Há uma coisa que não entendo: se o Jornal da Madeira não passa de um pasquim do regime, um instrumento de propaganda do poder laranja; se os jornalistas do JM não têm liberdade de imprensa e fazem fila na Quinta Vigia para obterem “luz verde” para tudo o que escrevem; se o JM não é lido por ninguém, nem serve sequer para enrolar batatas ou limpar qualquer sítio à escola; se não faz sentido que o Governo Regional tenha participação no JM (e até em Lisboa fazem leis direccionadas exclusivamente contra a Região) mas já ninguém se importa que os socialistas tenham a maioria na poderosa RTP-RTP ou na Agência Lusa (porque entretanto ”despacharam” os jornais que tinham para alguns grupos económicos nacionais), se o JM é isto e mais aquilo, se os jornalistas do JM são perseguidos, levados para catacumbas, torturados, deformados, transformados em sacos de pancadaria, se lhes cortam os dedos para que não usem os computadores, se lhes furam a cabeça para que não pensem pela sua cabeça, se mais frito e mais assado, porque motivo os socialistas locais, continuamente ressabiados, sempre que se trata de afrontar o Governo Regional, metem o JM ao barulho? Recorrendo aos actores da “Conversa da Treta”, eu diria que “não sei, talvez, hesito”. Hesito em catalogar esta mesquinhez menor e nojenta de quem não sabe fazer política sem andar a achincalhar – não a mim porque graças a Deus já nem ligo a tal gente – mas a achincalhar as pessoas que profissionalmente trabalham no JM, cumprindo com dignidade a sua actividade profissional, graças a princípios éticos que adquiriram ao longo da sua vida, da sua educação, da sua família, e que certamente não encontram referências ou exemplos em certos grupelhos de gente mesquinha e sem escrúpulos que por aí anda armados em moralistas de coisa nenhuma. Eu, por ser do PSD, já sei que sou um reles escriba do regime. Outros, porventura mais fanáticos, mais sectários, mais tendenciosos que eu, mas que discretamente estão colaboracionistas silenciosos e conotados, até aos cabelos, com determinados partidos, ideologias ou projectos políticos, esses passam imunes no “ralador socialista”. Pudera! Dá-lhes jeito, fazem-lhes jeitos. Finalmente um último lamento: o de que estas campanhas contra o JM e os seus profissionais acabam por encontram eco e cumplicidades onde menos se esperava que isso acontecesse, no próprio sector da comunicação social. Enquanto jornalista, nunca faltei com o meu apoio e solidariedade classista, custasse isso o que me custasse.
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