Quando há dias me interroguei - e dei conta disso aqui
- sobre o não envolvimento das farmácias no processo de vacinação anti-covid19
da população portuguesa, fi-lo na convicção de que, havendo queixas diárias de
que os centros de saúde e as estruturas de saúde pública em geral se debatem
com uma comprovada falta de recursos humanos, em termos regionais e nacionais,
estar a desviar profissionais de enfermagem da actividade diária normal dos CS
para a urgente (e célere) vacinação de 10 milhões de pessoas - que sejam 7 ou 8
milhões se quiserem, porque a vacinação não será estranhamente (estranho porque
sabemos todos do que é capaz esta pandemia e este vírus em mutação quase
constante) obrigatória - não me parecia (nem me parece) plausível. Lembro que
no combate ao covid19, uma das críticas
feitas de forma generalizada e constante, relacionou-se com o alegado desvio
hospitalar de recursos, humanos, equipamentos, financeiros e outros, para essa
frente de batalha, prejudicando e em detrimento de outras frentes igualmente
importantes na saúde pública.
O que é facto é que me deram uma explicação que
partilho e é plausível embora reconheça que pode não ser consensual: sendo
gratuita a vacinação anti-covid, nesta primeira fase, será algo de novo, um
desafio com muitas incógnitas, e havendo exigências em termos de armazenagem em
frio de algumas dessas vacinas, provavelmente caberá ao SN ou SR de Saúde darem
o primeiro passo e assumirem as suas responsabilidades, antes de eventualmente
as partilharem numa fase posterior. Acresce que muitas farmácias não estarão
aptas a responder a essa exigência técnica de armazenagem da vacina (Pfeizer) -
que nas compras portuguesas assume a maior dimensão, segundo creio. Sucede que
depois desta primeira vaga de vacinação generalizada - aliás o mesmo se passa
nos demais países europeus pelo que tenho lido - prevê-se que, tal como outras
vacinas, para uma parte assinalável da população, essa vacinação implique não a
gratuitidade mas a aquisição da vacina em causa - que ninguém sabe se garante
de uma só vez a imunidade ou se, tal como a da gripe, devido a mutações do
próprio vírus - será ministrada anualmente como acontece hoje. Acresce que
depois dessa primeira vacinação, houve quem me tivesse admito que as farmácias
poderão ser envolvidas "normalmente" no processo, não sendo demais
lembrar que a administração de vacinas nas farmácias está a cargo de competentes
profissionais de enfermagem que são contratados pelas farmácias para esse
efeito, algo que subscrevo e não considero seja uma ilegalidade.
Portanto, Centros de Saúde, se tiverem capacidade de
resposta, numa primeira fase do combate ao covid19, se for essa a opção, nada a
dizer, desde que a resposta seja eficaz, célere e não coloque em causa a
normalidade funcional das estruturas de saúde, algo que confesso tenho
dificuldade em aceitar como garantido, devido à falta de profissionais. A
partir daí acho que as farmácias - e nada tenho a ver com as farmácias, não me
ligam interesses de qualquer espécie, não sou seu procurador nem porta-voz -
podem fazer parte, se tiverem interesse e condições logísticas, da resposta que uma sociedade dá no combate
de maleitas sanitárias generalizadas. Isto independentemente do SRS na Madeira
por exemplo, como admito possa acontecer, opte por soluções mistas ou
concertadas, devidamente negociadas, que garantam a resposta eficaz e célere do
sistema envolvendo as estruturas regionais de saúde pública com as privadas,
nomeadamente as farmácias (foi delas que falei no meu post anterior que
suscitou interessante debate e troca de ideias), desde que tenham condições
para o fazer - refiro as vacinas mais exigentes em termos de armazenagem e que
podem implicar investimento avultado que nesta conjuntura pode não ser
convidativo. Enfim, deixemos o processo ser posto no terreno - falo do processo
de vacinação, dos planos nacional e regional de vacinação anti-covid19, e
depois logo vemos que acertos haverá que fazer. O essencial é que o sistema
responda rapidamente, logo que tiver condições para o fazer - as vacinas nem
chegaram ainda a Portugal!... E responda com celeridade, eficácia, de forma
mobilizadora, sem colocar em causa nenhuma das outras frentes que nada têm a
ver com o covid19. Uma nota final: esta é apenas a minha opinião que me vincula
apenas o seu autor, como é óbvio e será desnecessário evidenciá-lo (LFM)
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