Pedro Nunes diz que o problema se está a sentir mais no "Norte, embora também haja espanhóis no Algarve. Não falamos só dos centros de saúde, já desfalcados. O Hospital de Chaves está à beira da ruptura, mantendo apenas 30 a 40% dos médicos em especialidades como medicina interna, cirurgia ou ortopedia. E a estas saídas juntam-se a dos reformados, que não têm condições para ficar". Em Espanha, um salário médio na mesma categoria e em 42 horas pode ser remunerado em 3800 euros, mais 600 do que em Portugal, alerta Xóan "É evidente que alguns colegas tinham a vida estabilizada e apesar do apelo para regressar optavam por ficar. Mas agora são mais 10% de cortes e começa a ser muito grande a diferença". Nos últimos três anos, sobretudo, Espanha avançou com mecanismos para "chamar" de novo estes clínicos, até porque enfrentava uma falta de especialistas. Os salários mantêm-se mais altos do que os de Portugal, mas a estabilidade contratual mudou e passam agora a ter um vínculo facilitado à função pública. "A mais-valia em Portugal acabou, os salários vão ficar ainda mais baixos com impostos e portagens. Naturalmente que face à oferta em Espanha muitos mais optarão por regressar ao país". Isabel Caixeiro, presidente da Secção Regional do Sul da OM e candidata a bastonária, acredita que estas condições possam agravar a saída de médicos espanhóis. "No entanto, penso que o mesmo não se passa com os médicos de outras nacionalidades", conclui".

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