Quabndo a verdade se aproxima e o cerco se aoperta, os culpados dificilmnente resistem. Os jornalistas António Arnaldo Mesquita, Lurdes Ferreira, Ana Brito do Publico revelam que "Rui Pedro Soares renunciou ontem ao seu cargo na comissão executiva da Portugal Telecom (PT), na sequência das buscas ao seu gabinete de trabalho realizadas na passada segunda-feira, por procuradores do DIAP de Lisboa e investigadores da Polícia Judiciária de Aveiro. Simultaneamente, idêntica diligência teve como alvos o antigo espaço ocupado na PT por Paulo Penedos, ex-assessor jurídico de Pedro Soares, e os gabinetes de gestores da Taguspark, em Oeiras.Rui Pedro Soares é administrador não executivo desta gestora do parque tecnológico (em representação da PT), cuja comissão executiva é presidida por Américo Thomati, integrando ainda João Carlos Silva, ex-presidente da RTP. Rui Pedro Soares e João Carlos Silva são referenciados nas escutas divulgadas na semana passada pelo semanário Sol, cuja saída para as bancas foi alvo de uma providência cautelar subscrita pelo gestor que ontem se demitiu, após ter sido indeferida uma pretensão análoga de Fernando Soares Carneiro, que tal como Rui Soares integra a administração da PT em representação do accionista Estado. Desde há três dias, o processo da Face Oculta tem mais uma investigação pendente no departamento de luta contra a criminalidade económica do DIAP de Lisboa, de que é responsável a procuradora Teresa Almeida. O ponto de partida são certidões extraídas do processo-mãe, nomeadamente transcrições de escutas com presumíveis alusões a um eventual favorecimento de Luís Figo, ex-internacional de futebol e hoje empresário. O inquérito ainda não tem arguidos constituídos e a apreensão de documentos em formato de papel e digital deve ter sido determinada pela necessidade de preservação de provas.Contactado pelo PÚBLICO, o presidente da Taguspark, Américo Thomati, mostrou-se cauteloso e escusou-se a comentar as buscas. Limitou-se a afirmar que a Taguspark "é uma empresa gerida com total transparência e de acordo com os mais exigentes padrões internacionais". Assegurou ainda que "presta e prestará toda a colaboração às autoridades, desde que lhe seja solicitado". Mais surpreendido se mostrou o presidente da Câmara de Oeiras, Isaltino Morais, ausente do país até ao final da semana. Em resposta ao PÚBLICO, fonte oficial do presidente da autarquia, que detém 16,09 por cento daquela sociedade (ver infografia), disse que Isaltino só soube ontem das buscas de há três dias, por intermédio da comunicação social. O autarca aguarda explicações da comissão executiva e espera que sejam prestadas "num curto prazo".Desde a semana passada que a posição de Rui Pedro Soares e de Fernando Soares Carneiro na administração da PT se encontrava fragilizada. As declarações à revista Visão do presidente do conselho de administração da empresa, Henrique Granadeiro, em que este disse sentir-se "encornado" pelos dois administradores envolvidos nas escutas e em que garantiu que a questão seria "resolvida internamente" deixaram antever que a continuidade destes responsáveis na empresa não seria pacífica.A própria iniciativa de Rui Pedro Soares e Soares Carneiro de avançarem com providências cautelares para travar a publicação das escutas causou mal-estar na empresa. Com a renúncia de Rui Soares anunciada ontem à tarde, fica por esclarecer o futuro de Soares Carneiro na PT, mas, para a comissão de trabalhadores da empresa, há outras questões carecidas de resposta. "O Rui Pedro Soares renunciou ao cargo de administrador executivo da PT, mas nós queremos saber quais os contornos da renúncia e se ele vai manter alguma ligação ao grupo", disse ao PÚBLICO o presidente da comissão, Francisco Gonçalves.Regra geral, a renúncia a um cargo não implica o pagamento de compensações, ao contrário de uma destituição que só não acarreta encargos quando há justa causa. Não havendo justa causa, os prejuízos sofridos com a demissão acarretam o pagamento das remunerações devidas até ao fim do mandato. Na carta de renúncia, citada pela Lusa, Pedro Soares assegurou não ter tido qualquer "comportamento indevido" e "lesivo dos interesses" da PT".
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