Escreve a jornalista do Correio da Manhã, Raquel Oliveira que "o endividamento do sector público ferroviário praticamente quadruplicou nos últimos 14 anos. As dívidas de cerca de 2,2 mil milhões de euros que a antiga empresa ferroviária nacional, a CP, registava em 1996, quando geria a operação, linhas e estações, estão agora perto dos nove mil milhões de euros, entre as duas empresas que resultaram da divisão, Refer (5,5 mil milhões) e a CP (3,3 mil milhões). As empresas estão tão dependentes dos empréstimos para assegurar o funcionamento que tiveram dificuldades em aceitar os limites do endividamento impostos este ano pelo Governo. A ‘grande CP’, que em 1996 empregava cerca de 13 mil pessoas, foi dividida para permitir o aparecimento de operadores privados (como a Fertagus e a Takargo), ou seja, para tornar independente o ‘dono’ da linha e poder alugá-la a privados, como queria Bruxelas. Em 2009, as duas empresas empregavam 6800 pessoas.Os elevados níveis de endividamento das empresas acabam por exigir que o Estado dê garantias de pagamento às instituições de crédito, sempre que está em causa um novo empréstimo. Em 2009, o stock de garantias concedidas à CP fixava-se em 1,2 mil milhões de euros, e o da Refer atingia os 3,6 mil milhões de euros. O sector ferroviário é caracterizado por pesados investimentos, quer na rede de linhas, quer em material circulante, mas presta um serviço público aos cidadãos, pelo que o Estado acaba sempre por estar envolvido. Estes contratos entre o Estado e os operadores têm sido adiados em Portugal, o que leva a que as empresas vivam dependentes das transferências anuais do Orçamento do Estado".
Sem comentários:
Enviar um comentário