quinta-feira, fevereiro 25, 2010

Nota: recuperar sim, mas com olhos abertos...

A Madeira vai recuperar, tem que recuperar. Pois tem. Mas a Madeira não pode esquecer a realidade social, os dramas de famílias, de pessoas, de empresas, não pode esquecer as dúvidas quando ao agravamento ou não de uma realidade social (emprego) que não pode ficar debaixo do cimento e do alcatrão. A Madeira vai recuperar, tem que recuperar. Mas a Madeira tem que estar atenta aos apetites vorazes de panças permanentemente esfomeadas, e que só se consideram satisfeitas quando enchem até abarrotam, quando roçam o rebentamento. A Madeira tem que recuperar, mas tem que começar a pensar nos seus, nos pobres, nos mais carenciados. Basta olhar as famílias que perderam as suas casas por esse campo foram, basta pensar nas lágrimas, umas mais escondidas que outras, de empresários, de homens e mulheres, que ainda não sabem o que aconteceu, nem sabem o que vão fazer. A Madeira vai recuperar, tem que recuperar. Mas não pode cometer erros, não pode fazê-lo de forma desorganizada e muito menos tolerar que essa recuperação se faça descontroladamente ou sob a "tutela" de estruturas sociais - que todos sabem quais são - que apenas pensar no lucro, mesmo à custa da desgraça alheia. A Madeira vai recuperar, tem que recuperar, mas tem de o fazer honrando a memória dos que morreram ou estão desaparecidos. A Madeira vai recuperar, tem que recuperar, mobilizando-se nas lágrimas que muitos madeirenses deitaram e continuam a deitar e que não escondem olhares ainda surpresos contudo o que se passou. A Madeira tem que recuperar, vai recuperar, mas respeitando os mais carenciados, os que sofrem, os que viram a sua casa destruída ou levada pelas águas, o povo que sofre porque viu a família destruída pela tragédia. Tendo presente o desabafo daquela mulher da Tabua - "quantas pessoas ficaram pobres e sem nada!" - e as necessidades daquela mulher da Serra d´Agua que pedia "transporte para poder trabalhar", porque a não ser assim, "mais valia que fosse pela ribeira abaixo". Temos que lutar contra isto. Mas mobilizemos-nos, respeitando-nos uns aos outros.

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