“A maior parte da carga perecível é proveniente da Espanha transportada
em trailers (atrelados frigoríficos de 45 pés) que chega a Lisboa e Porto para
serem transbordados para contentores frigoríficos de 40 pés, e serem
transportados em navios porta contentores dada a inexistência de ferry para a
Madeira.
Capacidades em metros cúbicos
Trailer (atrelado) frigorífico 45 pés, 90m3
Contentor frigorífico 40 pés, 68m3
Acontece que os trailers de 45 pés transportam 26 paletes
estandardizadas com as dimensões 1200 mm X 800 mm.
Os contentores frigoríficos transportam 21 paletes estandardizadas com
as dimensões 1200 mm X 800 mm, aqui reside os problemas de logística.
A carga total em 26 paletes de um atrelado de 45’ não cabe num contentor
de 40’, ficando de fora 5 paletes que serão carregadas noutro contentor ou
serão encaminhadas para armazém com custos inerentes, trata-se de carga
perecível e terão que ser guardadas em instalação de frio, até ao próximo transporte.
Mas se existisse um serviço ferry entre a Madeira e o Continente esta
discrepância não existiria, aliás, um atrelado vindo da Europa em particular da
Espanha embarcaria no ferry com destino à Madeira, sempre seguido, “trigo
limpo”.
O transbordo de mercadoria perecível tem o inconveniente do atrelado e
do contentor ficarem abertos à temperatura ambiente cerca de 40 minutos até o
final da desconsolidação/consolidação, além do diferencial de temperatura que a
mercadoria é exposta, com maior incidência no período de Verão, alterando a
qualidade dos produtos, com custos acrescidos de máquina e mão-de-obra
(estiva).
Duarte Rodrigues administrador do Grupo Sousa, presente na conferência
“O modelo de transporte Marítimo para a RAM” que se realizou no Hotel Vida Mar
no dia 31 de Outubro de 2014, destacou os meios verticais/horizontais que a OPM
possui no Porto Comercial do Caniçal com elevados custos de manutenção e
manuseamento que ficam parados quando não há movimento de porta contentores,
consequência do pequeno mercado da Madeira. Eu reconheço essa realidade, agora,
se existem ferrys que transportam carga rodada refrigerada sem recorrerem aos
equipamento referidos, evidentemente que apoio na íntegra e com urgência a
reactivação da linha marítima via ferry entre a Madeira e a Europa
(Continente”, com operação de carga rodada incidindo em pleno no transporte de
carga perecível, com preços mais económicos e mantendo a qualidade dos produtos
perecíveis acondicionados em atrelados frigoríficos de 45 pés, expostos a um
melhor controle de funcionamento e temperatura pelos técnicos do ferry em
ambiente fechado nos decks do ferry.
Pelo contrário, o controle de funcionamento e temperatura dos
contentores frigoríficos transportados em navios porta contentores expostos às
intempéries marítimas, é muito mais difícil de efetuar em relação ao navio
ferry.
Outra situação relevante que se passa com o transporte de carga
perecível, os porta contentores nacionais que frequentam o Porto Comercial do
Caniçal têm dimensões, tonelagem e velocidade reduzida em relação ao último
ferry que operou na Madeira o “Volcan de Tijarafe” que além das dimensões e
tonelagem muito superiores aos porta contentores referidos, está dotado de
estabilizadores.
Os porta contentores nacionais não possuem estabilizadores.
Havendo dúvidas sobre a minha credibilidade acerca deste pertinente
assunto da carga perecível no que concerne à estabilização dos navios que a
transportam, vou-me referir com um argumento muito persuasivo.
Os moderníssimos, versáteis e rápidos (20 nós) Porta Contentores RO/RO
“Bencomo” e “Bentago”, em 1982 e 1983, escalavam o Porto do Funchal na rota dos
Portos de Tilbury e Rotterdam com os Portos canarianos de Las Palmas e Santa
Cruz de Tenerife.
Cada navio com 2 portas laterais a estibordo equipadas com 2 elevadores
monta cargas, com acesso às 3 cobertas de carga compostas por 10 compartimentos
individuais comunicados entre si por portas corrediças, com capacidade para
2.700 paletes, dotados de controle de temperatura contínuo e independente entre
+12 e -25ºC.
As portas serviam como rampas de carga para veículos e mercadoria
paletizada, podendo operar em cada uma delas, 3 empilhadoras.
Cada navio podia transportar um total de 164 TEUS ( dos quais 32
frigoríficos ) Para reduzir o balanço, estavam equipados com estabilizadores de
alheta.
Paulo Farinha, 3 de Novembro de 2014”