quinta-feira, julho 29, 2010

Alberto João Jardim: “A oposição serve-se da desgraça e das infelicidades de alguns, para fazer política partidária ranhosa”

Em mais um “Ponto de situação” Alberto João Jardim volta a publicar na edição de Agosto um texto de opinião de analise à situação política regional:
“Nunca é de mais sublinhar a preocupação que causa a situação económico-financeira na “zona euro” e o continuar, neste espaço, das mesmas políticas e medidas que trouxeram ao estado em que nos encontramos.
Com a agravante de Portugal ser dos países em pior situação, não apenas neste aspecto económico-financeiro, mas numa conjuntura nacional de franca deterioração da segurança interna, da disciplina democrática, da formação da Opinião Pública, das condições sociais, da Justiça, da Educação, da produtividade, do investimento e da qualidade da “classe política”.
E sem o desenho claro de alternativas nacionais.
Mas é preciso que se repita exaustivamente, que se lembre porque às vezes a memória das populações parece perdida, o facto de os responsáveis madeirenses, a tempo e desde há muitos anos, virem dizendo que estavam errados os caminhos políticos que conduziram ao presente estado de coisas.
Poderá não resolver o problema, mas não está certo que “pague o justo pelo pecador”.
Obviamente que os autonomistas sociais-democratas madeirenses não fogem ao Dever de solidariedade nacional, procurando participar nas tentativas para ultrapassar a situação para a qual fomos coactivamente arrastados.
Mas que fique bem claro que solidariedade é uma coisa, subscrever as políticas e opções em curso, trata-se de algo absolutamente diferente. Não as subscrevemos, somo-lhes oposição.
E que fique ainda bem mais claro que não aceitamos o que este sistema político-constitucional lesa o regime democrático, dificulta a Autonomia Política e compromete o Desenvolvimento Integral, tão dificilmente conquistados pelo Povo Madeirense.
Porém, no meio de tudo isto, é repudiável que a oposição local, com o apoio de identificada comunicação dita “social”, vergonhosamente instrumentalize as dificuldades do momento, agravadas pela tragédia de 20 de Fevereiro, recorrendo a mentiras e demagogias que causam vergonha aos seus próprios Partidos nacionais.
Para além da mediocridade que todos lhe reconhecem, trata-se de uma manifestação clara de desespero, de desorientação, até de uma certa perturbação psíquica e de muita tensão, facilmente detectáveis, agravadas pelo erro de ignorarem que o Povo Madeirense é inteligente e possui Valores bem sólidos.
Por um lado, esta oposição vive no século passado, na medida em que os métodos dos primeiros tempos da “abrilada” já lá foram. O regime democrático, de há muito que não está para ser substituído por fascismos comunistas ou de extrema-direita. Cobrem-se de ridículo, todos os dias, os “políticos” e os “jornalistas” que andam a “fazer a revolução”, imitando os anos setenta.
Cabeças duras que não entenderam as mudanças no mundo, em Portugal e na Região Autónoma.
Por outro lado, estes dirigentes da oposição local somam sucessivos sovões eleitorais e, sem vergonha, não largam os seus tachos partidários, o que permitiria dar lugar a pessoas mais competentes.
Antes, ridiculamente, desenvolvem uma actividade frenética e histérica, como se a Madeira estivesse permanentemente em eleições.
Foram eles que fizeram uma nova lei eleitoral regional. Agora querem outra...
E ainda, com a cumplicidade de sectores execráveis da comunicação “social” que o Povo Madeirense atura, pretendem “mandar” na Maioria que a população elegeu livremente para a Assembleia Legislativa da Madeira. Como da dita “social”, desonestamente, beneficiam de um tratamento maioritário... apesar de, juntos, não passarem de uma minoria inferior a dois terços!...
Que eu saiba, a Madeira é o único sítio do mundo onde a cumplicidade da comunicação dita “social” com os partidos da oposição visa se substituir a estes, para caritativamente lhes suprir a mediocridade. Ao ponto de obrigar Jornalistas sérios e competentes a serem-lhes subservientes!
O Governo Regional, as Câmaras Municipais, as Juntas de Freguesia, Instituições religiosas, militares, civis, particularmente as de solidariedade social, todos têm dado o seu melhor no esforço da reconstrução após 20 de Fevereiro.
E o que faz a oposição? Serve-se da desgraça e das infelicidades de alguns, para fazer política partidária ranhosa, como que exigindo uma súbita varinha de condão que tudo pusesse pronto imediatamente. Nem quer saber de meios financeiros e materiais!
Com o sector Saúde, tão sensível para a vida das pessoas, fazem o mesmo!
E nisto, o tal “partido cristão”, o CDS, é dos mais raivosamente demagógicos, o que para nós, autonomistas sociais-democratas, não é novidade. Embora abusando da utilização indevida da palavra “cristão”, de há muitos anos para cá que esse partido está completamente vazio de Ideologia e de Valores. Cai para o lado que, de momento, melhor lhe sirva.
Todos temos presente as coligações desse CDS com os socialistas, bem como as “conferências de imprensa” e outras actividades políticas em conjunto com as próprias organizações comunistas!...
Na situação do País e com as dificuldades que a Madeira enfrenta, acrescidas neste ano de 2010, mais uma vez fiz tudo quanto ao meu alcance para a normalização das relações institucionais com o Governo da República.
Manda a verdade dizer que idêntico esforço vi no Primeiro-Ministro.
No entanto, o mesmo ministro das Finanças que com a cumplicidade dos socialistas locais – os mesmos que, de novo, à frente do PS – havia feito a já revogada lei de finanças regionais, com as cenas de que todos nos lembramos quando a Assembleia da República a alterou, criou agora um novo foco de conflitualidade.
Lesando a economia nacional, destruindo rendimentos da Região Autónoma, causando desemprego, boicota as iniciativas do próprio Governo da República junto da Comissão Europeia para, no Interesse Nacional, assegurar e aumentar a sobrevivência competitiva da Zona Franca da Madeira.
Cola assim, sem justificação, aos intentos dos comunistas do “bloco de esquerda”, do qual, com a sua prática, parece bem próximo. Sem justificação, porque Portugal não é minimamente lesado em receitas fiscais com a existência da Zona Franca da Madeira – indirectamente, antes pelo contrário – já que as Empresas aí operando nunca se instalariam no restante território nacional do regime de impostos actualmente em vigor. Ninguém a tal as pode obrigar, e vão procurar, no mundo, os locais similares à Madeira que melhores vantagens lhes ofereçam.
Que pretende o ministro das Finanças?...
Podem o Partido Socialista, o seu Governo e o seu Primeiro-Ministro continuar a sobreviver com as condições que este ministro das Finanças vem impondo aos Portugueses?...
E o Senhor Presidente da República?...
Mais uma vez os autonomistas sociais-democratas da Madeira souberam responder com reconhecimento, lealdade e solidariedade, quando gente de há muito suspeita tentou influenciar sectores da sociedade portuguesa, no sentido de abrir brechas em relação a uma sua eventual candidatura. Mas a Madeira quer que o Senhor Professor Cavaco Silva, no exercício da missão para que foi eleito, também no relacionado com o arquipélago, seja exigente na reparação das injustiças, dos boicotes e das maldades. Depois do sucesso da Festa da Autonomia e da Liberdade, na Herdade do Chão da Lagoa, que a Todos agradeço, continuaremos a conversar no Comício de Porto Santo, domingo 22 de Agosto
".

Sem comentários: