quarta-feira, julho 21, 2010

Alberto João Jardim: "O Chão da Lagoa dá-nos gozo, porque não nos preocupamos com o que digam ou escrevam sobre nós"

"Domingo próximo, na Madeira, é a Festa da Autonomia e da Liberdade, também conhecida por Festa do Chão da Lagoa. Todos os anos é um momento alto na vida do arquipélago, sendo a maior festa popular da Região Autónoma. Participam não só residentes na Madeira e no Porto Santo, como também pessoas em férias e muitos vindos das Comunidades Emigrantes.
Responsavelmente, as pessoas que ali vão, sabem que com a respectiva presença, estão a segurar, a solidificar, a robustecer aquilo que foi conquistado há trinta e quatro anos, os nossos Direitos, Liberdades e Garantias que a Autonomia começou a permitir, após quase cinco séculos e meio de dominação colonial sobre as gentes do arquipélago. Uma coisa é discutir, divergindo eventualmente, as políticas sectoriais ou partidárias. Outra, é agarrar, bem segura, a Autonomia Política conquistada, e por ela lutar em termos de, no futuro, vermos concretizados os nossos Direitos indispensáveis a uma vida melhor, finalmente reconhecidos pelo Estado central. Unidade Nacional assente na coesão voluntária de todos os Portugueses, o que é diferente do actual «Estado Unitário», colonialmente imposto, e que nós rejeitamos. Por isso, é que a Festa do Chão da Lagoa é sempre a Festa da Autonomia, a Festa da Liberdade, a celebração dos Direitos do Povo Madeirense.
Celebra-as em festa, apesar das vicissitudes naturais e históricas, apesar da exploração que sobre nós se exerceu, que não impedem a nossa idiossincrasia alegre, efusiva, agarrada às coisas boas da Vida. A boa disposição ajudou-nos e ajuda-nos a resistir.
Ao contrário de outros povos materialmente mais ricos, a «festa» é uma forma de estarmos na vida. As próprias celebrações religiosas são-no sempre num clima de festa, e o Natal que é a tradição mais vivida pela comunidade madeirense, tem o nome de «Festa». Quando nos referimos ao Natal, dizemos «é para a Festa» ou «quando chegar a Festa».
Pelo que se percebe a celebração da Autonomia e da Liberdade, também com uma Festa.
Todos a conviver, num ambiente onde não há «classes sociais», não há gente mais ou menos importante, não há cerimónias formais, nem preconceitos. Cada um age como quer e gosta.
Sei que a Festa do Chão da Lagoa escandaliza a hipocrisia dos «politicamente correctos» e a sua comunicação social. O que nos dá gozo, porque já nem nos preocupamos com o que digam ou escrevam sobre nós. Basta já nos termos de preocupar com as consequências que sofremos das asneiras políticas em Lisboa.
Meu caro amigo!
Dê um pulo à Madeira!
Domingo, venha à Festa do Chão da Lagoa!"
(crónica de Alberto João Jardim ontem na rubrica "Palavras Assinadas" da TVI24)

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