Conheço Guida Vieira há muitos anos, praticamente quando comecei a dar os meus primeiros passos no jornalismo, há que anos(!), era já ela uma figura de destaque na liderança do Sindicato dos Bordados e Tapeçarias da Madeira, tal como o seu pai era figura de proa no sindicalismo dos trabalhadores portuários. Guida Vieira anunciou há dias a sua retirada, no quadro de uma rotatividade que ela percebeu ser uma necessidade urgente no sindicalismo madeirense. Casada com Paulo Martins, deputado do Bloco de Esquerda, e figura de destaque na esquerda madeirense - desde os tempos da UPM, que viria a estar na génese da UDP na Região - Guida Viera está nos antípodas (um termo muito em voga ultimamente...) em relação à minha pessoa, falamos obviamente em termos ideológicos. Mas tenho que reconhecer a sua coerência política e ideológica, a sua persistência enquanto dirigente sindical, o papel que teve, juntamente com outras companheiras, na dignificação do trabalho das bordadeiras madeirenses, no estabelecimento de regras num sector que funcionava ao desbarato e em função dos bons ou maus arrufos dos empresários. Guida Vieira fica associada ao movimento sindical regional, inquestionavelmente. Não tenho qualquer dificuldade em reconhecê-lo, pelo que a sua saída vai certamente constituir uma perda para o sindicalismo madeirense em geral mas de uma forma particular para o sindicalismo que ela abraçou, praticamente desde a revolução de Abril de 1974. Tenho da política - para além do princípio sagrado de recusar o insulto, porque toda a pessoa tem o direito à sua dignidade e a pensar diferente em liberdade e de acordo com as suas convicções - a noção da justiça, de sabermos reconhecer, no momento próprio, quando as pessoas deixam legado. No sindicalismo madeirense Guida Vieira foi sempre figura de proa, vivendo-o à sua maneira, mas convencida - e isso para mim é o fundamental - que lutava por convicções e por objectivos. Repito, isto não me impede, nem a Guida Vieira, de sabermos que no plano ideológico e nas opções partidárias, estamos em pólos diferentes. Mas o respeito nada tem a ver com as opções e as convicções de cada um. Esse é talvez um dos principais problemas da política e dos políticos nos dias de hoje.terça-feira, novembro 20, 2007
Guida Vieira
Conheço Guida Vieira há muitos anos, praticamente quando comecei a dar os meus primeiros passos no jornalismo, há que anos(!), era já ela uma figura de destaque na liderança do Sindicato dos Bordados e Tapeçarias da Madeira, tal como o seu pai era figura de proa no sindicalismo dos trabalhadores portuários. Guida Vieira anunciou há dias a sua retirada, no quadro de uma rotatividade que ela percebeu ser uma necessidade urgente no sindicalismo madeirense. Casada com Paulo Martins, deputado do Bloco de Esquerda, e figura de destaque na esquerda madeirense - desde os tempos da UPM, que viria a estar na génese da UDP na Região - Guida Viera está nos antípodas (um termo muito em voga ultimamente...) em relação à minha pessoa, falamos obviamente em termos ideológicos. Mas tenho que reconhecer a sua coerência política e ideológica, a sua persistência enquanto dirigente sindical, o papel que teve, juntamente com outras companheiras, na dignificação do trabalho das bordadeiras madeirenses, no estabelecimento de regras num sector que funcionava ao desbarato e em função dos bons ou maus arrufos dos empresários. Guida Vieira fica associada ao movimento sindical regional, inquestionavelmente. Não tenho qualquer dificuldade em reconhecê-lo, pelo que a sua saída vai certamente constituir uma perda para o sindicalismo madeirense em geral mas de uma forma particular para o sindicalismo que ela abraçou, praticamente desde a revolução de Abril de 1974. Tenho da política - para além do princípio sagrado de recusar o insulto, porque toda a pessoa tem o direito à sua dignidade e a pensar diferente em liberdade e de acordo com as suas convicções - a noção da justiça, de sabermos reconhecer, no momento próprio, quando as pessoas deixam legado. No sindicalismo madeirense Guida Vieira foi sempre figura de proa, vivendo-o à sua maneira, mas convencida - e isso para mim é o fundamental - que lutava por convicções e por objectivos. Repito, isto não me impede, nem a Guida Vieira, de sabermos que no plano ideológico e nas opções partidárias, estamos em pólos diferentes. Mas o respeito nada tem a ver com as opções e as convicções de cada um. Esse é talvez um dos principais problemas da política e dos políticos nos dias de hoje.
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