quinta-feira, dezembro 15, 2022

Desabafo diário: acabou-se!

No dia 24 de Setembro de 2014, Fernando Santos foi apresentado pela Federação Portuguesa de Futebol como treinador da seleção portuguesa, substituindo Paulo Bento que, curiosamente, veio a reencontrar na fase de grupos no Mundial do Qatar-2022, perdendo esse jogo.

Sem um currículo impressionantes pelos clubes onde andou - em Portugal a excepção foi o facto de ter conquistado em 1998/99,  o inédito penta-campeonato pelo Porto, ficando desde então conhecido entre os portistas, como o  "Engenheiro do Penta". Para além desse título nacional nada mais a registar, em Portugal ou na Grécia por onde andou.

Já ao serviço da selecção nacional conquistou o Campeonato Europeu de 2016 e a Liga das Nações da UEFA de 2018–19.

Eu sempre achei, e escrevi, que Fernando Santos não era um treinador brilhante, que jogava muito na cautela, mas achei que o Europeu podia  mudar isso. Nada disso.

Fernando Santos na selecção teve a sorte - que outros não tiveram - de ter tido ao seu dispor grandes jogadores, Ronaldo à cabeça, em grande forma e que foram as causas principais das vitórias obtidas. Desvalorizar o papel essencial de jogadores fantásticos que obrigatoriamente tinham que integrar a selecção e superar as insuficiências do treinador, seria uma desonestidade criminosa.

Portanto, para mim, e esta é a minha opinião pessoal, apenas e só isso, o que se passou no Qatar-2022 não deve espantar ninguém.  Portugal foi sempre uma selecção arrumadinha, a jogar com cautelas reforçadas - o que sempre aconteceu -  pelo que mais tarde ou mais cedo perceberíamos que o milagre do europeu de 2016, porque foi um milagre mesmo, não se repetiria.

Sobre o caso Ronaldo, e tudo o que à volta deste tema surgiu na comunicação o social, incluindo os envolvimentos exteriores lamentáveis e dispensáveis de pessoas que confundem, espaços públicos com espaços pessoas ou familiares reservados, não comento, porque não isento de forma desonesta apenas uns de responsabilidades, e não todos.

Após oito anos na selecção e sem alinhar com aqueles que acham que foi apenas a derrota com Marrocos nos quartos de final do Mundial do Catar a acelerar o afastamento de Fernando Santos (que tinha contrato até 2024), admito que o escândalo fiscal - porque é disso que se trata, de não pagar impostos num contrato de milhões de euros num  país com uma elevada carga fiscal e que não perdoa nada a ninguém (pelos vistos há quem se safe bem nisso...) tenha retirado a Fernando Santos as condições para continuar no cargo. A imagem do seleccionador junto da opinião pública portuguesa, ainda por cima em tempos de crise social e económica que se vai agravando todos os meses, degradou-se aceleradamente, sejam quais forem os acordos que a FPF e a empresa privada pessoal do ex-selecionador tenham assinado. Num processo - que não comento porque ninguém se pronunciou ainda, de forma clara e com autoridade para o fazer, sobre as notícias publicadas nem conhecemos por isso todos os favores, fretes ou eventuais ilegalidades associadas a este estranho contrato de milhões assinado pelo ex-seleccionador e pela FPF - de pagamento de milhões em impostos reclamados pela AT mas que Fernando Santos continua a contestar, e que está longe de estar concluído mas que num pais como Portugal não deixa de ser lamentável. Sobretudo pelos milhões de cidadãos que pagam impostos, incluindo alguns, não todos, para os quais a mer** da subida de um escalão salarial ou numa uma pensão, implica o risco de mudança de escalão do IRS e, portanto, mais impostos a pagar por parte de pessoas que contam os poucos tostões que todos os meses lhes restam disponíveis.

Fernando Santos saiu. Ponto final. Venha o próximo. Desejando e esperando que Ronaldo perceba os exageros cometidos, também do seu lado foram cometidos (dele e de pessoas próximas dele, que em nada o ajudaram), que não se podem repetir, porque a selecção não se pode confundir com nenhuma peixeirada. Estamos entendidos? (LFM,15.12.2022)

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