Li no Dinheiro Vivo que em 2011, primeiro ano da intervenção da troika no país, as transferências sociais permitiram retirar da pobreza mais de 2,9 milhões de pessoas em Portugal, indicam dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), ontem divulgados. Sem o leque de apoios sociais existentes (pensões, subsídios, etc.) a taxa de risco de pobreza (linha a partir da qual as pessoas ficam abaixo do rendimento de subsistência) corresponderia a 45,4% da população em 2011, o número mais alto dos últimos anos. Esta proporção de excluídos corresponde a quase 4,8 milhões de pessoas, também uma cifra recorde, bem acima dos 42,5% registados no ano precedente. Mas a existência desse Estado social, que o Governo pretende reformar e emagrecer no acordo que fez com a troika (vai tentar fazer cortes permanentes de 4,7 mil milhões de euros em três anos), tem salvo cada vez mais gente da pobreza e exclusão, permitindo uma subida do rendimento disponível e das condições de vida a mais de 2,9 milhões de indivíduos. Assim, apesar do aumento brutal do desemprego, dos cortes a fundo em muitas prestações sociais e do maior aperto das condições de atribuição desde 2010 e com especial incidência em 2011, o INE revela que 17,9% da população portuguesa (quase 1,8 milhões de pessoas) era 'oficialmente' pobre, menos uma décima do que no inquérito anterior, que apontava para 18%. "O limiar de pobreza registou um decréscimo nominal de 1% em 2011, segundo os resultados do Inquérito às Condições de Vida e Rendimento (EU-SILC) realizado em 2012, observando-se uma taxa de pobreza de 17,9%, valor próximo do estimado para os dois anos anteriores", escreve o INE. As pensões também ganharam alguma eficácia no combate à exclusão: depois de pagas, a taxa de pobreza correspondente caiu ligeiramente de 25,4% em 2010 para 25,2% em 2011.
O INE considera que está no limiar da pobreza que ganhava cerca de 456,6 euros por mês em 2011 (a preços de 2009). O rendimento anualizado era assim de 5473 euros, também a preços de 2009. Apesar da pobreza oficial ter recuado ou, pelo menos, estabilizado, a desigualdade na distribuição dos rendimentos (a distância entre os mais ricos e os mais pobres) está a aprofundar-se em Portugal. O índice de Gini aumentou de 34,2% em 2010 para 34,5%. O INE mostra ainda que as crianças estão mais expostas à pobreza. A sua presença nos agregados familiares agrava a intensidade do fenómeno. Em lares com menores a cargo, mesmo com a intervenção do Estado social, a pobreza sobe de 20,1% da população para 20,4%. O estudo, conduzido em meados de 2011 junto de 7187 famílias (das quais 6257 responderam de forma completa), prova ainda que os sinais de pobreza estão a alastrar, estando a contaminar mesmo aqueles que não se podem dizer oficialmente pobres.
Por exemplo, as taxas de privação material - que medem o peso relativo das pessoas que sofreram três a nove sinais de privação (não conseguiram fazer face a despesas inesperadas, não tiveram dinheiro para férias em família, atrasaram-se nos pagamentos de rendas e outras despesas correntes, não tiveram dinheiro para uma refeição de carne ou peixe de dois em dois dias, pelo menos) - também estão a subir bastante. Segundo o INE, 21,8% da população experimentou pelo menos três dessas dificuldades. Cerca de 8,6% sofreu quatro ou mais desses tipos de privação, isto é, estava numa situação que o instituto classifica como “privação material severa”.
O INE considera que está no limiar da pobreza que ganhava cerca de 456,6 euros por mês em 2011 (a preços de 2009). O rendimento anualizado era assim de 5473 euros, também a preços de 2009. Apesar da pobreza oficial ter recuado ou, pelo menos, estabilizado, a desigualdade na distribuição dos rendimentos (a distância entre os mais ricos e os mais pobres) está a aprofundar-se em Portugal. O índice de Gini aumentou de 34,2% em 2010 para 34,5%. O INE mostra ainda que as crianças estão mais expostas à pobreza. A sua presença nos agregados familiares agrava a intensidade do fenómeno. Em lares com menores a cargo, mesmo com a intervenção do Estado social, a pobreza sobe de 20,1% da população para 20,4%. O estudo, conduzido em meados de 2011 junto de 7187 famílias (das quais 6257 responderam de forma completa), prova ainda que os sinais de pobreza estão a alastrar, estando a contaminar mesmo aqueles que não se podem dizer oficialmente pobres.
Por exemplo, as taxas de privação material - que medem o peso relativo das pessoas que sofreram três a nove sinais de privação (não conseguiram fazer face a despesas inesperadas, não tiveram dinheiro para férias em família, atrasaram-se nos pagamentos de rendas e outras despesas correntes, não tiveram dinheiro para uma refeição de carne ou peixe de dois em dois dias, pelo menos) - também estão a subir bastante. Segundo o INE, 21,8% da população experimentou pelo menos três dessas dificuldades. Cerca de 8,6% sofreu quatro ou mais desses tipos de privação, isto é, estava numa situação que o instituto classifica como “privação material severa”.