terça-feira, novembro 04, 2014

O modelo de transporte Marítimo para a RAM (por Paulo Farinha)



“A maior parte da carga perecível é proveniente da Espanha transportada em trailers (atrelados frigoríficos de 45 pés) que chega a Lisboa e Porto para serem transbordados para contentores frigoríficos de 40 pés, e serem transportados em navios porta contentores dada a inexistência de ferry para a Madeira.
Capacidades em metros cúbicos
Trailer (atrelado) frigorífico 45 pés, 90m3
Contentor frigorífico 40 pés, 68m3
Acontece que os trailers de 45 pés transportam 26 paletes estandardizadas com as dimensões 1200 mm X 800 mm.
Os contentores frigoríficos transportam 21 paletes estandardizadas com as dimensões 1200 mm X 800 mm, aqui reside os problemas de logística.
A carga total em 26 paletes de um atrelado de 45’ não cabe num contentor de 40’, ficando de fora 5 paletes que serão carregadas noutro contentor ou serão encaminhadas para armazém com custos inerentes, trata-se de carga perecível e terão que ser guardadas em instalação de frio, até ao próximo transporte.
Mas se existisse um serviço ferry entre a Madeira e o Continente esta discrepância não existiria, aliás, um atrelado vindo da Europa em particular da Espanha embarcaria no ferry com destino à Madeira, sempre seguido, “trigo limpo”.
O transbordo de mercadoria perecível tem o inconveniente do atrelado e do contentor ficarem abertos à temperatura ambiente cerca de 40 minutos até o final da desconsolidação/consolidação, além do diferencial de temperatura que a mercadoria é exposta, com maior incidência no período de Verão, alterando a qualidade dos produtos, com custos acrescidos de máquina e mão-de-obra (estiva).
Duarte Rodrigues administrador do Grupo Sousa, presente na conferência “O modelo de transporte Marítimo para a RAM” que se realizou no Hotel Vida Mar no dia 31 de Outubro de 2014, destacou os meios verticais/horizontais que a OPM possui no Porto Comercial do Caniçal com elevados custos de manutenção e manuseamento que ficam parados quando não há movimento de porta contentores, consequência do pequeno mercado da Madeira. Eu reconheço essa realidade, agora, se existem ferrys que transportam carga rodada refrigerada sem recorrerem aos equipamento referidos, evidentemente que apoio na íntegra e com urgência a reactivação da linha marítima via ferry entre a Madeira e a Europa (Continente”, com operação de carga rodada incidindo em pleno no transporte de carga perecível, com preços mais económicos e mantendo a qualidade dos produtos perecíveis acondicionados em atrelados frigoríficos de 45 pés, expostos a um melhor controle de funcionamento e temperatura pelos técnicos do ferry em ambiente fechado nos decks do ferry.
Pelo contrário, o controle de funcionamento e temperatura dos contentores frigoríficos transportados em navios porta contentores expostos às intempéries marítimas, é muito mais difícil de efetuar em relação ao navio ferry.
Outra situação relevante que se passa com o transporte de carga perecível, os porta contentores nacionais que frequentam o Porto Comercial do Caniçal têm dimensões, tonelagem e velocidade reduzida em relação ao último ferry que operou na Madeira o “Volcan de Tijarafe” que além das dimensões e tonelagem muito superiores aos porta contentores referidos, está dotado de estabilizadores.
Os porta contentores nacionais não possuem estabilizadores.
Havendo dúvidas sobre a minha credibilidade acerca deste pertinente assunto da carga perecível no que concerne à estabilização dos navios que a transportam, vou-me referir com um argumento muito persuasivo.
Os moderníssimos, versáteis e rápidos (20 nós) Porta Contentores RO/RO “Bencomo” e “Bentago”, em 1982 e 1983, escalavam o Porto do Funchal na rota dos Portos de Tilbury e Rotterdam com os Portos canarianos de Las Palmas e Santa Cruz de Tenerife.
Cada navio com 2 portas laterais a estibordo equipadas com 2 elevadores monta cargas, com acesso às 3 cobertas de carga compostas por 10 compartimentos individuais comunicados entre si por portas corrediças, com capacidade para 2.700 paletes, dotados de controle de temperatura contínuo e independente entre +12 e -25ºC.
As portas serviam como rampas de carga para veículos e mercadoria paletizada, podendo operar em cada uma delas, 3 empilhadoras.
Cada navio podia transportar um total de 164 TEUS ( dos quais 32 frigoríficos ) Para reduzir o balanço, estavam equipados com estabilizadores de alheta.
Paulo Farinha, 3 de Novembro de 2014”