sexta-feira, fevereiro 23, 2007

Citações

1 – Quando um homem cometer uma falta contra ti, considera logo que a opinião dele sobre o bem e o mal o terá levado a tal acto. Mal descobrires a razão lamentá-lo-ás, não sentirás nem surpresa nem cólera. Com efeito, ou tens a mesma opinião que ele sobre o bem, ou outra semelhante, e nesse caso deves perdoar-lhe. Ou não tens a mesma opinião que ele sobre o bem e o mal, e ser-te-á mais fácil a indulgência para com o seu engano.
2 – É vergonhoso que não renunciando o teu corpo a esta vida, a tua alma se lhe antecipe e renuncie.
3 – Não julgues as coisas ausentes como presentes. Mas entre as coisas presentes pondera as de maior preço e imagina com quanto ardor as buscarias se não as tivesses à mão. Mas ao mesmo tempo toma cuidado, não seja o caso que ao deliciares-te assim nas coisas presentes te habitues a sobrestimá-las. Procedendo assim, se um dia as viesses a perder davas em louco rematado.
4 – Prece dos Atenienses: “Humedece, humedece, amadíssimo Zeus, os campos lavrados dos Atenienses e as planícies”. Ou bem se não reze, ou então reze-se assim com candura e espontaneidade.
5 – É próprio do homem amar mesmo quem o ofende. Para chegares a esse ponto, pensa em que são teus parentes e em que pecam por ignorância e involuntariamente. Num instante todos estareis mortos. E lembra-te ainda de que não te fizeram mal porque não lesaram a tua faculdade directriz: ficou o que era.
6 – O guia interior é aquela parte que desperta por si, se modifica e plasma como quer e faz que todo o acontecimento lhe surja pelo modo que ela quer.
7 – Fosse a tua vida três mil anos e até mesmo dez mil, lembra-te sempre que ninguém perde outra vida que aquela que lhe tocou viver e que só se vive aquela que se perde. Assim a mais longa e a mais curta vida se equivalem. O presente é igual para todos, o que se perde é, por isso mesmo, igual, e o que se perde surge como a perda de um segundo. Com efeito não é o passado ou o futuro que perdemos. Como poderia alguém arrebatar-nos o que não temos?
Marco Aurélio, Imperador (121 a 180 DC)

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