Já
uma vez escrevi nesta minha coluna de opinião - e reafirmo-o hoje - que no
quadro de um novo ciclo que o PSD da Madeira inevitavelmente iniciará depois
das diretas e do Congresso de Janeiro de 2015, não estou disponível, no
imediato, para aceitar integrar qualquer órgão partidário, por entender que não
podemos pensar no futuro e pretender dar espaço de manobra ao líder que for
eleito, pressionando-o, ao invés disso, a manter as mesmas escolhas ou a
reduzir-lhe o seu espaço de decisão. Tenho contudo o dever, a obrigação, de
colaborar, caso seja esse a vontade do líder eleito, onde for considerado útil.
Não tenho o dever de lhe virar as costas, seja ele quem for. Não tenho o
direito de andar por aí armado em tonto, como se as fações internas,
constituídas sobretudo por derrotados, constituam uma mais-valia para um
partido sério.
Faço
parte da Comissão Política Regional do PSD da Madeira desde Dezembro de 1991 e
curiosamente, penso que salvo uma exceção, todos os agora candidatos já dela faziam
parte.
Não
tomei, porque não me sinto obrigado a isso, tal como qualquer dos militantes, a
tomar posições públicas de apoio seja a quem for, independentemente de terem
toda a legitimidade e o direito aqueles que o fizeram de forma diferente,
optando por assumir um compromisso público concreto com qualquer dos
candidatos. A liberdade é a mesma, para ambas as situações.
Este
novo ciclo partidário, que tem que ser construído com tranquilidade, mobilização,
solidariedade e respeito e tolerância internas, não se compadece com ajustes de
contas tardios e absurdos, com recusas de colaboração ou indisponibilidades. Na
política, quando fazemos uma escolha, isso quer dizer que temos um ideal e uma
opção ideológica definidas. Fazemos parte de uma família ideológica que tem o
dever de conhecer os seus adversários, porque ao longo destes 40 anos
percebemos facilmente onde estão e quem são. Não encontraremos solidariedade
nem apoio nesses. Desiludam-se os que pensam que vão transformar o barro em
ouro só porque se julgam filhos de um qualquer deus menor.
Odeio
o autoelogio. Lamento a falta de humildade. O PSD regional, mesmo nesse novo
ciclo, continuará a ter os mesmos adversários de sempre, do passado, porque os
partidos da oposição, os seus eleitores e as entidades que os têm apoiado ao
longo dos anos, estarão todos concentrados na derrota eleitoral dos
social-democratas, no mínimo a perda da maioria absoluta. É legítimo que pensem
assim, é lógico que o queiram.
Neste
contexto, lamento a agressividade, alguns ataques pessoais, uma certa falta de
coragem para assumir um passado político, com erros e virtudes, com sucessos e
fracassos, mas que não deixa mesmo assim de constituir um, património que marca
um ciclo que foi determinante para a Madeira, os madeirenses e a Autonomia.
Tenho
grande respeito pelos candidatos à liderança do PSD envolvidos na corrida
interna. Ao longo destes anos, e ressalvando o facto de a minha militância
datar de 1974, vi-os a todos em funções de destaque e responsabilidade, no
partido ou noutras frentes, pelo que tal como eu, não acredito que os
militantes e simpatizantes olhem para eles e passem uma esponja nesse tempo,
por muito incómodo que ele possa ser - e parece que é - para algumas
estratégias. Percebo, confesso, algumas razões para um certo radicalismo
discursivo exagerado. As recentes "primárias" no PS deviam ter
servido de lição, mas pelos vistos não foram.
O
PSD regional não vai morrer quando Alberto João Jardim abandonar a sua
liderança. Os militantes e os simpatizantes - e o PSD tem uma importante fatia
do eleitorado que não prescinde de uma fidelidade eleitoral intocável - têm
essa obrigação, preservar o partido, defendê-lo de tudo o que possam prejudicar
nesta fase de mudança.
Encaro
pois, com absoluta naturalidade o que se passa, esta disputa, um certo radicalismo
de opiniões. Mas esbarro no insulto, no ataque pessoal e rejeito a subversão do
que está realmente em causa e a negação de um passado-presente que deve
constituir património de cada um. Independentemente de discordâncias que agira
possam existir ou de erros que agora são apontados.
Neste
momento, o que mais desejo, é que tudo isto passe rapidamente, que os
militantes do PSD da Madeira acompanhem todo este processo, que oiçam as
pessoas, que reflitam sobre o modelo de partido que os candidatos desejam e que
escolham livremente, sem compromissos que manietam as consciências. As
“diretas” de 19 de Dezembro destinam-se a eleger um novo líder para o PSD
regional, que tenha uma visão nova para um partido que precisa de adaptar-se
aos novos tempos, que seja capaz de mobilizar a militância perdida ou aqueles
que se distanciaram – os mais de 7 mil pagamentos de quotas é um sinal de que
podemos fazer de positivo neste domínio. Sem um partido moderno, unido,
funcional, dotado de uma estrutura eficaz, que defina procedimentos internos
nos momentos de decisão, não há líder nenhum que ganhe seja o que for.