Escreve a jornalista do Jornal I, Marta F. Reis, que “política e religião são motivo de ruptura online. Esteja à vontade para falar de crianças e desporto, mas não muito. "A minha mulher foi desamigada", explica Christopher Sibona, 40 anos, da Universidade do Colorado. Estava a responder a um post político no Facebook e perdeu o pio, pelo menos na wall do amigo em questão. O incidente deu-lhe a ideia de dedicar a tese de doutoramento ao fenómeno conhecido como desamigar ("unfriend"), a funcionalidade que permite eliminar amigos no perfil da rede social e que depressa entrou no vocabulário anglo-saxónico - ao ponto de ser a "palavra do ano" em 2009, segundo o New Oxford Dictionary. Depois de uma sondagem lançada no Twitter em que participaram 1137 habitués das redes sociais, Sibona fez uma lista dos motivos que mais levam ao corte de relações online. Os mais fatais, conta ao i, são torrentes de posts sobre tópicos considerados "pouco importantes", apontamentos sobre temas "polarizadores" como política e religião, conteúdos racistas, sexistas ou mesmo sexuais, ou simplesmente o excesso de posts. O trabalho de Christopher Sibona vai ser debatido em Janeiro de 2011 numa conferência no Havai. Até lá, junta-se à bibliografia das redes sociais, que já apurou factos como os tweets aumentarem consoante o número de seguidores, que os utilizadores do Facebook são piores alunos, ou que o cérebro só é capaz de gerir 150 relações de amizade, um número que até os mais introvertidos superam online com relativa facilidade. Segundo o estudo de Sibona, o fenómeno tem de ser dividido em duas esferas: os que desamigam por motivos da vida online e os que transportam motivos da vida real. Assim, se os posts sem importância têm o consenso de 65% dos inquiridos quando se trata de cortes motivados pelo desempenho virtual, o que mais pesa nos motivos offline são desavenças de personalidade (78%) e comportamento (67%). Acabar uma relação, ao contrário do que se poderia pensar, tem um impacto reduzido: o final de um namoro ou um divórcio são dos motivos menos consensuais. Aproveite-se ainda para transmitir alguma tranquilidade ao cidadão zeloso da sua rede de amigos: tudo o que verse sobre crianças, exercício, animais de estimação e resultados desportivos só incomoda 8% dos inquiridos, mas deixa de ser aceitável se for em demasia, num formato de diário quase ao minuto sobre o dia-a-dia. No meio de tanta estatística, o investigador deixa alguns elementos para reflexão: as mulheres chateiam-se menos com posts sem importância, mas levam mais vezes os desentendimentos reais para o Facebook. Sabe-se ainda que o que acontece no Facebook fica no Facebook: 57% das eliminações de amigos devem-se às vicissitudes do online. E a maioria desamiga-se de ligações para as quais foi convidado, não por erro de casting”.
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