quarta-feira, novembro 28, 2007

É a minha opinião, com liberdade e verdade

A história faz-se de pequenos episódios, de pequenas histórias se quiserem, que se ligam, depois, entre si, criando as novelas. Eu não sei se houve “chapelada”. Não tenho certezas, mas tenho muitas dúvidas. Porque não tenho motivos para duvidar das boas intenções de Nivalda Gonçalves líder da JSD. E digo-o, não para ser simpático, mas com alguma convicção de que não estarei a ser ”naif”. Mas é preciso que as pessoas percebam que há um tempo para tudo, e que muitas vezes participar em pequenas “tribos” de hipócrita, que nada valem, e que pelo contrário, resultam de manobras politicamente “mafiosas”, ligadas a projectos pessoais de conquista do poder a todo o custo (e os votos, meus senhores, e os votos dos cidadãos não contam?), assentes em comportamentos internamente desestabilizadores (que não são de hoje), na permanente intriga palaciana, no fomento da instabilidade nos bastidores, na desacreditação dos seus alegados e potenciais “adversários”, no espezinhar, sem sucesso, dos seus assumidos opositores, no recurso à maledicência (eles que não usam espelhos em casa), etc. Tudo isto acaba por constituir um motivo de desconfiança e de distanciamento.
A Nivalda Gonçalves não pode negar que as organizações políticas de juventude, mais do que desacreditadas, estão hoje à mercê de oportunismos e de oportunistas de pacotilha, procurando ao mesmo tempo uma nova realidade e um novo enquadramento político e social. E percebe-se que assim seja. Os jovens têm outras prioridades, distanciam-se cada vez mais de organizações políticas de juventude tal como o fazem das urnas. Basta ver, por exemplo, os níveis de votação, até mesmo em instituições como a UMa; basta analisar cuidadosamente os cadernos eleitorais e identificar os niveis de participação dos eleitores mais jovens; basta ver os níveis de mobilização de algumas iniciativas, etc. A JSD não é excepção neste cenário, nem deve ter essa pretensão. Não quero com isto menorizar a actual JSD em relação às anteriores, porque não estaria a ser justo. Há sempre uma continuidade, e quando há desinteresse e desmobilização, as causas não residem nas lideranças do tempo presente, nem sequer, nalguns casos, nas antecessoras. Com conhecimento de causa, eu sei como se mobilizam as organizações, como se “enfeitam” os cenários, como se constroem imagens para mediatismo comunicacional efémero e sem qualquer impacto junto dos jovens.
Eu acho legítimo que os jovens tenham hoje outras prioridades, que se preocupem com a sua formação, que privilegiem a preparação do futuro, que dêem prioridade ao emprego e que, a par de tudo isso, encontrem no divertimento uma forma de escape e de “libertação” desse stress quotidiano. Não sei onde se enquadram, neste contexto e nesta ideia, as organizações políticas de juventude. Confesso que tenho uma grande dificuldade. Ressalvando o indesmentível de que qualquer organização política de juventude, se associada ao partido de poder, naturalmente terá sempre outras vantagens, por ser mais aliciante, que as suas congéneres que se encontram na oposição.
Concordo que são grandes os desafios que hoje se colocam aos jovens, mas considero intolerável, diria mesmo abominável, que as organizações se descaracterizem ou se transformem em reféns de projectos de poder que nada tem a ver com os seus objectivos e com aquilo que deveria ser a sua prática.
Não tenho dúvidas que o Presidente do PSD da Madeira percebeu a proposta de Nivalda, que não a visou pessoalmente em nada, nem à JSD enquanto organização do PSD e que, por isso, não tem que ser alvo de qualquer tipo de hostilização interna. Mas tenho também a certeza que Nivalda Gonçalves percebeu tudo, bem direitinho, que entendeu as causas do que lhe foi comunicado, e certamente que reconhece que existem factos que sustentam a essa suspeição, pelo simples facto de que a JSD precisa, urgentemente, de repensar-se e de se libertar de influências ou de legados. A haver “chapelada” ela tem origem no passado recente, quando foram feitas filiações à pressão – recordo-me, não foi no PS local que se garantiu que um determinado congresso foi ganho graças aos votos da JS? – e nisso a JSD não é inocente. Se tudo isto está mal, se combatemos a noção de organizações políticas elitistas, preocupadas apenas em ganhar mediatismo na comunicação social mas sem impacto e influência junto da grande massa de jovens, então é ou não verdade que em determinados processos eleitorais basistas, mais recentes, houve uma deliberada estratégia de tentativa descarada do controlo de estruturas partidárias locais, pese o paradoxo contraditório de tudo isso acontecer até em locais onde a organização praticamente não se “vê”? Em vez de se preocupar consigo, anda preocupada com o partido, ou melhor, com o futuro próximo do PSD. Obviamente que as pessoas que acompanham estas coisas percebem tudo isso. Falamos de uma “força eleitoral” que aguarda instruções, adormecida, desactivada se for caso disso. Porque não é necessária, basta que no tal dia, vote em quem lhe mandarem. É por tudo isto que sempre fui - e não tenho problema nenhum em assumir – contra estas misturas, talvez porque nos últimos anos tenho a certeza de que há sempre alguma coisa subjacente a estas filiações à pressão. É neste contexto que há ideias que se vão construindo com base na desconfiança e na suspeição de que há, mesmo não havendo (?), objectivos subjacentes a propostas que podem ser, e acredito que tenham sido, inocentes, mas que não se libertam, por culpa própria, de uma determinada carga interpretativa que acaba por ser prejudicial, para as pessoas e instituições. No fundo, a minha dúvida é saber se a JSD se deve preocupar mais com a JSD e menos com o PSD. Só isso. Porque, nesta perspectiva, o que é que impede o PSD de se preocupar menos consigo e mais com a JSD? (LFM)

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