Escreve o Sol que a “reestruturação da Controlinveste
ainda está envolta em dúvidas e incertezas. Entrada do empresário angolano
António Mosquito no capital do grupo ainda não é dado adquirido. O negócio de
reestruturação da Controlinveste está longe de estar fechado. E a entrada do
empresário angolano António Mosquito no capital do grupo de media de Joaquim Oliveira
ainda é uma incógnita. Ao que o SOL apurou, a proposta que está em cima da mesa
das negociações não terá agradado a António Mosquito nem está a cair bem em
Angola.
Mosquito com dúvidas sobre proposta dos bancos
O facto de o empresário angolano – indicado para
participar no negócio pelo BCP, um dos maiores credores da Controlinveste –
dever ficar com uma participação inferior à de Oliveira é um dos problemas. É
que a proposta em discussão prevê que Mosquito fique com apenas 27% e Joaquim
Oliveira com 29%. Isto, apesar de estar igualmente previsto que o angolano
injecte cerca de dez milhões de euros no grupo. Outro ponto que não terá
agradado ao empresário é o facto de haver a possibilidade de Luís Montez –
accionista proposto pelo BES, outro grande credor, que deverá ficar com 14% –
poder, através de um spin off, ficar com a rádio TSF, que é a única empresa do
grupo com as contas equilibradas. Nesse cenário, Mosquito, BES e BCP (que
entrarão assim no capital) ficariam com os títulos que mais problemas dão: DN e
Jornal de Notícias, ambos em queda nas vendas e nas receitas publicitárias. De
resto, é ainda incerto qual o futuro dos títulos detidos pela Controlinveste, que
podem vir a ser vendidos separadamente depois de concluído o processo de reestruturação
agora em negociação. Apenas se dá como certa a necessidade de uma operação de
emagrecimento do quadro de pessoal do grupo – que conta com 700 colaboradores e
que terá de reduzir substancialmente os encargos, que já estarão há vários
meses a ser suportados directamente pelos bancos credores. Também ainda sujeito a discussão está o papel que a
família Oliveira poderá ter na futura gestão. Joaquim Oliveira – que deverá suportar
a operação com um aval pessoal de cerca de 60 milhões de dívida – deve ficar
como chairman não executivo da Controlinveste. No entanto, o empresário terá
manifestado a vontade de manter o filho, Rolando Oliveira, num cargo com
funções executivas – algo que, ao que o SOL apurou, não é dado como garantido
na proposta em análise.
Pode ser travada entrada do BCP no capital de grupo
O negócio que visa a reestruturação do grupo pretende
converter parte da dívida em capital. Mas essa é uma das incógnitas do negócio
já que não é clara a posição do BCP. "Falta saber como é que o BCP – sendo
um banco intervencionado pelo Estado – pode ter participações num negócio que
não faz parte do seu core business, como é o caso da comunicação social",
aponta uma fonte do mercado conhecedora do processo. BES e BCP estão, no
entanto, a dar prioridade ao processo. Em causa está uma dívida que já
ascenderá a 230 milhões de euros e os dois bancos precisam de resolver o
problema antes dos próximos testes de stresse à banca feitos pela Autoridade
Bancária Europeia. Apesar das tentativas do SOL, não foi possível obter os
comentários de António Mosquito, Luís Montez e Rolando Oliveira. BES e BCP
também não estiveram disponíveis para prestar esclarecimentos”.