“Há
mais de 40 anos, um emigrante madeirense na África do Sul decidiu um dia
investir na sua terra natal e criar o primeiro hotel daquela que viria a ser a
maior cadeia hoteleira portuguesa.
Era
o primeiro passo do Grupo Pestana, que hoje em dia se dedica essencialmente à
hotelaria, mas também à área do turismo, tendo operações no golfe ou no ramo
imobiliário. José Theotónio, administrador da área financeira, explica que
durante os primeiros vinte anos "o Grupo Pestana basicamente é o
proprietário de uma unidade que era gerida pela Sheraton".
Após
o 25 de Abril, Dionísio Pestana, o atual presidente do Grupo, aceita o desafio
do pai para gerir o Sheraton na Madeira, que se encontrava numa situação
deficitária. "Resolve rescindir o contrato [com a Sheraton] e começar ele
a desenvolver os negócios, a criar a sua marca e a cadeia Pestana".
Assim,
nas últimas duas décadas, a primeira metade "é um crescimento em Portugal,
primeiro na Madeira e depois nos outros destinos, como o Algarve, Lisboa e
Porto". Nos últimos dez anos, começou uma segunda fase da empresa com uma
aposta forte na internacionalização, "que começa primeiro pelos países que
falam português, como o Brasil, Moçambique, e mais tarde noutros países em
África (São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, África do Sul e Marrocos) e na América
do Sul (Argentina, Venezuela, Colômbia e Cuba)".
Mais
recentemente, o Grupo Pestana redirecionou o seu investimento para o continente
europeu, para cidades como Londres, Berlim e Barcelona, e há dois anos abriu
uma unidade em Miami, nos Estados Unidos da América. Atualmente, o Grupo
Pestana detém "87 hotéis, 39 dos quais são as pousadas de Portugal, também
geridas pelo grupo desde 2003".
José
Theotónio explica que a internacionalização foi um passo natural para o grupo,
pois "uma empresa que quer estar no setor do turismo de forma competitiva
hoje tem que estar em vários destinos. O turismo é um setor que cresce mas que
é bastante volátil e, portanto, quando existem problemas em alguns destinos, há
outros que podem crescer" Em resumo, acrescenta, "é preciso seguir
uma estratégia que é não pôr os ovos todos no mesmo cesto e estar presente em
vários mercados".
Por
outro lado, o facto de a marca ser conhecida em Londres, Berlim, Brasil ou Estados
Unidos pode captar mais clientes para os hotéis em Portugal e ajudar o turismo
nacional. O Grupo Pestana quer, a curto e médio prazo, aumentar a aposta em
Espanha, pois atualmente só tem a unidade em Barcelona e Madrid é um objetivo,
em Amesterdão e ter mais hotéis nos Estados Unidos, nomeadamente em Nova
Iorque.
Quanto
à relação com a Caixa Geral de Depósitos, José Theotónio sublinha que o banco
"sempre foi um parceiro de negócio que ajudou e tem vindo a ajudar ao
longo dos anos, é importante em alguns projetos onde foi financiador, e foi
também muito importante quando houve esta crise de 2009, quando a maioria da
banca estrangeira ou saiu de Portugal ou reduziu o crédito às empresas
portuguesas e a Caixa Geral de Depósitos esteve sempre presente" (DinheiroVivo)