O mote
parece ser testar o mais possível para agir o mais cedo possível. A estratégia
nacional de testes para o SARS-CoV-2, que leva a que, desde 9 de novembro, se
façam mais testes rápidos de pesquisa de antigénio para a deteção de casos de
covid-19 no País, foi finalmente implementada. Segundo o Plano da Saúde para o
Outono-Inverno 2020-21, a nova tática da Direção-Geral da Saúde passa por
controlar a evolução epidemiológica em Portugal testando em larga escala, o que
permitirá fazer um rastreio efetivo com a deteção e o isolamento precoces de
casos de covid-19 positivos e dos respetivos contactos.
A
ideia será usar diferentes tipos de testes consoante as circunstâncias, a
estimativa da eventual carga viral do SARS-CoV-2 que a pessoa analisada poderá
carregar e a ponderação de outros fatores, nomeadamente a existência de surtos
em escolas, lares e outras instituições, contactos de alto risco ou com
populações vulneráveis e a necessidade de um diagnóstico rápido para agilizar a
implementação de medidas adequadas de saúde pública para travar a propagação da
covid-19.
Que
tipo de testes à covid-19 existem?
Há
vários tipos de testes laboratoriais para SARS-CoV-2 disponíveis. O seu
desempenho depende muito do contexto clínico e epidemiológico em que são
utilizados.
Em traços largos, os testes à covid-19 podem dividir-se entre os que são projetados para diagnosticar uma infeção atual e os que têm como objetivo determinar se a pessoa já teve contacto com o novo coronavírus.
Testes
serológicos
Os
testes serológicos, feitos a partir de análise de amostra de sangue, detetam a
presença de anticorpos (produzidos durante uma resposta imunitária à doença) e
não estão recomendados para o diagnóstico de novos casos de covid-19.
Até à
data, não há dados científicos suficientes que permitam deduzir se esses
anticorpos conferem imunidade de longa duração. Apesar da sua limitada
utilidade clínica, estes testes podem ser utilizados em estudos epidemiológicos
populacionais e de investigação.
Para
se verificar se existe ou não contaminação com covid-19, é preciso realizar
outros tipos de testes, tais como os moleculares e os testes de pesquisa de
antigénio.
Testes
moleculares ou testes de PCR
Os
testes moleculares de amplificação de ácidos nucleicos desenvolvidos para o diagnóstico
de infeção por SARS-CoV-2 são testes de pesquisa de RNA viral (o genoma do
SARS-CoV-2) ou testes RT-PCR. Trata-se do método de referência para a deteção
de RNA viral do SARS-CoV-2, que permite concluir que alguém está contaminado
com este vírus (a deteção de RNA viral na amostra recolhida leva ao diagnóstico
de covid-19).
No
grupo dos testes moleculares de amplificação de ácidos nucleicos incluem-se os
RT-PCR convencionais, feitos em tempo real, e os RT-PCR em circuito fechado,
que são testes de amplificação de ácidos nucleicos, realizados geralmente em
equipamentos portáteis, que permitem um resultado mais rápido quando comparados
com os testes convencionais.
Para a
realização destes testes moleculares, são recolhidas, com o auxílio de um
cotonete (zaragatoa), amostras do trato respiratório superior e/ou inferior
para a eventual deteção de RNA viral. A evidência científica atual mostra que o
RNA de SARS-CoV-2 pode ser identificado um a dois dias antes do início dos
sintomas, podendo persistir, nos casos moderados, até 8 a 12 dias depois do
início da doença (embora existam casos reportados de deteção de RNA após o 28.º
dia de infeção). Dependendo da capacidade do laboratório, os resultados do
teste podem ser conhecidos no prazo de 24 horas após a sua requisição.
Testes
rápidos de pesquisa de antigénio
Os
testes de pesquisa de antigénio desenvolvidos para o diagnóstico do SARS-CoV-2
visam detetar proteínas específicas do vírus produzidas no trato respiratório.
São realizados através da colheita de amostras de exsudado (normalmente, da
nasofaringe) com um cotonete (zaragatoa).
Os
estudos científicos demonstram que a fase em que, com maior probabilidade, se
deteta um antigénio viral num indivíduo infetado por SARS-CoV-2 é geralmente
nos dias imediatamente antes do aparecimento dos primeiros sintomas e nos cinco
a sete dias imediatamente seguintes, período em que a carga viral no trato
respiratório superior é mais elevada.
A
tecnologia envolvida é semelhante a um teste de gravidez. Os testes de pesquisa
de antigénio podem ser realizados em pequenas séries, com baixa complexidade de
execução técnica, e não implicam o recurso a um laboratório. Os resultados
ficam, na maioria dos casos, disponíveis para leitura visual ou ótica no
equipamento portátil no espaço de 10 e 30 minutos.
Quais
os testes à covid-19 mais fiáveis?
A
fiabilidade dos testes à covid-19 mede-se, geralmente, por dois critérios: a
sua sensibilidade (ou seja, a capacidade de detetar pessoas infetadas) e a sua
especificidade (o número de falsos positivos que pode eventualmente indicar).
