Escreve o DN deLisboa que a Reuters prepara se para se
reorganizar. Profundamente. A agência de notícias com mais de 150 anos de
existência pretende, no prazo de cinco anos, reduzir despesas, mas sem
comprometer a produção editorial. De acordo com documentos internos a que o
site The Baron, composto por ex-funcionários da empresa, teve acesso, essa reestruturação
inclui a realocação de alguns serviços, o encerramento de outros a nível local
e a contratação de um serviço externo para a cobertura de eventos desportivos. Duas
centenas de trabalhadores da agência de notícias enfrentam o despedimento.
O mesmo portal online
fala ainda do despedimento de duas centenas de funcionários com “desempenho
fraco”, que se juntarão assim aos 195 que já tinham sido dispensados há dois
anos e que, na época, representaram 6,6% dos trabalhadores efetivos. Mais: os
postos que ficarem agora vagos poderão ser ocupados por “talentos de grande
calibre”, capazes de produzir “jornalismo de valor acrescido” a partir de
países que apresentem atualmente economias emergentes.
Conhecida
internamente como “Big Bang”, esta mudança foi um dos dois cenários
apresentados pela administração da Reuters a Andrew Rashbass, CEO da empresa
desde final de maio deste ano. Já a outra solução pensada parece ter ficado
posta de lado por acarretar riscos para a qualidade do serviço noticioso, uma
vez que não permitiria à empresa implementar qualquer alteração nos seus
departamentos, áreas de cobertura e localização geográfica de jornalistas. Este
foi anunciado como mais um passo para a modernização da empresa, que visa assim
“ser vir melhor os seus clientes”. Um princípio que, desde o seu nascimento,
esteve sempre presente no espírito da agência. Por exemplo, no início de 2000,
a Reuters tornou público um conjunto de iniciativas gerais criadas para
acelerar o uso das tecnologias web, abrir novos mercados e migrar os seus
principais negócios para um modelo baseado na Internet.
Subsidiária da
Thomson Reuters – fruto da fusão, em 2007, da canadiana Thomson Corporation com
a britânica Reuters por 8,7 mil milhões –, a empresa tem cerca de 14 mil
funcionários (entre os quais quase três mil jornalistas espalhados pelo mundo)
e produz notícias em quase duas dezenas de línguas, prolongando o espírito do
seu fundador, Paul Julius Reuter.
Agência com pombos-
correio
Foi este alemão, que
em jovem trabalhou em Paris, França, na então nova agência de Charles- Louis
Havas (que por sua vez viria a transformar- se na France-Presse) que fundou
aquela que hoje é uma das mais antigas e maiores empresas de comunicação do
mundo. Tudo começou em 1850 em Aachen, na Alemanha, onde Reuter, criado na fé
judaica e depois convertido ao cristianismo, utilizou pombos-correio para
transmitir mensagens entre aquela localidade independente da Alemanha e
Bruxelas. Em outubro de 1851, começaram a circular as primeiras informações do
mercado de ações entre Paris e a capital britânica, Londres, através do novo
cabo telegráfico Calais- Dover, considerando- se esse ano o da fundação da
agência. Apesar de alegar “integridade jornalística” e “imparcialidade”, nos
últimos anos, a Reuters tem sido acusada por norte-americanos conservadores e
de direita de ser mais liberal ou de esquerda. Fora dos EUA, já lhe foi
apontado o dedo por ser pró- britânica ou pró- americana.
Agência Lusa encerra
2013 com prejuízo
A agência de notícias
portuguesa também enfrenta uma reestruturação. Maioritaria - mente detida pelo
Estado (50,14 por cento), a Lusa tem- se batido, nos últimos meses, por cortes
no financiamento público, por despedimentos, pela redução na remuneração das
chefias e pelo fecho de delegações. Ainda assim, esta semana, o presidente do
Conselho de Administração da agência, Afonso Camões, afirmou à Comissão de
Trabalhadores (CT) que a Lusa vai fechar o ano de 2013 com prejuízo. No
comunicado enviado por aquele organismo, os trabalhadores entendem que “as
perspetivas são preocupantes”.
AFP é a agência mais
antiga do mundo
A Agence France-
Presse (AFP) é, ao lado da Associated Press (AP) e da Thomson Reuters, uma
das três maiores agências de notícias do mundo e a mais antiga de todas. Fundada
em 1835, tem sede em Paris e delegações regionais em Nicósia (Chipre),
Montevideu (Uruguai), Hong Kong (China) e Washington (EUA), bem como
escritórios em 150 países. Transmite notícias em português, francês, inglês,
árabe, espanhol e alemão.