terça-feira, junho 04, 2024

Sondagem: Portugueses querem mais poder para a UE mas hesitam sobre um Estado federal

Uma grande maioria dos portugueses concorda que se deve entregar mais poderes à União Europeia (UE), incluindo matérias como a Educação (62%) ou Negócios Estrangeiros (70%), segundo uma sondagem da Aximage para o DN, JN e TSF. Querem uma força militar europeia de reação rápida (77%) e defendem as restrições que trouxe o Pacto para as Migrações e o Asilo (72%). No entanto, quando confrontados com a hipótese de um Estado federal, o entusiasmo é menor (46%).

Os resultados da sondagem mostram que a população portuguesa é europeísta. E que está disponível para que sejam cedidas a Bruxelas cada vez mais competências. Incluindo nas áreas da soberania, como a política externa ou a Defesa. Mas, uma coisa é concordar com o reforço dos poderes, outra é chegar ao ponto de a transformar num Estado federal. 

Saída da UE é residual

Quando confrontados com a possibilidade de o processo de integração evoluir para uma espécie de “Estados Unidos da Europa”, continuam a ser maioritárias as vozes que defendem essa via (46%), mas há 38% que, entre uma Europa federal e a devolução de competências e soberania aos países, optaria por recuar (38%). O número dos que defendem a saída da UE é residual (5%). Uma das áreas que mereceram atenção nos debates entre candidatos foi a defesa e a segurança da Europa. Um tema central desde a invasão da Ucrânia pela Rússia. Os cidadãos estão alinhados com uma estratégia comum na UE: 80% concordam com a criação de um fundo comum que financie o investimento nas indústrias de Defesa; e 77% apoiam uma força militar europeia de reação rápida dos 27. Sendo que poderão passar a 29, uma vez que 65% defendem a adesão da Ucrânia e da Moldávia, países cujo processo está mais avançado.

Outro dos temas que têm preenchido a campanha é a imigração. Como pano de fundo, o Pacto para a Migração e o Asilo, que estabelece mecanismos de solidariedade entre estados, mas também maior controlo das fronteiras e restrições à entrada de imigrantes. Mais à direita (Chega) e mais à esquerda (BE, Livre e CDU), ataca-se o Pacto. Mas a maioria da população defende-o (72%) e quase um terço sem qualquer reserva (30%).

Fim do direito de veto

No final do ano passado, o Parlamento Europeu aprovou uma resolução que prevê a transferência de novas competências, alargamento de outras, e o fim da unanimidade no Conselho Europeu. Ou seja, impedir que um único país entre 27 consiga exercer um “direito de veto”. E até com essa medida os portugueses estão de acordo (63%).

Não surpreende portanto a abertura a depositar na UE mais poderes e capacidade de coordenação de políticas comuns. O que mais entusiasma os portugueses é que isso aconteça na área da segurança externa (79%). Seguem-se, por ordem decrescente, mas sempre maioritária, o ambiente (77%), a energia (75%), os Negócios Estrangeiros (70%), a indústria (67%), a saúde pública (65%) e a educação (62%).

Mais dados

50%. É entre os que residem na Área Metropolitana do Porto que é maior o entusiasmo relativamente a uma Europa federal (50%). Mas a ideia também é maioritária entre os homens (51%) e quem tem 35 a 49 anos (50%).

60%. Os eleitores da AD são os que mais se identificam com a ideia de avançar em direção a uma Europa federal (60%). Num patamar um pouco mais baixo estão socialistas (45%) e bloquistas (44%).

44%. Os eleitores do Chega apontam à devolução de competências e soberania aos diferentes estados da UE (44%). Mas também há 39% que querem um Estado federal.

FICHA TÉCNICA

 Sondagem de opinião realizada pela Aximage para DN/JN/TSF sobre temas da atualidade nacional política. Universo: indivíduos maiores de 18 anos residentes em Portugal. Amostragem por quotas, obtida a partir de uma matriz cruzando sexo, idade e região. A amostra teve 801 entrevistas efetivas: 697 entrevistas online e 104 entrevistas telefónicas; 376 homens e 425 mulheres; 175 entre os 18 e os 34 anos, 212 entre os 35 e os 49 anos, 208 entre os 50 e os 64 anos e 206 para os 65 e mais anos; Norte 271, Centro 167, Sul e Ilhas 123, A. M. Lisboa 240. Técnica: aplicação online (CAWI) de um questionário estruturado a um painel de indivíduos que preenchem as quotas pré-determinadas para pessoas com 18 ou mais anos; entrevistas telefónicas (CATI) do mesmo questionário ao subuniverso utilizado pela Aximage, com preenchimento das mesmas quotas para os indivíduos com 50 e mais anos e outros. O trabalho de campo decorreu entre 17 e 22 de maio de 2024. Taxa de resposta: 74,82%. O erro máximo de amostragem deste estudo, para um intervalo de confiança de 95%, é de +/- 3,5%. Responsabilidade do estudo: Aximage, sob a direção técnica de Ana Carla Basílio (DN-Lisboa, texto do jornalista Rafael Barbosa)

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