sexta-feira, setembro 10, 2021

Nota: Rangel, Mesquita Nunes, etc

Paulo Rangel assumiu (entrevista à SIC) a sua homossexualidade. Um forte aplauso pela coragem e pela dignidade de decidir dar uma dimensão pública a um assunto que apenas lhe diz respeito e que em circunstâncias algumas pode ser utilizado para o avaliar, sobretudo na política. Mas a revelação acaba por ser também uma tristeza a partir do momento em que se transforma num "acontecimento" mediatizado, algo que na sociedade dos nossos dias é encarado como uma normalidade. Estamos a falar de algo que está relacionado apenas com a pessoa em causa, seja ela quem for, que apenas diz respeito aos seus direitos, às suas opções, à sua vida e ao seu direito a viver com dignidade e encontrar a sua felicidade da forma que entender. Os tempos mudaram, eu próprio sinto isso, por que os nossos pensamentos, por muito agrestes e pouco tolerantes que tenham sido no passado, mudaram por completo. E qual o motivo? Pelo simples facto da afirmação e assimilação colectiva de uma nova consciencialização social, da convicção reforçada de que ninguém é dono da vida, do destino, da liberdade e da felicidade do outro, porque todos temos o dever e a obrigação cívica e moral e lutar para que o outro se sinta respeitado e integrado, que seja feliz da forma que entender, gozando da mesma liberdade que reclamamos para nós. E nunca será a orientação sexual a constituir um entrave para essa vivência com dignidade, com liberdade, sendo apenas mais um entre nós, apenas e só isso mais um que vive na nossa mesma sociedade e que tem direito aos direitos que reclamamos para nós. Parabéns Paulo Rangel, parabéns Mesquita Nunes, dois dos políticos portugueses a quem auguro maior futuro e maior sucesso na política nacional. Souberam quebrar tabus, souberem sobretudo mostrar que não somos donos de nada nem de ninguém e que não temos o direito de querermos ser melhores do que o outro que vive ao nosso lado, bem entre nós, e que tem os mesmos direitos e os mesmos sonhos que nós temos. Repito, mesmo que autocriticamente nem sempre todos tenhamos pensado dessa forma, mesmo que nem sempre nos tenhamos comportado de forma humana e solidária como hoje é absolutamente imperioso que aconteça. Em nome da nossa própria autorrealização enquanto Pessoas, em prol da nossa liberdade individual e colectiva e em defesa dos nossos direitos (LFM)

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