quarta-feira, setembro 22, 2021

Notas autárquicas: vamos ter algumas surpresas na RAM

 

Os partidos políticos têm-se adaptado ao longo do tempo, com maior dificuldade e assertividade, ao potencial que as redes sociais propiciam, na tentativa -. Desconheço se conseguida ou se falhada – de chegarem mais depressa a mais gente, levando as suas ideias, mensagem e protagonistas a um terreno, o da credibilização da política, que anda muito por baixo. Há partidos, sobretudo os mais pequenos, que planificam as suas campanhas usando apenas as redes sociais e o espaço mediático concedido pelos meios de comunicação tradicionais. Para além disso, zero!

Mas no caso de alguns, poucos, diga-se em abono da verdade que pelo menos conseguiram a eleição de alguns candidatos…

Outros partidos, de maior dimensão eleitoral e social e por isso com maiores responsabilidades políticas, devido aos sucessivos (e demagógicos) tiros-nos-pés, por exemplo em matéria de financiamento quando se tratam de instituições de interesse público, viram-se privados de condições para estarem mais activamente no terreno e no contacto com as pessoas, contrastando com as exigências que se colocam de forma acrescida aos partidos para que mostrem a sua utilidade numa sociedade que se distancia cada vez mais deles – e eles em vez de optarem por uma tendência contrária, também se distanciam das pessoas.

Outro erro nas campanhas eleitorais é o uso absurdo e massacrante das novas tecnologias, nomeadamente os SMS através dos quais os partidos enviam mensagens de apelo ao voto.

O problema é que os partidos enviam mensagens

(não falamos de convocações para actos públicos de campanha) para os seus próprios militantes, usando as suas bases de dados. Ora é de acreditar - e mal será que assim não seja - que os militantes do PSD-M ou do PS-M ou de outro partido qualquer sejam por natureza eleitores dos seus partidos. O que torna redundante o massacre diário com mensagens SMS que deveriam ser levados ao eleitorado em geral em vez de se limitarem a círculos restritos representados pelo pequeno universo dos seus militantes ou alguns simpatizantes (?).

Sem contacto de rua com as pessoas, sem que os candidatos se mostrem no dia-a-dia, no chamado porta-a-porta, ouvindo tudo mesmo o que não espera nem quer, nada feito, Eu lembro-me do stress que era uma campanha e pré-campanha de dois meses (ou mais) na rua, com reforço aos fins de semana e feriados, e lembro-me do que nos era dito sobretudo em zonas eleitoralmente mais adversas ou agrestes mas que antecipadamente identificávamos. Mas o pessoal estava lá e não me recordo de ter sido mal recebido seja onde for. Hoje a lógica da política aburguesou-se, há quem queira ser candidato - o mundo dá de facto muitas voltas... - mas não tem perfil para uma campanha eleitoral pura-e-dura. E há partidos e dirigentes políticos que cometem o erro de acharem que basta seleccionar uns tantos cromos para preencher a caderneta e que tudo se resolve. Vão sofrer contrariedades, porque tenho para mim, pelo menos é essa a minha convicção, que estas eleições autárquicas reservarão algumas surpresas também na Madeira. Que podem antecipar debates ou questionar estratégias e opções.... (LFM)

Sem comentários: