Ex-líder parlamentar
do PSD ataca postura dos críticos e considera “suicidário” tentar derrubar Rui
Rio antes de 2019. “Quem não se candidatou estará mal se pensar que a sua
ascensão pode acontecer fora das regras”, diz. O ex-líder parlamentar do PSD
responde aos que, dentro do PSD, têm colocado a hipótese de um congresso
antecipado e considera que “isso não faz sentido nenhum”. Guilherme Silva
defende mesmo, numa alusão a Luís Montenegro, que “quem não se candidatou
estará mal se pensar que a sua ascensão pode acontecer fora das regras
normais”.
Faz sentido falar na
possibilidade de um congresso antecipado se as coisas continuarem a não correr
bem ao PSD?
Isso não faz sentido
nenhum. Quem é que, nesta altura, se perfila como alternativa ao líder que
acabou de ser eleito? Que razões existem contra a liderança para se colocar o
problema de um congresso extraordinário? Não há uma coisa nem outra. Não
havendo uma coisa nem outra, o que é preciso é juízo. O que é preciso é juízo
porque não se pode andar a fazer e desfazer orientações definidas em congresso
só porque a linha de determinados militantes saiu derrotada no mesmo.
Mas dentro do PS há
quem ache que Rui Rio não vai chegar a 2019.
Têm de se habituar ao
funcionamento democrático do partido.
Quando diz que não
existe alternativa a Rui Rio, não é bem assim. Luís Montenegro deixou muito
claro que quer ser essa alternativa e que para a próxima...
Sim, mas para a
próxima não é 15 dias depois ou dois meses depois de uma nova liderança ter
ganho as eleições internas. Quem não se candidatou [nas eleições diretas, em
janeiro, que deram a vitória a Rui Rio] estará mal se pensar que a sua ascensão
pode acontecer fora das regras normais.
Acha que Luís
Montenegro e outros críticos devem ter uma atitude mais reservada?
A minha posição ao
longo da vida em termos partidários foi sempre muito simples e acho que deve
ser a de qualquer militante. Nunca hesitei em apoiar A ou B conforme aquela que
era a minha convicção, mas quando o meu candidato era derrotado não deixava de
me empenhar e de colaborar com a nova liderança para que o partido tivesse
sucesso. E, portanto, tenho muita dificuldade em perceber que existam pessoas
que tenham aspirações à liderança e ao exercício de altos cargos dentro do
partido e que não tenham este espírito. Mas cada um assume as suas
responsabilidades. Os militantes estão atentos e sabem fazer as suas
avaliações. Cada um, particularmente quem tem aspirações de liderança, tem de
conhecer as regras e não vai longe se não as respeitar
Para si é certo que
Rui Rio será o candidato em 2019?
Não tenho a menor
dúvida sobre isso. O partido não vai entrar num caminho suicidário, isso é
impensável. O que nós temos de interiorizar é que vamos ganhar as próximas
eleições legislativas, não é o contrário. Não é dizer que é difícil e que
devemos pensar mais para a frente.
Rui Rio não tem
transmitido essa ideia?
Nunca o ouvi dizer
isso, mas há máquinas de contrainformação que fazem o seu caminho... O que não
é desejável é que exista porventura quem pense que terá uma ascensão mais
rápida dentro do partido se as coisas correrem mal a Rui Rio. Esta postura,
nenhum militante pode ter e muito menos quem tenha aspirações à liderança. Os
nossos adversários estão lá fora, não estão cá dentro.
Essas críticas
afetam Rui Rio?
Esta irrequietude
não é uma coisa nova. É muita característica do partido. O PSD, quando está na
oposição, é bastante mais inquieto. Conheço-o suficientemente bem para saber
que ele não se deixa perturbar por esse tipo de críticas. Isso, para o dr. Rui
Rio, não é um contratempo, mas um estímulo. Estou certo de que ele traçará um
caminho que vai unir o partido. Tudo isto tem de ser construído com muito
trabalho e muita persistência.
Julga que o PSD ainda
tem tempo para recuperar e ganhar as eleições no próximo ano?
O poder beneficia
sempre de um bom ciclo económico, mas isso não é eterno. Nós já estamos
suficientemente escaldados para perceber que as coisas podem mudar muito
rapidamente. Vamos ter atenção àquilo que está à vista, mas sem perder a noção
de que, de um momento para o outro, as coisas podem mudar e o partido tem de
estar pronto para se adaptar a essas situações.
Julga que o PS e a
esquerda podem vir a ter mais dificuldades para se entenderem no próximo
Orçamento?
As duas coisas estão
associadas. António Costa vai fazendo este jogo duplo com os seus parceiros e
com a Europa, porque isto está a correr bem. No momento em que correr mal e
forem necessárias medidas que os partidos da esquerda ou da extrema-esquerda
não tolerem, a quadratura do círculo vai ser mais difícil (entrevista ao jornalSol, conduzida pelo jornalista Luís Claro)
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