domingo, novembro 25, 2007

O tédio do 25 de Novembro

Eu sei, e muitos outros madeirenses sabem, o que representou o 25 de Novembro em termos de reposição do processo revolucionário português no caminho da verdadeira democracia e do qual se tinha desviado graças a radicalismos excessivos que iam dando cabo de tudo. Obviamente que haverá pessoas que discordam deste ponto de vista. Mas ninguém é obrigado a pensar da mesma maneira. Enquanto jornalista, lembro-me perfeitamente, entrevistei (para o "Jornal da Madeira"), em Lisboa e nos idos anos de setenta, diversos militares que estiveram ligadas ao 25 de Abril e ao 25 de Novembro - Sanches Osório, Vítor Alves, Melo Antunes, Vasco Lourenço, Ramalho Eanes, Jaime Neves, Galvão de Melo. Recordo que o "JM" promoveu um debate em pleno Regimento de Comandos da Amadora, autorizado por Jaime Neves, com militares daquela unidade que tiveram um papel decisivo no 25 de Novembro. Mas pronto, a história faz-se de todos esses episódios, mas a verdade é que o 25 de Novembro, em circunstância alguma, abafa o 25 de Abril, nem lhe retira a importância que teve, com todos os defeitos e virtudes próprios de um processo revolucionário, na democracia e na conquista da liberdade e, há que dizê-lo, na criação de condições para que a Madeira tenha hoje a autonomia que tem e que o antigo regime nunca lhe daria. Eu sei que o parlamento tem uma resolução que obriga a comemorar o 25 de Novembro. Mas o que se tem passado, para além da irregularidade na realização desta sessão, é que ela se transformou num tédio, sem qualquer importância, significado, e impacto para a Região e para as pessoas, enfim, uma desnecessidade absoluta. Ainda por cima não me parece que a data seja realçada, caso seja essa a intenção, já que exemplo o Governo Regional nunca ali marca presença. Confesso que é uma tristeza esta sessão que não diz nada aos Madeirenses, que não diz nada ao povo. Estamos a falar de algo que aconteceu em 1975, há 33 anos... Eu não sei se mesmo sem o 25 de Abril o regime teria sido capaz de resistir até aos nossos dias. Mas de uma coisa eu tenho a certeza absoluta: com ele, pela sua natureza e essência ideológica e programática, a Madeira não teria a Autonomia que tem hoje, não teria os seus órgãos de governo próprio eleitos pelos madeirenses.

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