A derrota do PS que atirou este partido para terceira força política, sendo ultrapassado pelo Chega, é explicada pelos eleitores recenseados em Portugal sobretudo com dois fatores: falta de ligação de Pedro Nuno Santos ao eleitorado tradicional e cansaço após os oito anos de governação socialista que antecederam a AD. Numa sondagem da Pitagórica para o JN e a TSF, aqueles dois motivos perfazem 57% na hora de os inquiridos apresentarem, de forma espontânea, as razões para o desaire eleitoral do PS (30% para a falta de ligação do líder e 27% para o cansaço após os governos chefiados por António Costa).
Perante uma lista concreta de motivos, e desafiados a escolher dois, os inquiridos continuam a apontar como principais razões o cansaço do eleitorado após oito anos de governação do PS (28%) e a falta de ligação do líder ao eleitorado tradicional (24%), mas estas trocam de posições. Coladas a estas razões surgem, cada uma com 23%, a perceção de má gestão do governo anterior e a ascensão do Chega como voto de protesto e contestação. Na alegada má gestão, destacam-se os eleitores com baixa probabilidade de votar no PS e, no caso da subida do partido de André Ventura, os que têm alta probabilidade de depositar o seu voto numa candidatura socialista.
Emigrantes e moção
Na sondagem com base em 500 inquiridos, surge depois a falta de propostas mobilizadoras na campanha, com 16%, e o argumento de que a mobilização da emigração favoreceu a AD e o Chega, com 15% A tabela continua com a recusa do PS em votar a moção de confiança do Governo, com 14%. Seguem-se a falta de identificação com o PS por parte de novos eleitores (12%), a associação a escândalos e investigações (11%), mau desempenho em debates e fraca comunicação política (9%), e voto útil na AD para evitar crescimento do Chega (4%).
Esta sondagem tem uma nova variável com o objetivo de avaliar o voto no PS nos últimos cinco anos (quatro legislativas anteriores). Em concreto, 44% têm alta probabilidade de votar nos socialistas (votaram pelo menos uma vez no PS nas quatro legislativas anteriores), e 56% têm baixa probabilidade (não votaram naquele partido). Na análise dos resultados por voto nas últimas legislativas, verifica-se que, entre os que votaram na AD, 21% têm alta probabilidade de votar no PS e 79% baixa probabilidade. Entre os votantes do Chega, 31% têm alta probabilidade de votar no PS e 69% baixa probabilidade.
Para 44%, novo líder teria tido melhor
resultado
Se o líder do PS fosse José Luís Carneiro, o resultado das legislativas teria sido melhor no entender de 37% dos inquiridos e muito melhor para 7%. Enquanto estas duas respostas representam 44%, para 38% o resultado teria sido semelhante. Seria pior para 5% e muito pior para 2%. Os que acreditam que o PS se teria saído melhor nestas eleições com Carneiro em vez de Pedro Nuno Santos são sobretudo eleitores com 55 anos ou mais, das classes sociais mais baixas, do Norte e que, nas últimas legislativas, votaram na AD (Jornal de Notícias, texto da jornalista Carla Soares)
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