segunda-feira, setembro 23, 2013

Negócio da Controliveste marca passo



Escreve o Sol que a “reestruturação da Controlinveste ainda está envolta em dúvidas e incertezas. Entrada do empresário angolano António Mosquito no capital do grupo ainda não é dado adquirido. O negócio de reestruturação da Controlinveste está longe de estar fechado. E a entrada do empresário angolano António Mosquito no capital do grupo de media de Joaquim Oliveira ainda é uma incógnita. Ao que o SOL apurou, a proposta que está em cima da mesa das negociações não terá agradado a António Mosquito nem está a cair bem em Angola.
Mosquito com dúvidas sobre proposta dos bancos
O facto de o empresário angolano – indicado para participar no negócio pelo BCP, um dos maiores credores da Controlinveste – dever ficar com uma participação inferior à de Oliveira é um dos problemas. É que a proposta em discussão prevê que Mosquito fique com apenas 27% e Joaquim Oliveira com 29%. Isto, apesar de estar igualmente previsto que o angolano injecte cerca de dez milhões de euros no grupo. Outro ponto que não terá agradado ao empresário é o facto de haver a possibilidade de Luís Montez – accionista proposto pelo BES, outro grande credor, que deverá ficar com 14% – poder, através de um spin off, ficar com a rádio TSF, que é a única empresa do grupo com as contas equilibradas. Nesse cenário, Mosquito, BES e BCP (que entrarão assim no capital) ficariam com os títulos que mais problemas dão: DN e Jornal de Notícias, ambos em queda nas vendas e nas receitas publicitárias. De resto, é ainda incerto qual o futuro dos títulos detidos pela Controlinveste, que podem vir a ser vendidos separadamente depois de concluído o processo de reestruturação agora em negociação. Apenas se dá como certa a necessidade de uma operação de emagrecimento do quadro de pessoal do grupo – que conta com 700 colaboradores e que terá de reduzir substancialmente os encargos, que já estarão há vários meses a ser suportados directamente pelos bancos credores. Também ainda sujeito a discussão está o papel que a família Oliveira poderá ter na futura gestão. Joaquim Oliveira – que deverá suportar a operação com um aval pessoal de cerca de 60 milhões de dívida – deve ficar como chairman não executivo da Controlinveste. No entanto, o empresário terá manifestado a vontade de manter o filho, Rolando Oliveira, num cargo com funções executivas – algo que, ao que o SOL apurou, não é dado como garantido na proposta em análise.
Pode ser travada entrada do BCP no capital de grupo
O negócio que visa a reestruturação do grupo pretende converter parte da dívida em capital. Mas essa é uma das incógnitas do negócio já que não é clara a posição do BCP. "Falta saber como é que o BCP – sendo um banco intervencionado pelo Estado – pode ter participações num negócio que não faz parte do seu core business, como é o caso da comunicação social", aponta uma fonte do mercado conhecedora do processo. BES e BCP estão, no entanto, a dar prioridade ao processo. Em causa está uma dívida que já ascenderá a 230 milhões de euros e os dois bancos precisam de resolver o problema antes dos próximos testes de stresse à banca feitos pela Autoridade Bancária Europeia. Apesar das tentativas do SOL, não foi possível obter os comentários de António Mosquito, Luís Montez e Rolando Oliveira. BES e BCP também não estiveram disponíveis para prestar esclarecimentos”.