Como
em todos os testes laboratoriais, existem vários aspetos que podem condicionar
a fiabilidade dos resultados dos testes RT-PCR. A probabilidade de um resultado
positivo varia consoante o tipo de amostra biológica, a qualidade da colheita e
a quantidade de RNA viral presente numa determinada localização anatómica e em
cada fase e gravidade da doença.
Os
testes de deteção de pesquisa de antigénio, em princípio, têm uma menor
sensibilidade do que os testes moleculares (RT-PCR), particularmente quando a
carga viral é mais baixa. Sobretudo no início da infeção, a deteção da presença
de uma proteína do SARS-CoV-2 pode ocorrer mais tarde do que a identificação do
RNA viral por RT-PCR. Contudo, quando a carga viral é elevada (nos dias que
antecedem os sintomas e nos cinco a sete dias depois do aparecimento dos
mesmos), o potencial destes testes aumenta.
A nova
geração de testes rápidos de deteção de antigénio que se encontram registados
no Infarmed apresentam desempenhos diversos, variando a sensibilidade entre 60%
e 99%, com especificidades consistentemente elevadas (iguais ou superiores a
98%). No entanto, a Direção-Geral de Saúde só recorre a testes que apresentem
uma sensibilidade igual ou superior a 90% e uma especificidade igual ou
superior a 97%. Em suma, os testes rápidos de deteção de antigénio usados são
fiáveis, sobretudo quando usados numa fase inicial da doença, e podem orientar
as decisões em saúde pública e a vigilância da covid-19, permitindo, por
exemplo, isolar antecipadamente casos assintomáticos, ou obter um diagnóstico
rápido numa fase inicial da doença.
Para
quem estão indicados os testes rápidos de antigénio?
De
acordo com a norma da Direção-Geral da Saúde relativa à Estratégia Nacional de
Testes para SARS-CoV-2 em vigor a partir de 9 de novembro, os testes rápidos de
antigénios estão indicados para:
pessoas
com sintomas e indicação para vigilância clínica e isolamento no domicílio nos
primeiros cinco dias (inclusive) de doença;
pessoas
assintomáticas que tiveram ou mantêm contacto de alto risco (por exemplo,
profissionais de saúde) com algum caso confirmado de covid-19, se o teste
molecular não estiver disponível ou não permitir a obtenção do resultado em
menos de 24 horas;
surtos
em escolas, lares e outras instituições, sob coordenação das equipas de saúde
pública;
doentes
sintomáticos com indicação para internamento, mas antes de serem admitidos, nos
casos em que o teste molecular não esteja disponível ou não permita obter
resultados em tempo útil;
pessoas
sem sintomas e sem contacto de alto risco com caso confirmado, no contexto da
admissão hospitalar, em estruturas residenciais para idosos, em unidades da
rede nacional de cuidados continuados integrados e em instituições de
acolhimento social, entre outras. Nestes casos, o uso de testes rápidos visa
prevenir e mitigar o impacto da covid-19 nos serviços de saúde e nas populações
vulneráveis.
Como
posso saber os resultados dos testes?
Em
Portugal, os resultados dos testes laboratoriais (tanto os moleculares como os
de pesquisa de antigénio) são disponibilizados e comunicados ao utente.
São
também, regra geral, registados na plataforma Sinave pelos laboratórios, no
período de 24 horas desde a requisição do teste laboratorial e a obtenção do
resultado.
Com um
teste rápido negativo, é preciso fazer um PCR?
Face a
um resultado negativo num teste rápido de pesquisa de antigénios, caso haja
elevada suspeita clínica de covid-19, a Direção-Geral da Saúde recomenda a
realização de um teste molecular (RT-PCR). Contudo, a decisão de fazer um teste
molecular compete ao médico assistente, que age consoante análise e ponderação
da situação clínica e epidemiológica evidenciada.
Há
testes rápidos à venda nas farmácias?
Segundo
o Infarmed e a Direção-Geral da Saúde (DGS), os testes para SARS-CoV-2 só podem
ser realizados em laboratórios hospitalares ou outros que cumpram requisitos de
segurança elevados, e em unidades prestadoras de cuidados de saúde onde sejam
asseguradas as condições de higiene e biossegurança adequadas. Por essa razão,
não faz sentido estarem disponíveis na farmácia.
Posso
pedir para fazer um teste rápido?
Pode,
mas não deve fazê-lo. À partida, é possível através de uma instituição de saúde
ou de um laboratório ter acesso a testes de diagnóstico à covid-19, onde se
incluem os testes rápidos. Contudo, a DGS desaconselha as pessoas a fazê-lo por
sua alta recreação. Os testes de diagnóstico para a covid-19 devem ser
realizados após indicação médica e por profissionais de saúde qualificados que
têm o dever de registar os resultados, para que as autoridades de saúde possam
manter a vigilância epidemiológica da covid-19 em Portugal (Executive Digest
com DECO)
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